O paraquedista que evitou um banho de sangue

O capitão Sérgio
O capitão Sérgio em expedição

 O senhor tem quatro medalhas por bravura, não tem?, perguntou o brigadeiro João Paulo Moreira Burnier, chefe de gabinete do ministro da Aeronáutica, Márcio de Souza Mello, na quarta-feira 12 de junho de 1968, no 11º andar da avenida Churchill, 157, no Rio de Janeiro, onde funcionava o Ministério da Aeronáutica.

– “Sim”, respondeu o subordinado, o capitão paraquedista Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho.

– “Pois a quinta quem vai colocar no seu peito sou eu”, avisou o brigadeiro, antes de emendar uma segunda pergunta. “Capitão, se o gasômetro da avenida Brasil explodir às seis horas da tarde, quantas pessoas morrem?”

– “Nessa hora de movimento, umas 100 mil pessoas” – respondeu o capitão Sérgio, trabalhando com a hipótese de uma catástrofe.

– “É, vale a pena para livrar o Brasil do comunismo” – concluiu o brigadeiro.

Com seis mil horas de voo e quase 900 saltos em missão, o capitão Sérgio era um dos mais qualificados homens do Para-Sar, unidade de elite da Força Aérea Brasileira (FAB), formada por paraquedistas especializados em busca e salvamento em condições inóspitas. Entre os colegas de farda, muitos o chamavam pelo apelido de Sérgio Macaco. Entre os índios da Amazônia, ele era mais conhecido como “Nambigua caraíba” (Homem branco amigo). “O Capitão Sérgio nos faz lembrar Rondon, com uma vantagem. É alado”, resumiu certa vez o sertanista Orlando Villas-Bôas, comparando o paraquedista com o marechal Cândido Rondon, que desbravou o interior brasileiro e inspirou a criação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Mas, na quarta-feira 12 de junho de 1968, o que estava em jogo no encontro entre o brigadeiro Burnier e o capitão Sérgio não tinha nenhum vínculo com as missões humanitárias do Para-Sar. Prestes a completar 38 anos, o capitão havia sido convocado pelo superior para ser submetido a uma mescla de doutrinamento e humilhação.

Relatório escrito pelo capitão Sérgio, em 1968, para a FAB
Relatório escrito pelo capitão Sérgio, em 1968, para a FAB

No encontro, realizado na presença do brigadeiro Hipólito da Costa, Burnier começou a falar de um plano definitivo para acabar com “o perigo comunista” no Brasil. O capitão Sérgio tentou argumentar: “Nós temos um governo militar, o presidente é o marechal Costa e Silva…”. Burnier interrompeu o subalterno: “Costa e Silva, não. Bosta e Silva”. Em seguida, dirigindo-se ao colega de patente, arrematou: “Olha, Hipólito, o Sérgio virou filho de Maria, bichona. E continua fazendo comentários, doutrinando contra o emprego, por nós previsto, do Para-Sar”. O brigadeiro se referia à queixa feita pelo capitão Sérgio ao comandante da Escola da Aeronáutica, contra o uso de 15 homens do Para-Sar em uma operação ilegal, no dia 4 de abril daquele ano. Divididos em grupos, esses homens foram instruídos a identificar e eliminar quem, de prédios, atirasse objetos contra os agentes da repressão.

Naquele dia, foi celebrada na Igreja da Candelária uma missa em memória do secundarista Edson Luís, morto pela polícia da ditadura na semana anterior, durante a invasão do restaurante estudantil Calabouço, no centro do Rio. Depois da missa, os homens do Para-Sar ficaram nos lugares para os quais foram destacados. Estavam em missão contrária às que os tornaram conhecidos como Anjos do Espaço. Sem farda nem identificação, carregavam armas automáticas com numeração raspada. Na prática, eles pouco atuaram. Apenas um grupo chegou a invadir um prédio da avenida 13 de Maio, de onde teria sido atirado um saco plástico com água. Lá, os anjos travestidos de repressores tentaram interditar um andar, justamente o que servia de sede para o Conselho Nacional do Petróleo. Acabaram enxotados pelos generais e coronéis que comandavam o órgão. Na ocasião, o capitão Sérgio estava de férias, em Manaus.

