Humor e o futuro das mídias sociais

Na quinta-feira (10) aconteceu o penúltimo e muito divertido dia de Social Media Week São Paulo. Para começar, um papo mais intimista, porém, muito bom, com apenas dois palestrantes. O tema foi O Eu Digital, com a artista digital Gisele Beiguelman e Luiz Algarra, da Papagallis. [nggallery id=14045] Muito bem-humorados, os dois começaram a dar uma prévia do que seria o dia: #humor. Apesar do assunto complexo e filosófico, eles acharam tempo para brincar e interagir com os presentes.Gisele afirmou que, desde os primórdios, nossa sociedade é pautada em negar o outro. Algarra completou dizendo não saber o que acontecerá em um futuro próximo. “O fato de meus filhos estarem se relacionando da maneira que estão na rede vai mudar os paradigmas do que acontecerá. O mistério é saber de que maneira”, afirmou ele.Algarra também indagou para a plateia o quanto os pais de cada um conhecem seus filhos. “Não é como antigamente. Meu pai me conhecia. Hoje, para um pai conhecer seu filho, além da conversa, precisa checar o perfil do Facebook”, analisou. Completando, Gisele constatou que o “eu digital” está mudando o “eu social”, fato que ela percebeu ao citar os check-ins do Foursquare, por exemplo, que nunca acontecem de lugares pouco badalados, ou seja, as pessoas querem ser vistas quando interessa para elas.No balanço final do debate, Algarra disse que o perfil nem sempre condiz com a pessoa, antes de mudar de assunto e alertar sobre o perigoso precedente aberto no Egito, quando o governo fechou completamente o acesso às redes e telefones.Logo em seguida, o auditório da FAAP lotou. Não era para menos. A celebridade virtual e recentemente televisiva Rafinha Bastos, do CQC, era um dos palestrantes. Sim, para quem não sabe, o próprio Rafinha deixou muito claro que surgiu na Internet. Também no debate estavam Xico Sá, que dispensa comentários, e Mederijohn Corumbá, responsável pelo blog Galo Frito.Apesar de o tema da mesa ser o humor nas redes sociais, o que se viu foi umas das palestras mais educativas do evento até agora. Rafinha Bastos foi o primeiro a contar um pouco de sua trajetória nas redes. “Hoje em dia, por todas as ferramentas oferecidas, é fácil fazer um vídeo e se dar bem. Eu estou rico! Antes eu era um fudido! Morava em um apê que eu cagava e cozinhava ao mesmo temo”, brincou ele.Ao ser perguntado sobre o sucesso do humor nas mídias sociais, Xico Sá não hesitou. “Ainda somos medievais, capitanias hereditárias. Mas na internet todo mundo é igual, a gente pode dar porrada em todo mundo”. Após o tom irônico, ele salientou que o que o Brasil ainda vive nas mídias é pré-histórico, com o controle da informação em mãos de poucos. Sá não concorda com a presença dos grandes veículos nas redes sociais.”Eu não confio em informação nas redes sociais e não gosto de jornalistas nelas. As redes sociais devem ser um bar sem bebida. Por isso que eu prefiro o bar”, brincou. Ao ser questionado por uma ouvinte sobre a presença de jornalistas nas redes, ele foi sincero e direto. “Sou contra o jornalista porque sou um e odeio o que sou e onde estou”, afirmou, categórico. Foi o suficiente para que eu, em frente ao palestrante, escondesse meu crachá de imprensa.Um pouco mais contido, Mederijohn Corumbá apenas se limitou a incentivar aqueles que estão começando com humor nas redes. “É questão de persistência, não se pode desistir com um comentário ruim. É assim, 20 comentários bons, legal, nada de mais, mas um comentário ruim fode o seu dia”, confidenciou.Após muitas galhadas, foi a vez do primeiro debate da quinta, propriamente dito: Quantos, quem, onde, por que somos? Sonho x Realidade. Renê de Paula, da Localweb, e Gil Giardelli, da ESPM/GAIA, pareciam não concordar em gênero, número e grau, o que, no ponto de vista do público, acaba sendo muito construtivo. Na mediação estava Pedro Dória, do jornal O Estado de