O que leva uma pessoa a entrar no mundo do crime? São tantos os motivos que fica difícil eleger um que sirva para justificar a entrada em uma “vida bandida”. Na noite de terça-feira (26), no Unibanco Arteplex 1, foram exibidos dois filmes brasileiros, o documentário Histórias Reais de um Mentiroso, da cineasta Mariana Caltabiano e Boca do Lixo, de Flavio Frederico, que recuperam a vida de dois bandidos. Um é o sedutor e farsante Marcelo Nascimento da Rocha, que ficou nacionalmente conhecido por ter enganado algumas celebridades de ocasião em um evento em Recife, passando-se pelo filho do dono da empresa aérea Gol. Ele enganou, inclusive, o famoso apresentador Amaury Jr., que há mais de duas décadas tem um programa sobre esse mundo de deslumbramento e ostentação dos ricos, famosos e celebridades. Já Boca do Lixo traz a história real do bandido Hiroito de Moraes Joanides, que ficou conhecido como o Rei da Boca do Lixo, no Centro de São Paulo, lugares de prostitutas, desvalidos e bandidos.O crime seduz?O documentário Histórias Reais de um Mentiroso refaz a trajetória de picaretagem “aventuresca” de Marcelo Nascimento da Rocha, que hoje está preso. Nascido no Paraná, desde cedo ele aprendeu a enganar as pessoas. Marcelo tinha o “dom” de se passar pelos outros (a semelhança com o personagem do filme de Steven Spielberg, Prenda-me se for Capaz, não é mero acaso). Ele foi baterista de bandas de rock e até piloto de avião. No início, as mentiras não causavam danos a ninguém, mas Marcelo foi gostando da brincadeira e entrou no mundo do crime de fato quando passou a traficar drogas. As suas peripécias são hilariantes e inacreditáveis, culminando com a peça que ele pregou em todas as celebridades, em um carnaval fora de época em Recife, quando se fez passar pelo filho do dono da empresa aérea Gol, deixando até Amaury Jr. em maus lençóis.O documentário é recheado dessas histórias mirabolantes e traz depoimentos do próprio Marcelo e das pessoas nas quais ele pregou as peças, como o próprio Amaury Jr., que tenta se explicar do vexame. A diretora do documentário, Mariana Caltabiano, conheceu a história desse picareta no programa de Amaury. Decidiu procurar Marcelo, que estava preso na época. Depois de muitos encontros, Mariana escreveu o livro Vips – Histórias Reais de um Mentiroso, lançado em 2005 e que já está na 16ª edição. A partir do livro, a cineasta fez o documentário. [nggallery id=14152] Mariana confessou para o site da Brasileiros que tem certa simpatia por Marcelo, e que não o considera um psicopata, como muitos acham, incluindo Toniko Melo, diretor do filme Vips (o filme ficcional baseado na vida de Marcelo, interpretado por Wagner Moura, e que será exibido nesta quarta, às 21h30, no Unibanco Arteplex 1). Wagner Moura se recusou a conhecê-lo, por discordar de suas posições e trajetória de vida.”Eu não acho Marcelo um psicopata, como muitos atestam. Desde 2003 tenho contato com ele, inclusive falei com ele ontem, por telefone. Ele disse que está muito chateado com as declarações do Wagner Moura, que disse que Marcelo roubava dinheiro de velhinhas. Marcelo entrou em uma grande ‘brincadeira’ sem medir as consequências, mas nunca matou ninguém e chegou a ajudar uma menina que sofria de uma doença grave na Paraíba”, disse Mariana. Polêmicas à parte, confira os dois filmes e escolha o Marcelo que o convence mais: o do documentário ou do filme de Toniko Melo.Trailer de Histórias Reais de Um MentirosoBandido-malandroO que mais surpreende na trajetória do bandido Hiroito de Moraes Joanides, o Rei da Boca do Lixo das décadas de 1950 até 1970, em São Paulo, contada no filme Boca do Lixo, é a atmosfera do submundo do crime. Hoje não haveria espaço para um Hiroito, que certamente seria tragado pela violência explícita do mundo do crime atual, com seus requintes de crueldade e armamento pesado. Hiroito, interpretado de maneira precisa pelo ator Daniel de Oliveira, se inicia na criminalidade com uma pequena pistola, quando vai socorrer uma prostituta que estava sendo espancada por um de seus clientes. Ele mata o cara e decide entrar de corpo e alma naquele antro, que já conhecia quando frequentava o centro da cidade para procurar prostitutas. O filme é contado pelo ponto de vista do próprio Hiroito, que foi preso diversas vezes e abandonou o mundo do crime nos anos 1970, depois de um tempo na cadeia. Morto em 1992, escreveu autobiografia recuperando sua história e de como virou o protagonista daquele pedaço do Centro de São Paulo, que naquele momento deixava de ser ingênuo. Outros tempos, outros bandidos, outros malandros.

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Um ator português


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