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Em família

Ao voltar para o Rio e tomar conhecimento da operação ilegal, ele reclamou contra o uso irregular da unidade que ajudara a fundar. Passadas poucas semanas, foi convocado por rádio por Burnier, que anunciou sua disposição em premiar o subalterno com uma quinta medalha por bravura, mas não deu espaço para questionamentos. Diante das primeiras objeções do capitão Sérgio, dispensou o subalterno, marcando uma reunião com todos os integrantes do Para-Sar para daí a dois dias: “Todos. Cabos, sargentos, oficiais, e, se tiver cachorro naquela merda, traga também”. Como a hierarquia prevalece nos meios militares, às13hs da sexta-feira 14 de junho, 36 dos 41 homens do Para-Sar (cinco estavam viajando) se encontravam no 11º andar do prédio do Ministério da Aeronáutica, quando Burnier começou sua preleção:

– “Para salvar, é preciso saber matar. A mão não deve tremer. Deve-se 0sentir gosto de sangue na boca. Para cumprir missões de morte na guerra, é preciso saber matar na paz.”

Na sequência, Burnier explicou em detalhes a série de atentados que promoveria, colocando como autores “os comunistas”. Para começar, aconteceriam explosões “com número reduzido de vítimas fatais” em alvos específicos: a loja de departamento Sears, o Citibank e a embaixada americana. A escalada do terror atingiria o auge às 18hs de data posterior, com a explosão do gasômetro e a destruição da represa de Ribeirão das Lages, parte do sistema de geração de energia elétrica do Rio. Enquanto a escuridão, o pânico e o caos tomassem conta da cidade, 40 “figuras políticas que deveriam já estar mortas” seriam lançadas de avião no oceano, a começar por Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, dom Hélder Câmara e o general Olympio Mourão Filho. A inclusão do general entre os alvos devia-se ao fato de ele ter se tornado um crítico do regime, embora tivesse precipitado o golpe de 1964, ao despachar suas tropas de Juiz de Fora para o Rio de Janeiro. Burnier, é claro, não precisou dar essa explicação aos seus comandados. Foi direto: “Ordens dessa natureza não comportam perguntas nem dúvidas. Cumprem-se, sem comentários posteriores”.

Pelo raciocínio de Burnier, a sequência de terror – creditada aos “comunistas” – provocaria tal impacto no chamado “mundo livre” que o Brasil se tornaria beneficiário de um “super Plano Marshall”. Assim, uma ajuda econômica similar à investida pelos Estados Unidos para reconstruir a Europa destroçada pela Segunda Guerra Mundial injetaria dólares em profusão no País, que alcançaria quase de imediato “padrão europeu”. Ao terminar a preleção para a equipe do Para-Sar, o brigadeiro começou a perguntar a cada oficial se estava de acordo com sua estratégia. Começou questionando aqueles de sua confiança. Depois de quatro respostas positivas, perguntou: “E o senhor, capitão Sérgio?”. O clima da reunião, que já estava pesado, ficou ainda mais tenso. “Enquanto eu estiver vivo, isso não acontecerá”, respondeu o capitão. Aos gritos, Burnier mandou o subalterno calar a boca. Na sequência, saiu da sala, acompanhado pelos quatro oficiais que haviam apoiado o plano de espalhar o terror pelas ruas do Rio.

