Nada como voltar à terrinha da gente. Vivendo em trânsito praticamente desde o começo de dezembro, entre uma viagem e outra, já estava com saudades de São Paulo. Sim, estou falando de São Paulo mesmo, desta cidade tão judiada e detonada por todo mundo, mas que eu não troco por nenhuma outra no nosso planetinha.
Nasci aqui e aqui quero morrer, diz alguma canção, se não me engano. Nesta época de férias, com pouco trânsito e sem chuva – até agora, pelo menos, quatro da tarde desta quinta-feira, hora em que comecei a atualizar o blog – , a cidade fica uma beleza.
Sempre que falo bem de São Paulo, tomo uma bronca da minha filha Mariana, também jornalista: “Você fala isso porque não mora na periferia, não anda de ônibus, não precisa ir a um centro de saúde”. Eu sei de tudo isso, sei dos problemas, já rodei pela cidade inteira fazendo reportagens, mas o nosso coração sente e a nossa cabeça pensa de acordo com o lugar onde a gente pisa.
Por maior que seja minha solidariedade aos que morreram nas enchentes desta semana ou perderam tudo mais uma vez, eu não posso viver a vida dos outros e não consigo deixar de gostar de São Paulo por causa das suas mazelas. Qual cidade não as tem?
No espaço de poucos quarteirões, tenho praticamente tudo o que preciso a qualquer hora do dia ou da noite, uma vida cultural fantástica, bons amigos – se não fosse tão preguiçoso, poderia levar a vida a pé, deixando o carro enferrujar na garagem.
Quando tenho que atravessar a cidade, para entrar ou sair dela, reparo nas marcas deixadas por dois grandes prefeitos que nunca deveriam ser esquecidos pela população: Francisco Prestes Maia e o brigadeiro Faria Lima.
Sem a visão de futuro que eles tiveram e as grandes obras que tiraram do papel, abrindo horizontes e definindo contornos, São Paulo hoje seria inviável e provavelmente eu não estaria aqui falando bem dela.
Está difícil este ano falar bem de alguém ou de algum lugar, ainda mais de São Paulo, mas é preciso insistir. De onde menos se espera, podemos tirar algum fato positivo – pelo menos, foi o que tentei fazer hoje. Ninguém aguenta mais ler e ouvir tanta desgraça.
Se o caro leitor tiver alguma história boa para contar da sua cidade, por favor, colabore.
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