“JK-65: Cinco Anos de Agricultura para Cinquenta Anos de Fartura”. O slogan estava preparado fazia tempo. Era uma referência à meta “Cinquenta Anos em Cinco”, que tinha levado Juscelino Kubitschek à Presidência entre 1956 e 1961. Nesta sexta-feira, em convenção nacional, o PSD lança JK candidato às eleições presidenciais marcadas para 3 de outubro de 1965.
Na convenção do PSD, a escolha do ex-presidente para disputar a sucessão de João Goulart não poderia ser mais tranquila. Só que, em sintonia com a polarização política do País, o partido também estava dividido. E JK precisou acalmar o “PSD agressivo”, que queria um compromisso explícito a favor das reformas propostas por João Goulart.
Fora do PSD, o maior partido político da época, outros presidenciáveis também se preparavam para a campanha de 1965. Pelo menos três governadores sonhavam em ocupar o Palácio do Planalto: Carlos Lacerda, da Guanabara; Adhemar de Barros, de São Paulo; e Leonel Brizola, do Rio Grande do Sul.
Pela Constituição em vigor, o presidente não poderia ser reeleito nem ninguém de sua família poderia ser candidato. Como Brizola era casado com Neuza, irmã de João Goulart, uma curiosa discussão tomava conta dos bastidores da política: cunhado é parente?
Nos meios militares, a conspiração contra o governo federal rolava solta, embora o chefe do “dispositivo militar” do presidente desdenhasse dos generais que não estavam à frente de tropas. Chefe do Estado-Maior do Exército, o general sem tropa Castello Branco surpreendeu nesta sexta-feira, ao distribuir uma Circular Reservada aos colegas de patente. No documento, convocava todos a agir “contra a subversão”.
No mesmo dia, pesquisa de audiência na tevê, feita pelo instituto Gallup do Brasil, divulga dados que refletem um estilo de vida. Pelo levantamento, 35,2% dos televisores do Brasil são desligados às 22 horas. Uma hora depois, 67% dos aparelhos estão inativos. À meia-noite, o índice sobe para 92,4%. Nas rádios, faz sucesso a música Parei na Contra-Mão, escrita deste jeito mesmo, com hífen.
Confira Parei na Contra-Mão, da dupla Roberto Carlos e Erasmo Carlos:
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