Médicos utilizam terapia genética para tratamento da AIDS

Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, desenvolveram uma nova terapia que tem grande potencial para melhorar o tratamento de pacientes portadores de HIV. A terapia genética consiste em “melhorar” o sistema imunológico dos pacientes, protegendo-os assim da ação do vírus da AIDS. Com isso, o que se prevê é que pacientes não precisem mais tomar medicamentos diários para controlar a infecção.   

O estudo foi publicado na revista científica New England Journal of Medicine e sugere que a técnica é segura. O método consistiu em retirar os glóbulos brancos, que são as células responsáveis pelo combate a infecções, e reinjetá-los após passarem por um tratamento que deram a eles resistência ao HIV. 

A pesquisa parte do pressuposto de uma rara mutação genética que certas pessoas apresentam e que os protegem do HIV. Esta mutação, segundo os cientistas, altera a estrutura das células-T, que compõem o sistema imunológico, fazendo com que os vírus não consigam entrar nas células e se multiplicar. 

A primeira e até então a única pessoa a ser curada foi o americano Timothy Ray Brown. Foi em 2010 quando pesquisadores da Universidade de Medicina de Berlim anunciaram ter curado Brown da doença. O tratamento utilizou células-tronco adultas retiradas da medula óssea de um doador que era imune ao vírus devido a mutação genética. Mais de três anos depois do procedimento, não foram detectados sinais do vírus no corpo de Brown. 

Agora os pesquisadores americanos estão adaptando os próprios sistemas imunológicos dos pacientes para dar a eles a mesma defesa. Milhões de células-T foram tiradas do sangue e cultivadas em laboratório até que os médicos tivessem bilhões de células com as quais pudessem trabalhar. 

A equipe de cientistas alterou então o DNA dentro das células-T para dar a elas a mutação protetora. Quando os pacientes tiveram a medicação suspensa por quatro semanas, o número de células-T não protegidas ainda no corpo caiu dramaticamente, enquanto as células-T modificadas pareciam estar protegidas e ainda poderiam ser encontradas no sangue vários meses depois. 

A experiência foi desenvolvida para testar apenas a segurança e a possibilidade de utilização do método, e não se ele poderia substituir o tratamento mais comum no longo prazo. Segundo o diretor do Laboratório de Produção de Vacinas e de Células Clínicas da Universidade da Pensilvânia, Bruce Levine, a tecnologia desenvolvida para tratar o HIV mostra que ela é segura e praticável e consiste em uma evolução no tratamento do HIV a partir da terapia antirretroviral diária. 


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