O Brigadeiro Eduardo Gomes pede ao presidente Geisel que faça justiça e chama Burnier de "insano mental"
O Brigadeiro Eduardo Gomes pede ao presidente Geisel que faça justiça e chama Burnier de “insano mental”

Sem saber se Burnier tinha abandonado a reunião ou saíra em busca de reforço, o capitão Sérgio tentou, de imediato, denunciar o plano ao ministro da Aeronáutica. Barrado na ante-sala, recorreu ao brigadeiro Délio Jardim de Matos, de quem havia sido assessor. Diante da gravidade da denúncia, Jardim de Matos apelou para um ícone da Força – o brigadeiro Eduardo Gomes, patrono da Aeronáutica, que tinha sido ministro nos governos Café Filho e Castelo Branco. No dia 19 de julho, em um dos relatórios que escreveu sobre o episódio, o capitão Sérgio registrou estar ciente de que, com a sua atitude, sofreria “todo o peso dos galões do senhor brigadeiro Burnier daí por diante”. Foi a mais pura realidade. Entre os oficiais do Para-Sar, o único a se perfilar abertamente ao lado do denunciante foi o capitão médico Rubens Marques dos Santos, o Doc, de Doctor. Hoje com 81 anos, tenente-coronel da reserva, Doc mantém a posição. “Para mim, o Sérgio foi um herói. Se não fosse ele, teria acontecido uma tragédia no Brasil”, afirma Doc. “Dos oficiais do Para-Sar, fui o único que o apoiou, mas, no âmbito dos subalternos, houve muitos outros.”

Além de amigos, os dois oficiais eram referência na unidade de elite, até pela coragem em missões solitárias. Poucos anos antes da reunião com Burnier, o capitão Sérgio tinha conseguido impedir um conflito entre os índios txucarramães, jurunas e kaiabis, ao saltar de paraquedas entre os guerreiros, no Xingu. Doc, por sua vez, chegou a saltar no meio do oceano, para socorrer o capitão de um navio mercante grego, que tivera um fechamento do duodeno, quando atravessava o Atlântico com um carregamento de frutas embarcado na Argentina. Atos humanitários, de pouco valor diante do peso dos galões de Burnier. Principal líder da Revolta de Aragarças, contra o governo Juscelino Kubitschek, Burnier radicalizou ainda mais suas posições depois de 1963, quando fez cursos na Escola das Américas, uma academia militar mantida pelos Estados Unidos no Panamá. “Apesar de não ser o mais graduado, ele tinha o ministério da Aeronáutica na mão. Dizia que, se batesse o pé no chão, os outros brigadeiros sairiam correndo”, lembra Doc. “Era um homem autoritário. Já o Sérgio era um líder natural, sem radicações ideológicas, bastante compenetrado.”

Desde 1948, quando entrou na Escola da Aeronáutica, no Campo dos Afonsos, no Rio, o futuro capitão Sérgio tinha paixão por voar. Também adorava basquete e, não por acaso, formou-se em Educação Física. No Campo dos Afonsos, dava cursos de sobrevivência, mesmo depois da criação do Para-Sar. “Ele era um excelente instrutor, um entusiasta. Vibrava com a FAB”, afirma Ronaldo Jenkins, diretor da Associação Brasileira de Empresas Aéreas, ao recordar seus tempos de cadete da Aeronáutica. Com a atenção voltada para o paraquedismo e o trabalho de sertanistas como o médico Noel Nutels e os irmãos Villas-Bôas, o capitão Sérgio pouco se envolvia com política. Como outros oficiais da época, apoiou o golpe de 1964, mas não mudou a rotina depois do dia 1º de abril, quando os militares tomaram, de fato, o poder. Passava longas temporadas em missão na Amazônia. Depois que derrubou a ordem de matar do brigadeiro Burnier, sua vida virou um tormento.

Doc, o oficial médico que apoiou o capitão Sérgio, também sentiu o peso dos galões de Burnier, ao ser transferido para Campo Grande (MS). “Foi um castigo. Naquela época, Campo Grande era o fim do mundo”, lembra Doc, que continuou vivendo na cidade ao terminar seu tempo na Força Aérea. “Sofri, mas fiquei caladinho, senão teriam me cassado também. O Sérgio procurou sobreviver, mas, para ele, foi muito mais difícil. Eu tinha muitas cartas dele, que escrevia muito bem, mas queimei com medo de me comprometer.” Em 1968, enquanto Doc era transferido para Campo Grande, o capitão Sérgio foi mandado para Recife (PE). Em uma inversão de valores, o homem que impediu que o terror se espalhasse pelo Rio passou 25 dias preso e respondeu a três inquéritos sigilosos em 1968: na FAB, no Serviço Nacional de Informações (SNI) e no Ministério da Justiça. Foi absolvido em todos.

