Domingo, dia de descanso. Em especial quando é o primeiro dia da Semana Santa. Só que, neste domingo, o descanso não valia para pesquisadores do Ibope, o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística. Eles estavam em campo, para fazer um total de 950 entrevistas. A meta era saber a “opinião do eleitorado paulista” na capital do Estado e em duas cidades do interior: Araraquara e Avaí.
Encomendada pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo, esta pesquisa do Ibope não chegou a ser concluída. Todas as entrevistas foram feitas, mas demorou quase 50 anos para os dados serem tabulados, pelo historiador Luiz Antonio Dias, da PUC de São Paulo. Resultado: 72% da população de São Paulo aprovava o governo João Goulart. Entre as camadas mais pobres da população, a porcentagem subia para 86%.
Os índices de aprovação do presidente neste março de 1964 eram parecidos com os de outra pesquisa do Ibope, feita entre junho e julho de 1963, em 16 cidades de diferentes regiões do Brasil. O cidadão que acompanhava a política brasileira pelos jornais tinha, no entanto, outra impressão. Afinal, com raras exceções, os jornais publicavam dia sim, no outro também, que o presidente era fraco e não contava com respaldo na população.
O Ibope dizia o contrário. E nesta altura, o instituto, criado em 1942, já tinha feito muita pesquisa. Aliás, a história da fundação do Ibope é curiosa. Tudo começou quando Auricélio Penteado, dono de uma rádio em São Paulo, quis saber a audiência de sua emissora. Depois de aplicar técnicas americanas de pesquisa, descobriu que estava em último lugar. Em compensação, descobriu também que tinha talento para fazer pesquisa.
Em março de 1964, o fundador Auricélio Penteado não estava mais na direção da empresa, que não se limitava a fazer levantamentos político-eleitorais. Pesquisava de tudo, do sabão em pó ao objeto de desejo dos brasileiros. Como na época da fundação do Ibope, o rádio ainda era o grande meio de comunicação de massa no Brasil. Por meio de suas ondas, se espalhavam propagandas de produtos também pesquisados pelo Ibope.
Confira a propaganda da Maionese Hellmans no rádio:
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