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Artigo de Dilma Rousseff
Sergio Besserman
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Em frente ao meu prédio, na alameda Lorena, Jardim Paulista, tem um buraco bem no meio da rua que está completando seu primeiro mês de vida. É um buraco comum, de dimensões até modestas, se comparado aos milhares que as chuvas abriram transformando a vida dos motoristas paulistanos numa verdadeira gincana.
Os vizinhos já o cercaram com cones e cavaletes, que logo foram destruídos, enfiaram nele galhos de árvores para alertar quem passa, ligaram para variados orgãos públicos, mas ele resiste bravamente, apesar de de ter ficado famoso na semana passada, quando virou personagem da matéria de capa da Veja São Paulo, a popular Vejinha, sobre os buracos da cidade.
O nosso buraco de estimação mereceu até o destaque de uma foto colorida, o que nos deu a esperança de que, no dia seguinte, apareceriam rapidamente homens e máquinas dos poderes públicos responsáveis para acabar com aquele novo símbolo de São Paulo. Nada.
Devem estar esperando algum acidente mais grave acontecer para tomar alguma providência. Ou será que ninguém na Prefeitura lê a Vejinha, nenhum funcionário passa de vez em quando pela alameda Lorena por terra, preferindo se locomover apenas por helicópteros?
O dia todo, noite adentro, é aquela sinfonia de carros brecando e buzinando, uma beleza. A longevidade do buraco já fez com que ele se incorporasse à paisagem, como se fosse apenas um acidente da natureza. A Vejinha fez as contas: em 2009, a cada minuto a prefeitura tapou um buraco como este, num total de 691 mil, ao longo dos 17 mil quilômetros de ruas e avenidas da cidade, por onde circulam 3,5 milhões de carros, 230 mil caminhões e 15 mil ônibus.
Não se sabe exatamente quantos permanecem abertos, mas a revista informa que cerca de 308 quilômetros de ruas e avenidas precisam de recapeamento – apenas um em cada dez quilômetros não tinha buracos. Na semana passada, somente 90,5 quilômetrros estavam sendo recapeados pelas máquinas da prefeitura.
O queijo suiço do asfalto paulistano é apenas um dos sinais de uma cidade que dá a impressão de ter sido abandonada à própria sorte, depois das tempestades do último verão,como se pode ver pelo mato crescendo por toda parte, os relógios eletrônicos desligados há meses, pichações se espalhando em ritmo frenético, áreas alagadas e congestionamentos monumentais a cada chuva mais forte.
O prefeito sumiu? Depois da bem sucedida campanha da Cidade Limpa, carro-chefe da administração que lhe garantiu a reeleição em 2008, o são-paulino boa gente Gilberto Kassab, que desapareceu do noticiário e das ruas, agora corre o risco de não reconhecer São Paulo no dia em que deixar o helicóptero parado e voltar a circular de automóvel. Melhor ainda, se voltar a andar a pé para ver o estado em que se encontram as nossas calçadas
Bom domingo a todos.
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