Antonio Raymundo, avô do capitão Sérgio, é o primeiro à direita do grupo mandado para Cucuí (AM), por fazer oposição ao marechal Floriano Peixoto. O abolicionista José do Patrocínio também integrava o grupo
Antonio Raymundo, avô do capitão Sérgio, é o primeiro à direita do grupo mandado para Cucuí (AM), por fazer oposição ao marechal Floriano Peixoto. O abolicionista José do Patrocínio também integrava o grupo

Absolver o capitão Sérgio significava também sofrer as consequências por entrar em rota de colisão com Burnier. O brigadeiro Itamar Rocha, responsável pela investigação da FAB, concluiu pela veracidade da denúncia após interrogar os 40 homens do Para-Sar e 36 deles confirmarem o relato do capitão Sérgio. Depois de entregar seu veredito ao ministro da Aeronáutica, o brigadeiro Rocha foi exonerado do cargo de diretor de Rotas Aéreas do ministério e condenado a dois dias de prisão domiciliar. O capitão Sérgio, apesar das três absolvições, acabou cassado e reformado em setembro de 1969, com base no AI-5 (Ato Institucional número 5), que deu poderes extraordinários ao presidente da República e suspendeu garantias constitucionais. Ainda assim, no ano seguinte, ele foi mais uma vez absolvido – por 15 a zero – pelo Supremo Tribunal Militar, em processo no qual era acusado de falsidade ideológica.

Burnier morreu em junho de 2000, aos 81 anos, negando que tivesse planejado explodir o gasômetro do Rio, dinamitar uma represa e jogar no mar 40 líderes políticos. Garantia que tudo não passava de invencionice do capitão Sérgio. Mesmo depois do episódio, conhecido como Caso Para-Sar, o brigadeiro continuou mandando e desmandando por pelo menos três anos. Só foi colocado – de forma compulsória – na reserva por causa de uma tragédia. Ele era comandante da III Zona Aérea quando o estudante Stuart Angel Jones, filho da estilista Zuzu Angel, morreu devido à tortura em área sob sua jurisdição. Na reserva, Burnier fundou uma empresa de industrialização e comércio de cristal de quartzo. Voltou ao cenário nacional cinco anos antes de morrer, ao tentar impedir na Justiça a publicação do livro O Calvário de Sônia Angel – Uma História de Terror nos Porões da Ditadura, escrito pelo tenente-coronel reformado do Exército João Luiz de Moraes, pai de Sônia e sogro de Stuart Angel. Na obra, Moraes fala da tortura e morte da filha e do genro, assim como do Caso Para-Sar.

O capitão Sérgio, por sua vez, jamais desistiu da ideia de ser reintegrado à FAB. Enquanto viveu, o brigadeiro Eduardo Gomes continuou a apoiá-lo. Em maio de 1974, o brigadeiro chegou a apelar ao presidente Ernesto Geisel para que fosse feita justiça. “O prezado amigo, certamente, não desconhece que, em momento difícil da vida nacional, foi o Cap. Sérgio, por sua liderança natural, maturidade, desambição, coragem e firmeza de caráter, quem evitou que o Para-Sar, gloriosa Unidade Especial da Aeronáutica – de quem foi um dos fundadores e onde serviu durante dez anos – fosse desviado de sua destinação legal e empregado, de forma indigna e criminosa, como instrumento de ação desvairada de um insano mental, inspirado por instintos perversos e sanguinários, sob o pretexto de proteger o Brasil do perigo comunista”, escreveu o patrono da Aeronáutica a Geisel. “Se o Cap. Sergio não tivesse procedido como, então, procedeu, a Revolução ter-se-ia perdido, irremissivelmente – desmoralizada, chafurdada na ignomínia, afogada num turbilhão de sangue de pessoas inocentes.”

