SP-Arte começa e refuta pessimismo de setores do mercado

Pavilhão da Bienal durante a SP-arte
Pavilhão da Bienal durante a SP-arte. Fotos: Leonardo Soares

“Calma, calma, não criemos pânico!”, diria um famoso personagem da TV se visse alguns galeristas e setores da mídia afirmarem que o mercado de arte se encontra em momento delicado no Brasil. Pois quem acompanha o primeiro dia da 10a SP-arte, no Pavilhão da Bienal, e analisa os dados divulgados pela 3a Pesquisa Setorial Latitude, divulgada esta semana, vê um outro quadro. Mercado aquecido, lucros maiores, boas perspectivas de vendas e confiança dos compradores estrangeiros; a realidade parece estar mais por aí.

Os motivos da preocupação, segundo reportagem publicada pela Folha de S.Paulo esta semana, seriam o rebaixamento da nota da economia brasileira por agências de classificação de risco, o polêmico Decreto de Museus do IBRAM e o aumento dos preços. Alguns dizem também que 2014 pode ser um ano complicado, por ter Copa do Mundo no Brasil, e por ter tido um Carnaval “tardio” (em março). Dos cerca de dez galeristas ouvidos pela Brasileiros na SP-Arte, no entanto, Luisa Strina foi a única que afirmou que o mercado retraiu.

Segundo Ulisses Cohn, da Dan Galeria, “o mercado de arte sempre oscila. Ele é muito sensível às oscilações da economia. Mas por outro lado ele também ganha com elas, porque no mercado, geralmente, se está ruim para algumas pessoas, começa a ficar bom para outras. Acaba na média. Então tem o barulho pessimista, mas se você olha ao longo dos anos, vê uma constância de progressão. Temos feito negócios, estamos indo bem”. Ele disse, por exemplo, que logo na primeira manhã da feira, já fechou alguns negócios.

E não foi só ele. Enquanto a SP-Arte – que vai até domingo (6) com a presença de 136 galerias – começa com boas vendas já no primeiro dia e com otimismo de boa parte dos galeristas – principalmente os estrangeiras, menos afetados por “barulhos” internos –, a pesquisa Latitude revelou que houve aumento médio de 27,5% no volume total de negócios das galerias brasileiras em 2013. Revelou ainda que colecionadores estrangeiros estão comprando cada vez mais no País, e que veem com bons olhos a produção e o mercado nacionais.

Mercado X arte 

“As vendas vão bem”, diz o galerista André Millan. Mas ele mostra uma visão crítica diferente da de muitos do setor: “O mercado não retraiu, mas acho que seria até bom se retraísse um pouco. Anda ocupando muito espaço, maior do que deveria. O mercado hoje acaba interferindo nas instituições, na produção das obras dos artistas etc. Você tem feiras todos os meses, não há quem resista em manter um trabalho de qualidade nesse ritmo frenético do mercado. E acho que é nisso que devemos pensar”.

A Brasileiros conversou também com representantes de duas grandes galerias estrangeiras (este ano, 40% das participantes são de fora do Brasil), que se mostraram confiantes com as perspectivas por aqui. Hanna Schouwink, da David Zwirner, de Nova York, diz que “o mercado brasileiro parece muito robusto. Temos feito as feiras do Rio e de São Paulo, e estamos muito felizes com o resultado”. A White Cube, por sua vez, veio com trabalhos fortes, como um do inglês Damien Hirst, e aposta em boas vendas, com obras que chegam a valer R$ 7 milhões.

Se a 10a SP-Arte será um sucesso de vendas ou não, só saberemos ao certo após o encerramento. O fato é que o clima não parece de pessimismo nas rampas e stands do Pavilhão da Bienal. E para o cidadão comum que não está muito preocupado com o mercado de arte, a visita à feira pode também ter grande valor, para se ver de perto obras de Picasso, Miró, Renoir, Calder, Andy Warhol, Volpi, Torres-Garcia, Ai Weiwei, Helio Oiticica, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Mira Schendel, Leonilson, Sérgio Cmargo, Adriana Varejão, Os Gêmeos, etc etc e etc.   


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