Caso um escritor criasse um vilão sem batimento cardíaco, os leitores rolariam os olhos e tacariam o livro na lixeira. Críticos literários cairiam de pau sobre o personagem inverossímil. Somente na ficção científica, a ideia poderia ter alguma aceitação a contragosto. No entanto, ficamos sabendo recentemente que existe tal criatura, em carne e osso, perambulando pelos Estados Unidos. Trata-se do ex-vice-presidente Dick Cheney. Seu metabolismo perdeu, oficialmente, a pulsação. Após o quinto infarto, esse desafiador da natureza recebeu o implante de um aparato mecânico auxiliar do coração. A peça bomba continuamente o sangue na circulação. É brincadeira? Não, mas a notícia é irresistível aos humoristas.
Pense bem: o grande cruzado contra o terrorismo, quem diria, virou homem bomba. Enfim, temos um político biônico ao pé da letra. O cara que, suspeitava-se, tinha coração de pedra, prova agora que tem um de aço e plástico. E sua velha caixinha de maldades está pisando firme no acelerador. Quem acoplar um contagiros no peito de Cheney verificará 9 mil rotações por minuto. É coisa para fundir o motor de um Lamborghini Gallardo.
Dick, há muito apelidado “Darth Vader”, assume de vez a carapuça do bandido galático. Virou meio máquina e, segundo os médicos, pode continuar fazendo maldades por estimados seis anos, até que novos implementos sejam criados para estender ainda mais sua permanência no planeta. Para um sujeito que aos 69 já teve cinco ataques do coração e safenou quadruplamente, tudo é lucro. E foi anunciado que o ex-vice de Bush está capacitado para ter vida ativa, contanto que não queira nadar. A água enguiça a bateria que move a geringonça em seu peito. Essa pilha vem, apropriadamente no caso, acoplada em uma cartucheira que se leva na cinta. Para quem, como ele, é amante de armamentos, a arrumação cai como uma luva.
Além de ter sido um dos ideólogos, e maior incentivador, da invasão do Iraque, Cheney ainda é fã estridente da tortura e de poder ditatorial da Presidência (contanto que seja republicana, é claro). Para atingir suas metas, esfrangalhou a constituição e os direitos civis nos Estados Unidos. Foi acusado de ter mentido, traído e cometido crimes contra a Humanidade. Não existem provas legais sobre isso, mas também não houve investigação séria das atividades do vice-presidente. O que se sabe, é que deu um tiro – com chumbo grosso – na cara de um amigo. E olha que o sujeito é advogado, que não teria nem pestanejado em processar uma criança que o alvejasse usando uma pistola d’água. E não é que a vítima se declarou culpada pelo incidente? Tal é o pavor que Dick provoca.
Agora, com coração a 9 mil RPM, o que perpetrará esse vilão de gibi? Dominar o planeta ele já tentou. Arruinar a maior economia do mundo é tarefa que ajudou cumprir. Rasgar a Convenção de Genebra, também faz parte de seu currículo. Ferver a Terra é missão que vem sendo realizada. Em termos de maldade, as opções ficaram escassas. Pegando uma deixa da moda, Dick pode virar vampiro. Ou talvez ache uma boa se assumir como “o Exterminador do Futuro”. Com os subsídios de seus amigos da Indústria de Energia, mandaria construir uma máquina do tempo, para voltar aos anos 1960 e assassinar o presidente Lyndon Johnson. Reverteria, assim, a ampliação de direitos civis no país. Imagine Cheney, vestindo roupa de couro, com um trabuco na mão, entrando no Salão Oval e dizendo a Johnson: “Hasta la vista, baby!”.
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