Geisel não se sensibilizou com o apelo. Por essa época, o capitão Sérgio alternava a batalha pelo restabelecimento da verdade com o equilíbrio do orçamento doméstico. Desde dezembro de 1954, ele era casado com Sônia, uma professora que sempre apoiou a atitude do marido. Hoje, Sônia evita falar sobre o episódio que marcou a vida da família. Quando aconteceu o Caso Para-Sar, os três filhos do casal, Christina, Vinícius e Sérgio, tinham 12, 11 e dez anos. Em duas ocasiões, os meninos tinham passado as férias com os índios do Xingu. Apesar das frequentes viagens do pai, acompanhavam de perto sua trajetória, mas só tiveram a dimensão da denúncia feita pelo capitão Sérgio à medida que cresceram. “A mudança para Recife, quando ele ficou preso, foi o início da consciência”, lembra Sérgio. No ano seguinte, depois de cassado pelo AI-5, o capitão Sérgio voltou com a família para o Rio, e começou a buscar alternativas profissionais no setor civil. “Entre outras coisas, tornei-me publicitário, vendedor, jornalista, roteirista. Vendi de tudo: de detergentes e produtos sanitários a livros, de terrenos a tanque de guerra”, contava, ao falar do período.

Christina, a filha mais velha, lembra-se também das dificuldades do pai em manter-se no trabalho. “Havia sempre pressão para mandar meu pai embora. Era decepção em cima de decepção”, diz Christina. Apesar disso, em 1979, quando foi promulgada a Lei da Anistia, o capitão Sérgio se recusou a pedir o benefício. “Eu não posso ser anistiado por um crime que evitei”, costumava repetir. Quando insistiam no assunto, usava argumento escrito pelo jurista Rui Barbosa (1849-1923), de quem seu pai, o advogado Antonio Raymundo Miranda de Carvalho Junior, era admirador: “A anistia para os crimes da Paixão Revolucionária, confessados ou flagrantes, é a mais formosa expressão da clemência cristã, aliada à sabedoria política. Mas, para as vítimas de uma comédia oficial, para cidadãos que protestam sua inocência e não pedem senão o julgamento, a anistia é uma nova punição. Nesse caso, o verdadeiro anistiado é o Governo. Que se esquiva dos tribunais”.

Espécie de guardiã da memória do pai, Christina tem, entre dezenas de recortes de jornal e poucas fotografias, uma imagem que explica a ligação entre a família com Rui Barbosa. Trata-se de uma foto tirada entre 1892 e 1893, de um grupo conhecido como “os desterrados de Cucuí”. São homens que se opuseram ao governo do marechal Floriano Peixoto, o segundo presidente da República, e foram mandados para o desterro em Cucuí, na tríplice fronteira entre o Brasil, a Colômbia e a Venezuela. Entre eles, estava o abolicionista José do Patrocínio. E o avô do capitão Sérgio, Antonio Raymundo Miranda de Carvalho. A definição de anistia usada pelo paraquedista que denunciou o brigadeiro Burnier vinha, portanto, de longe. Constava do habeas-corpus que Ruy Barbosa impetrou no Supremo Tribunal Federal a favor dos desterrados de Cucuí.

Conheci o capitão Sérgio em fevereiro de 1992, durante uma viagem à Cuba. Naquela altura, ele havia se envolvido com política. Nos anos 1980, tinha inclusive assumido como suplente mandatos de deputado federal pelo PDT do Rio. E brigava na Justiça comum para anular o afastamento da FAB. Andava para cima e para baixo com um impresso de quatro páginas, em azul e branco, que ele chamava de Azulão, contando sua trajetória. Em Havana, além do Azulão, o capitão Sérgio me deu cópias do relatório que escreveu no auge do Caso Para-Sar e da carta do brigadeiro Eduardo Gomes para o presidente Geisel. E contou com entusiasmo muitas histórias sobre suas missões na Amazônia. Em setembro do ano seguinte, ao final de um processo pedindo que a cassação do paraquedista fosse anulada, o Supremo Tribunal Federal determinou que o então ministro da Aeronáutica, brigadeiro Lélio Lobo, promovesse o capitão Sérgio a brigadeiro. A ditadura militar tinha acabado havia oito anos. Ainda assim, a ordem do Supremo não foi cumprida. Cinco meses depois, em fevereiro de 1994, o capitão Sérgio morreu, aos 63 anos, de câncer no estômago. A promoção só foi assinada seis dias após a sua morte, pelo presidente Itamar Franco. Em tempo: o título que o capitão Sérgio deu ao impresso Azulão foi Um Caso Kafkiano.