S. Paulo.Enquanto Giardelli teclava no fato da homogeneidade da rede, de Paula frisava que isso, para nós, brasileiros, ainda não existe. “Seu pai lutou no Vietnã? Vamos parar de pensar com cabeça de gringo! Não somos da geração Y, somos da geração BR”, enfatizou.Dória entrou na conversa e falou sobre a importância da multiatuação nas mídias. Responsável pela parte digital do Estadão, ele afirmou que, por toda a abordagem feita pelo veículo em que trabalha, ao contrário do que todos pensavam, a circulação do jornal impresso cresceu no ano de 2010, assim como a de seus principais concorrentes.Renê de Paula assumiu o microfone novamente para falar que o Brasil e os brasileiros estão “comendo bola”, perdendo preciosas oportunidades e vendo o trem passar, palavras dele, nas redes. Enquanto isso, Giardelli, claramente acuado, limitou-se a ouvir o debate.Após previsões apocalípticas sobre as redes e uso delas por parte dos brasileiros, Dória encerrou acalmando os ânimos e tentando despertar algo nos presentes. “É claro que as redes estão aí e têm, sim, muitas utilidades. Nosso ceticismo é justamente para instigá-los a dar novos rumos a nossa atuação nelas”, terminou.Para terminar a cobertura do site da Brasileiros da quinta-feira do Social Media Week São Paulo, a palestra O Futuro das Mídias Sociais, em que foi apresentado um pouco da história do meio e as transformações nas formas de se fazer comunicação.Alguns profissionais de importância no meio compareceram, como Abel Reis, da Agência Click Isobar, Edney Souza, do Blog Content, Martha Gabriel, da ESPM, Gustavo Fortes, da Espalhe, e Roberto Grosman, da agência FBiz, além da participação e moderação do professor Eric Messa, da FAAP, via e-mail devido a pequenos problemas de saúde.Edney Souza já foi logo apresentando idéias para a mobilidade. Como ela está presente em nosso cotidiano e em qualquer lugar estamos conectados, Souza também falou que uma nova tendência será as redes sociais passarem a ser focadas em assuntos específicos.Gustavo Fortes teve opinião semelhante. Ele ainda exemplificou com a nossa utilização e comportamento frente aos gadgets para comprovar a interação e mobilidade, abordando também o quanto a rede é importante para as empresas entrarem e interagirem com o consumidor de forma relevante e próxima. “Vai chegar um momento em que você vai abrir a latinha de refrigerante e automaticamente vai ser dado um like na página do produto no Facebook”, previu.As experiências atuais mostram que a forma com que utilizamos as redes sociais hoje tende a desaparecer. Veremos novas aplicações, abordagens que se adequem melhor a esse modelo cada vez mais interativo entre as redes e o usuário. “A forma de uso das redes se diferencia quando analisado em diferentes idades, fases da vida”, afirmou Martha, da ESPM.Roberto Grossman falou um pouco sobre como as ferramentas e conteúdos sociais vão se adequar aos grupos específicos. Abel Reis pegou o gancho e comentou sobre o engajamento produtivo entre a marca e o consumidor, em que a energia criativa é disposta de forma colaborativa. Como exemplo, ele falou sobre o case da Fiat Mio, no qual quem criou o carro foram os próprios consumidores, de maneira colaborativa.Uma outra questão abordada na palestra foi a de segurança nas redes. As informações pessoais que disponibilizamos são de fácil e livre acesso a qualquer pessoa mal intencionada, por isso, todos frisaram que é preciso se relacionar, mas de forma cautelosa. Reis lembrou também que da mesma forma que um golpista pode aplicar falcatruas e crimes nas redes, elas podem ser responsáveis por delatá-los.O site da Brasileiros segue acompanhando a Social Media Week São Paulo. Fique por dentro do evento por meio de nosso Twitter (@rev_brasileiros). Para quem não conseguiu se cadastrar, acompanhe tudo ao vivo aqui.

O 3º dia da #SMWSP


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