Leônidas da Silva, Pelé, Cruyff e Maradona. Em comum, esses quatro jogadores têm o fato de não terem apenas mudado suas próprias trajetórias, a história dos clubes pelos quais atuaram, mas também mudaram o cenário do futebol em sua época.
Leônidas, com sua bicicleta, mostrou que existia mais no jogo além de lançamentos longos e chuveirinho na área. Pelé veio com o drible objetivo, o jogo da cintura, a habilidade e a malandragem como armas para vencer a truculência em nível mundial. Cruyff, com seu técnico Rinus Michels, tanto no Ajax quanto na seleção holandesa, provaram que um esquema tático não precisa de jogadores guardando posição. Maradona conquistou o mundo usando apenas sua perna esquerda.
Dener poderia ter sido esse tipo de jogador. Se você tem menos de 25 anos, provavelmente nunca ouviu falar nele. Se tem mais, ouviu, mas não o considera como tal. Mas fique sabendo que sim, Dener poderia ter mudado a história do esporte se não tivesse se envolvido em um trágico acidente de trânsito na madrugada de 19 de abril de 1994, exatos 20 anos atrás.
Dener apareceu para o futebol paulista em 1991, quando brilhou na campanha vitoriosa da Portuguesa na Taça São Paulo de Juniores daquele ano. No mesmo ano foi promovido para os profissionais, já se destacando. Muito grande para a Lusa, Dener foi emprestado para o Grêmio e, no início de 1994, para o Vasco. Seu clube formador sabia que seria impossível segura-lo e não queria correr o risco de ter que enfrentar o craque em algum rival paulista.
Dener tinha apenas 23 anos quando morreu, mas era, seguramente, a principal aposta brasileira para o futuro. Colecionou gols antológicos e dribles desconcertantes, que para ele, valiam mais do que a bola na rede em si. A facilidade que tinha para se desvencilhar de um marcador era de um descaramento quase cínico, a forma e o prazer com que ele executava era cruel, transformava o apreciador do lance em uma espécie de sádico, não era humano fazer um semelhante passar por tal humilhação. Era o destro mais canhoto que o futebol já quase conheceu.
Em 1994 começava a figurar nas convocações da seleção principal e, se vivo, provavelmente estaria na lista dos 23 que foi aos Estados Unidos naquele ano em busca do tetra. O Brasil teria sido campeão com ele? Não sabemos, mas com certeza, ele não passaria em branco. Holandeses, suecos, italianos e afins ficariam no chão em seu caminho. Essa e outras perguntas também morreram junto com o craque no acidente. Será que Romário seria o craque daquela Copa? Será que Bebeto seria o parceiro de ataque do Baixinho? Será que o futebol continuaria o mesmo se Dener fosse para a Europa e lá atingido seu máximo potencial, mostrando que era sim possível combater a força com graça e desenvoltura?
Infelizmente esses questões vão permanecer sem solução, porém, como amante de futebol, é bom pensar que foi incrível quase ver o Dener mudar a história do esporte.
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