Comentários

22 respostas para “O paraquedista que evitou um banho de sangue”

  1. Avatar de Claudio Ribeiro Nazajonn
    Claudio Ribeiro Nazajonn

    EIe deveria explodir o cu da sua mãe.

  2. Avatar de Danilo Vicente
    Danilo Vicente

    O inferno existe para pessoas como você e o Burnier.

  3. Foram centenas de militares legalistas descentes que não se curvaram sofreram com a cassação, mas a historia ira fazer justiça acredite.

  4. Os atos do comando supremo de numero 1 ao 9, lista os verdadeiros homens honrados que deram valor a sua farda, foram cassados de seu posto mas não de sua dignidade.

  5. O brigadeiro canalha hipolitito, que apoiava o covarde brigadeiro burnier, matou pelas costa um grande oficial, que evitou o bombardeamento do palacio do Piratini.
    Essa corja nunca prestou, e nossos bons ficam relegado ao ostracismo.

    Uma republica que ja omeçou como golpe militar, de homens que eram amigos do imperador!
    Vai crendo em milico vai…

  6. E quando nos veremos livres de vossa corja?

  7. Como você é idiota, que conversa furada seu reacionário de merda, é por canalhas como você que este pais não possui referencia, seu canalha, no começo do texto é citado o canalha do hipolito que matou pela costa um grande homem que comandava uma base aeria no sul do Brasil, palhaço se enche de literatura fascista e não tem condição moral de referenciar um homem de bem!!!!

    O comunismo que vc tem medo foi criado pela extrema direita via ibad e ipes!!

    Lixo, vc é um lixo que deve viver es expensas, do governo, canalha vagabundo!!!!

  8. Avatar de Francisco Osterne2
    Francisco Osterne2

    Como tem fascistas neste país!

  9. Quantos inocentes os comunista mataram e matam até hoje? Quantos inocentes morreram por falta hospitais que poderiam ter sido construídos com dinheiro roubado pelo governo? Quantos inocentes são jogados ao narcotráfico e à criminalidade por falta de educação?

    Quantos presos pelo mensalao e petrolao eram ativistas comunistas daquela época????

    Em contra partida
    Quantos presidentes militares ficaram enriquecidos daquela época????

    Meu caro Pedro, você já leu o manual do guerrilheiro escrito por Marighella? Ele instruía os guerrilheiros brasileiro a manifestarem ataques á população e instituições a fim de gerar pânico (terrorismo)

    A ação no gasometro poderia ter sido o golpe decisivo para quem sabe eliminar da face da terra Dilma, Dirceu e companhia

    Exatamente contra esse tipo de mal os que militares da época estavam lutando.

    Muitas vezes os fins justificam sim os meios.

    Agora alguém me responda por favor, existiriam mais mortes de inocentes na explosão do gasometro do que já houve por negligência do governo?

    1. Seria uma boa saída ,mas só se sua mãe e seus filhos estivessem ao lado do gazometro quando ele explodisse,

  10. Quem sabe se ele tivesse feito o seu trabalho hoje não estaríamos livre dessa corja de comunistas que só fazem roubar o nosso tão amado Brasil. Sérgio macaco foi um fraco e egoísta. Ninguém que a guerra, ninguém quer a morte mas em situações extremas é preciso ter pulso firme e sangue frio

    1. Explodir o gasômetro e matar centenas ou milhares de pessoas seria ter “sangue frio”? Denunciar o plano genocida do Brigadeiro Burnier foi ser fraco e egoísta? O que você escreveu não é apenas uma opinião infeliz, é a defesa de genocídio. Crime contra a humanidade, que infelizmente, até cretinos como você fazem parte.

