Luta contra o efêmero

Teve início, na noite de quarta-feira (11), na sede do Itaú Cultural, a sétima edição do projeto Ocupação. A exposição, que fica aberta até 2 de outubro, é dedicada à artista plástica gaúcha Regina Silveira. Aluna do mestre Iberê Camargo, Regina despontou em meados dos anos 1960 e legou uma obra prolífica e multimídia. Filiou-se a diferentes escolas estéticas e apropriou-se das mais diversas formas de expressão. Do Figurativismo Expressionista, do início da carreira, ao Racionalismo que o sucedeu, Regina partiu para Porto Rico em 1969, onde passou a também atuar como educadora e rompeu com a produção artesanal, em detrimento de processos modernos e industriais de reprodução. Uma carreira de constante evolução, marcada pela obsessão dos estudos de escalas e perspectivas, que chega às impressionantes intervenções arquitetônicas, surgidas a partir dos anos 1980.
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Em edições anteriores, como às de Hélio Oiticica e do cineasta Rogério Sganzerla, o projeto Ocupação privilegiou a cobertura de amplos períodos da carreira dos artistas homenageados. Por escolha de Regina, sua exposição apresenta 10 maquetes, reproduzindo importantes intervenções realizadas por ela redor do mundo, durante os anos de 2004 e 2007. “Essa é uma grande retrospectiva, mas que condensa um período. Coisas imensas feitas em muitas geografias extensas, reunidas aqui”, disse ela ao site da Brasileiros, durante o coquetel de abertura, na noite de quarta.
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A ideia de reproduzir a magnitude de obras como Derrapagens (2006) ou Lumen – que ocupou o Palácio de Cristal, do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em 2005 – em pequenas maquetes, viabiliza a pretensão da artista em afrontar o que chama de “aflição de efemeridade”. Mesmo em escala reduzida, é impossível não ficar impactado com a arte produzida por Regina e a solução das maquetes atende a esse anseio de perenidade.

Após a rica experiência acadêmica e artística em Porto Rico, Regina voltou para o Brasil em 1973 e fixou-se em São Paulo. De 1974 a 2000, lecionou na Escola de Comunicação e Artes (ECA) e formou gerações de alunos. A ambígua paixão por São Paulo sempre esteve presente em suas obras. A vida mecânica e opressora das grandes metrópoles é objeto de reflexão frequente em sua produção, o que leva a artista a experimentar um sabor de reencontro nessa noite especial.

“Para mim é uma coisa completamente linda. O público está acostumado a ver poucas coisas minhas expostas na cidade, mas nessa noite pude oferecer muito. Uma experiência muito carinhosa e gratificante, pois tem a ver com a relação cada vez mais estreita de meu interesse pela arquitetura. Diversas intervenções minhas aconteceram em São Paulo. Minha relação com o urbano sempre foi muito forte.”

A exposição foi aberta para visitação pública ontem, quinta-feira.

OCUPAÇÃO REGINA SILVEIRA
Quando: de 12 de agosto a 2 de outubro
De terça a sexta, das 9h às 20h
Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h
Onde: Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô – Centro – São Paulo (SP)
Entrada franca
Telefones: (11) 2168-1776/1777


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