Há algumas décadas, quando se intensificou o êxodo de jogadores vindos de todos os cantos do planeta para as mais fortes ligas da Europa, temeu-se que esse seria o fim da formação de jogadores no velho continente. Os grandes clubes da Europa miraram os olhos e os cofres para a América do Sul a partir do final de década de 1990, e também para o continente africano, mais recentemente. Assim, as equipes passaram a ser cada vez mais “estrangeiras”. [nggallery id=14274] No dia 22 de maio deste ano, na decisão da Liga dos Campeões da Europa, a Inter de Milão se tornou a primeira equipe da história a vencer o torneio com 11 jogadores “estrangeiros” durante praticamente toda a partida. Marco Materazzi foi o único italiano a pisar em campo, já nos acréscimos da vitória por 2 a 0 sobre o Bayern de Munique, no estádio Santiago Bernabéu, em Madri.Depois de alguns anos, o fenômeno da maciça presença de “estrangeiros” no futebol europeu acabou beneficiando o continente. Em vez de os grandes clubes terem focado os investimentos exclusivamente em contratações vindas do exterior, houve também uma conscientização de que, se o trabalho de base não fosse aprimorado, os jogadores locais, ou seja, que atuam nas seleções nacionais, continuariam perdendo espaço em suas equipes para os estrangeiros. Assim, as seleções continuariam pobres em qualidade.A prova de que os clubes formaram bons jogadores nas últimas décadas está nas fortes seleções de Alemanha, Inglaterra e Itália, sempre candidatas ao título.A Alemanha, três vezes campeã do mundo, sempre teve uma tradição e maior incentivo aos jogadores locais. Todas as grandes equipes do futebol bávaro contam com não alemães, porém, os filhos da terra também existem em abundância nos clubes locais. Dos 23 convocados por Joachim Low, apenas Jerome Boateng não atua no futebol alemão. Quer dizer, até ontem atuava no Hamburgo, mas definiu negociação com o Manchester City, clube inglês no qual vai jogar depois da Copa da África do Sul.Falando em Inglaterra, a terra da rainha era a mais fechada para os “aventureiros do futebol”. As regras impostas para impedir a entrada de estrangeiros são muitas, mas não impossibilitam que eles dominem o país onde o futebol foi inventado. Até os brasileiros, que antes eram vistos com certa desconfiança por lá, começam a ter seu espaço. Mas para manter a força da seleção campeã do mundo em 1966, muito foi investido. Jovens craques, como Wayne Rooney e Theo Walcott (que jogou em 2006, mas não estará na África do Sul), são uma prova disso. O italiano Fabio Capello, treinador do English Team, montou uma equipe 100% british para a disputa do mundial africano. Uma séria candidata ao título, aliás.Com toda certeza, uma das ligas nacionais mais competitivas do planeta é a italiana. Grande parte dessa força se deve à intensa presença de jogadores vindos dos quatro cantos do planeta para integrar as equipes nacionais, que teve seu auge no final da década de 1980 e início da década de 1990. Mesmo com a forte concorrência, a Itália conseguiu montar uma excelente equipe na Copa do Mundo de 2006, somente com jogadores de clubes italianos, e abocanhou o tetracampeonato. Em 2010, mais uma vez o elenco é totalmente formado por jogadores da liga nacional. A geração do tetra, no entanto, está envelhecida e disputa sua última Copa do Mundo. Poucos jogadores devem vir para o Brasil em 2014 e, até agora, não há perspectiva de que haja uma reformulação à altura na Azzurra.Outra seleção que merece ser exaltada pelo trabalho de base que vem fazendo nos últimos anos é a Espanha. A Fúria chega à África do Sul como a grande favorita ao título, ao lado do Brasil. Com duas das equipes mais ricas do futebol mundial, o Barcelona e o Real Madrid, a liga espanhola é a que mais importa jogadores estrangeiros. Mesmo assim, o trabalho feito em longo prazo começou a dar resultado e a Espanha conseguiu montar o que é apontado por muitos como o melhor time do país em todos os tempos. Apenas o goleiro Reina e o atacante Fernando Torres, ambos do inglês Liverpool, e Fabregas, que também joga na Inglaterra, no Arsenal, não fazem mais parte do futebol espanhol.No entanto, foram revelados na Espanha. Reina começou no Barcelona e passou por Villarreal antes de ir para o Liverpool, enquanto Fernando Torres foi para a terra dos Beatles somente em 2007, depois de ótimas temporadas no Atlético de Madri, clube que o revelou. Já Cesc Fabregas começou ao lado de Messi, Xavi e Iniesta nas canteras do Barcelona, que, aliás, tenta repatriá-lo para integrar novamente a poderosa linha de frente do clube catalão.
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