  11. Avatar de JOAO LICUTAN
    JOAO LICUTAN

    UM HOMEM NA SUA VERDADEIRA ESTRUTURA. PRA MIM,UM EXEMPLO QUE ME LEVOU ÀS LÁGRIMAS AO CONHECER A SUA HISTÓRIA.

  12. Avatar de josé luiz da costa azevedo
    josé luiz da costa azevedo

    eu pqdt da brigada de inf aet , formado em 1970 no curso A no 70/1 nº de paraquedista 20354 -70 /1 venho da os meus humildes parabéns HÁ familia do cap sergio do para-sar !!! tenho há lembraça da história injusta, desse companheiro !!!

  13. Avatar de MARCOS ANTONIO
    MARCOS ANTONIO

    Pouco se fala sobre o assunto infelizmente.

  14. Avatar de Heitor Hugo
    Heitor Hugo

    Tenho pelo Capitão Sérgio Carvalho, o maior orgulho de ter vivido em sua época! Acho que seus familiáres também devem se orgulhar deste Herói Nacional que evitou a morte de centenas de brasileiros! Infelizmente, ainda não se fez Justiça a ele , por sua atitude de desobedecer a um superior e evitar uma tragédia! os militares que receberam a órdem de dinamitar o show de primeiro de maio no Rio Centro, por exemplo, se acovardaram e tentaram explodir bombas que teriam causado trágicos efeitos à multidão que alí se divertia! “Felizmente, a bomba explodiu no colo dos terroristas, antes de ser explodida! Também, os mitares que recebderam órdens de dinamitar as bancas de jofrnais no Rio de Janeiro, só porque vendiam o semanário “O PASQUIM”, jornal alternativo à Imprensa Marron, foram covardes! Por sinal nenhummilitar foi punido por atos como estes, praticados contra os brasileiros…

  15. Avatar de Hélio Salgueiro Ferreira
    Hélio Salgueiro Ferreira

    Capitão Sérgio, realmente um homem enviado por DEUS, e o povo brasileiro desinformado,
    ainda pede a volta do regime militar, colocado pelos EUA no Brasil em l964.

  16. Avatar de HILTON COSTA
    HILTON COSTA

    Merecia um filme para que o povo brasileiro conhecesse melhor a historia desse grande homen, seus filhos devem ter muito orgulho desse pai heroi.

    1. Boa tarde.
      HILTON COSTA – 17 de junho de 2014 14:22:
      Merecia um filme para que o povo brasileiro conhecesse melhor a historia desse grande homen, seus filhos devem ter muito orgulho desse pai heroi.

      Iria postar a mesma coisa, mas tive o cuidado de ler cada post, inclusive os daqueles que relativizam a barbárie tentada pelos inúmeros Burniers e ainda enxergam comunista em todo canto. Não conseguem, porém, ver o humanismo desta grande pessoa, o nosso Capitão Sérgio. Salve a família de Sérgio, pessoas de bem. Grandes brasileiros.

  17. Avatar de Renato Souza Oliveira
    Renato Souza Oliveira

    Capitão Sérgio Macaco, foi um brasileiro no sentido estrito dessa palavra. Homens com esse caráter estão fazendo muita falta neste Brasil de hoje.É um pena.

  18. Avatar de Christina Thedim
    Christina Thedim

    Fatos narrados com alma, história bem contada, escrita que emociona, que nos envolve na estória do bravo capitão. Foi um prazer e uma inspiração a mais para escrever o livro, o romance, contando a estória que virou história do meu pai tão querido e que mudou radicalmente os rumos que as coisas poderiam tomar caso ele tivesse dito ” Sim, senhor”. Uma estória que todos devem conhecer e que com toda certeza será agora mais divulgada pela belíssima matéria que você escreveu.
    Obrigada pelo carinho, coragem e profissionalismo que deram corpo a essa reportagem Luiza Villamea

  19. Avatar de pedro parente
    pedro parente

    Inacreditável! Não conheço, nenhuma estátua em honra desse fantástico herói nacional. Pelo menos.

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