Não há ditadura branda, Domingos Pellegrini

Domingos Pellegrini, a quem conheci em 1975, no diário Panorama, de Londrina, e que se tornou um bom contista é mais um que embarcou nessa história de que a ditadura brasileira de 64 foi “branda”, repetindo aquele infeliz editorial da Folha. Só quem não conheceu o DOI-Codi por dentro diz um absurdo desses. Um insulto aos que estiveram lá, submetidos a torturas medievais.

A ditadura usou os mesmos métodos da Inquisição. Houve Inquisição branda? Os mesmos métodos dos nazistas. Houve campo de concentração nazista brando? Temos que tratar a ditadura de 64 com o mesmo rigor da Alemanha em relação ao Holocausto. Execração de todos, vergonha dos autores e cúmplices e reparação em forma material ou homenagens, nunca algum tipo de condescendência ou “abrandamento”.

Não importa se o nazismo matou milhões e a ditadura brasileira centenas – os métodos foram os mesmos e não queremos que aconteça de novo. A simpatia dos torturadores por Hitler era evidente. Quando eu era levado na C-14, encapuzado e agachado entre os bancos, no dia 4 de setembro de 1973, a caminho do DOI-Codi, em São Paulo, um dos meganhas disse: “Hitler fez um bom serviço com vocês lá na Alemanha”. No debate literário em que Pellegrini deu vexame, Ignácio Loyola Brandão prontamente rebateu. Loyola está certo. Sigam-no os que forem brasileiros.


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