Enio Squeff demorou um pouco para descobrir a verdadeira vocação. Mas, assim que a pintura entrou de vez em sua vida, ele não parou mais. O passado de jornalista e crítico musical ficou para trás, com boas lembranças daqueles tempos, mas nenhum saudosismo.
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Na terça-feira (18), Squeff inaugurou a sua mais nova exposição, no espaço PontoArt, na Vila Madalena, em São Paulo. Óleo, xilogravuras, desenhos e aquarelas, que fica aberta ao público até o dia 19 de junho, é uma exposição de “câmara”, como definiu o artista.
“Batizei com esse nome, por causa da música de câmara, que é uma apresentação com poucos músicos e em salas menores, mais intimistas. A exposição é isso e não tem outra pretensão senão mostrar os trabalhos que fiz ao longo dos últimos anos, no meu cotidiano”, explica Squeff. As obras da nova exposição trazem de naturezas mortas a paisagens até uma bela pintura de Dom Quixote.
Mas, para chegar ao número de quase 20 mostras individuais, o artista nascido em Porto Alegre percorreu um longo caminho. O sonho era ser músico e professor de música, mas os tempos difíceis de ditadura militar impediram o então marxista de lecionar na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Squeff decidiu então ingressar na carreira de jornalista, enquanto estudava música por conta própria. Em mais de 20 anos de batente, ele foi repórter, crítico musical e editorialista, passando pelas grandes redações do País, como Veja, Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, lugar no qual começou a descobrir o talento para o desenho e a pintura.
“Era editorialista da Folha na década de 1980 e, um belo dia, depois de ver alguns rabiscos meus, o velho Frias disse ‘você desenha muito bem, rapaz. Não quer começar a ilustrar a página 2 do jornal?’. Eu topei.”, relembra Squeff. Assim, acumulou por algum tempo as funções de ilustrador e editorialista, que o fez adotar uma assinatura diferente para os desenhos: J.A., as iniciais dos primeiros nomes (Jorge Arizio).
A vida de jornalista prosseguiu com a revista Pau Brasil, que Squeff criou junto com Jorge Caldeira. A publicação era ligada ao Governo do Estado de São Paulo, então comandado por Franco Montoro. Os poucos recursos de que dispunham não davam condições para a compra de imagens, o que obrigava os jornalistas a se virarem com as ilustrações das matérias.
Os bicos de pena que Squeff fazia para ilustrar textos opinativos da revista chamaram a atenção da Riográfica, hoje Editora Globo. Ele foi chamado para fazer as capas da coleção Grandes Nomes da Literatura Internacional e, a partir daí, foi se encaminhando para as artes plásticas.
Por certo tempo, o dia a dia foi dividido na assessoria de imprensa da CETESB e nas pinturas em casa. Em 1989, decidiu dedicar-se completamente às artes plásticas e montou o primeiro ateliê, na garagem de um amigo. Estudou muito e de tudo: técnicas, materiais, estilos e até aprendeu a fazer tinta (um dos quadros da nova exposição é feito com tintas produzidas por Squeff).
Hoje, Squeff está muito feliz com a vida de artista, apesar de os velhos companheiros de jornalismo e crítica musical não aceitarem tão bem a “nova” carreira. “Até hoje, quando encontro esse pessoal, eles perguntam se não vou voltar ao jornalismo, à crítica musical”, conta. Depois desse longo caminho até a descoberta da paixão, Enio Squeff segue sua trajetória de artista, um produtivo e trabalhador artista, que ama o que faz.
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