Atendendo a pedidos das torcidas organizadas demotucanas e seus porta-vozes na imprensa, José Serra foi ao ataque, faltando apenas um mês para as eleições presidenciais. Em spot de 15 segundos, sem a imagem do candidato, a denúncia é feita por um locutor:
“A eleição nem começou e a turma da Dilma já está dividindo o governo. O Zé Dirceu, do escândalo do mensalão, Sarney, Renan e até o Collor. O Brasil não merece isto”.
No programa noturno do horário eleitoral, o locutor voltou a bater em Dilma, ao falar de uma visita que ela mostrou no dia anterior a uma favela paulistana: “A Dilma nunca veio aqui. Só apareceu agora, na véspera da eleição para dizer que foi ela quem fez”.
À tarde, Serra já havia subido o tom durante uma entrevista coletiva, acusando Dilma de usar a tática do “pega ladrão”:
“É jogo sujo de campanha, a estratégia do ‘pega ladrão’. O sujeito bate a carteira de alguém, enfia no bolso e sai gritando: ‘pega ladrão’!”.
Mas o ataque mais forte estava reservado para o final da noite desta terça-feira, no palco amigo do Jornal da Globo, onde Serra acusou diretamente Dilma Rousseff pela violação do sigilo fiscal de sua filha Veronica.
“Utilizar filha dos outros para ganhar a eleição eu só lembrava do Collor ter feito isso com o Lula. O Collor utilizou uma filha do Lula para ganhar do Lula em 1989. Agora a turma da Dilma está fazendo a mesma coisa. Pegando minha filha, que não faz política e é mãe de três crianças pequenas, e que trabalha muito para poder viver, para meter nesse jogo sujo e me chantagear porque tem preocupação quanto à minha vitória. A Dilma está repetindo aquilo que o Collor fez e mais: agora o Collor está do lado dela. Quem sabe ele não tenha transferido a tecnologia”.
Ao ser informado que, segundo a Receita Federal, o documento tinha sido acessado a pedido da própria filha, em documento assinado por ela com firma reconhecida, Serra reagiu: “É mentira descarada. Essas pessoas são profissionais da mentira”.
Este mistério pode ser esclarecido ainda hoje porque, de acordo com a funcionária da Receita Lucia de Fátima Gonçalves Milan, responsável pelo acesso ao imposto de Verônica Serra, na procuração que lhe foi entregue solicitando a cópia da declaração consta o nome de quem retirou o documento.
Seja como for, subiu o tom da disputa entre Serra e Dilma, e a oposição pode ter encontrado o tal fato novo que vinha procurando para sair das cordas na campanha eleitoral. A nova estratégia demotucana coincide com a contratação pelos tucanos de Revi Singh, da Election Mall Tecnologies, um autodenominado “guru” indiano de turbante e tudo importado dos Estados Unidos.
De acordo com o noticiário da Folha, a chegada de Singh à campanha de Serra ainda é nebulosa. Nem a toda poderosa Sonia Francine, cooordenadora da equipe de internet soube explicar quem foi o responsável pela aquisição do guru. O fato é que foi criado um segundo polo de comunicação na campanha. O grupo de Luiz Gonzalez, que também desaprova o guru, permanece como definidor das linhas gerais do marketing da campanha”, diz o jornal.
Ninguém gostou também do novo slogan apresentado por Singh – “É a hora da virada” – por admitir implicitamente que as coisas vão mal na campanha. Com Dilma aparecendo 24 pontos à frente de Serra na última pesquisa Ibope e depois das críticas à campanha feitas até por Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves, alguma coisa tinha mesmo que mudar.
Resta saber se funciona a nova estratégia de partir para o tudo ou nada e se ainda dará tempo de reverter o quadro no pouco tempo que resta.
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