Está para chegar aos cinemas um filme intitulado Dinner For Schmucks (Jantar para Cretinos). Tem o humorista Steve Carell encabeçando o elenco. No enredo, há uma mulher médium, supostamente, especializada na comunicação com almas de animais. Afirma, a certa altura, que está sentindo as dores de uma lagosta sendo fervida para a ceia. Esse personagem, na verdade, foi baseado em um modismo recente aqui nos States. Trata-se de sessões espíritas na quais baixam animais que foram desta para melhor. Implicam, é claro, na figura de pais e mães de santo que recebem mensagens de toda sorte de bichos desencarnados. São, na linguagem do métier, “cavalos de cachorros” ou de gatos, papagaios e até de cavalos.
Digamos que seu bichano perdeu as sete vidas que lhe cabiam (ou nove, em terras americanas onde os felinos têm duas a mais). O médium entrará em contato com o felino que dirá onde, e sob qual aparência, reencarnará. Por exemplo: Fifi era um persa e voltará a este mundo de Deus na pele de um siamês. Estará à venda na loja de animais da Main Street de Topeka, Kansas, a partir de 13 de novembro. Munida dessa informação precisa, a dona poderá reaver o querido animalzinho. É tudo muito conveniente, mas eu gostaria de saber em que idioma o gato falou com a paranormal. Em vida, a criatura mal miava, e nunca pronunciou qualquer palavra. Morta, a béstia desanda a tagarelar. Esse, sim, é um mistério.
Mas as mães de santo – ou seriam mães de bicho? – não se limitam a levar papo com os finados. Também conseguem realizar uma forma de comunicação com os animais vivos. Nesses casos, ajudam a encontrar um bicho fujão – caso o desaparecido, claro, queira voltar para casa. O que significa que durante o tempo transcorrido na sessão a criatura esteve morta. Sim, porque o espírito teve de abandonar o corpo para ir ao terreiro. E, caso isso seja correto, não haveria mais a necessidade de procurá-lo, pois ele saberia como retornar à casa da médium, quando ressuscitasse. Alguns dirão: “Não, não! A paranormal se comunica telepaticamente com o sumido”. Pode ser. Desse modo, elimina-se a inconveniência da morte e ressurreição do procurado, uma empreitada tão complicada que – pelo que se sabe – somente Jesus Cristo conseguiu realizá-la.
Por incrível que possa parecer, nem todo mundo acredita nessa forma de comunicação. Joe Nickell, pesquisador sênior do “Committee for Sekptical Inquirey”, entidade dedicada a desbancar fenômenos sobrenaturais, diz que tudo não passa de golpe. Mas ele, contra-argumentam os médiuns, é um autêntico espírito de porco.
De minha parte, acredito que existam pessoas sensitivas e capazes de adentrar universos paralelos. Gostaria de participar de uma sessão espírita zoológica. Perguntaria ao cavalo branco de Napoleão, qual era sua cor.
Deixe um comentário