Final de tarde do Sábado de Aleluia em Porangaba. Nenhum judas foi malhado, e mais um dia ensolarado acabou sem novidades. Começo a escrever na hora de um belíssimo sol deitando por trás das montanhas da Serra de Botucatu.
Fico pensando como deve ser difícil fazer jornal todo dia, principalmente quando não acontece nada. Sei o que é isso, depois de quase meio século de jornalismo. Quando inventaram este negócio de blog, então, ficou pior. Sinto falta quando passo um dia inteiro sem escrever.
Fora os congestionamentos e os acidentes de sempre, nada de importante foi registrado neste feriadão acumulado de Tiradentes e Semana Santa. Para vocês terem uma ideia do que estou dizendo, a notícia que mereceu mais destaque nos noticiários foi o leilão da barba branca do governador baiano, meu velho amigo Jaques Wagner.
Relata Renée Pereira, do Estadão, enviada especial à ilha da fantasia de Comandatuba, onde João Dória Jr., o promoter de celebridades, autoridades, empresários, executivos e endinheirados em geral, frequentadores da revista Caras, reúne todos os anos “70% do PIB brasileiro”, segundo ele mesmo.
“O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), tomou uma decisão importante, ontem, durante evento realizado em Comandatuba. Para uma platéia de centenas de empresários, ele anunciou que vendeu por R$ 500 mil sua barba à Procter & Gamble, que fabrica a Gilette. O dinheiro foi doado ao Instituto Ayrton Senna”.
A principal notícia foi uma não notícia: a ausência da presidente Dilma Rousseff, anunciada em cima da hora, sem maiores explicações. Pois me pergunto: e por que a presidente da República teria que participar deste convescote chique cheio de patrocínios e vazio de ideias?
Além disso, ficamos sabendo pelos enviados especiais a Comandatuba, onde se reune também parte do PIB da imprensa brasileira, que o PMDB do vice-presidente Michel Temer, a principal autoridade presente, anunciou aos jornalistas a conquista do deputado socialista Gabriel Chalita, ex-PSDB de Geraldo Alckmin, para ser candidato do seu partido a prefeito de São Paulo em 2012.
Antes do final do grande evento do feriadão, fomos informados pelo meu colega Guilherme Barros, do iG, que o megaempresário Jorge Gerdau, nosso líder no movimento “Todos Pela Educação”, finalmente aceitou o convite da presidente Dilma Rousseff para integrar seu governo, como coordenador da Câmara de Gestão e Competividade, a ser criada nos próximos dias. Boa notícia.
Fora isso, e das mortes de todos os dias no Oriente Médio, ficamos sabendo, com algum atraso, já que a pesquisa do Datafolha é de março, que o PT tem ampla maioria (entre 29% e 32%) na chamada nova classe média tão cortejada nas últimas semanas pelos partidos do governo e da oposição (os tucanos ficaram com o apoio de 6% a 8% dos eleitores).
De Porangaba, pacata cidade de seis mil habitantes no interior paulista, onde tenho um sítio e venho há mais de 30 anos com alguma frequencia, ultimamente cada vez menor, também não tenho muitas novidades a contar. O que mudou foi só a vista da entrada da cidade, onde derrubaram o casarão da família Mendes para abrir uma rua em homenagem aos tropeiros.
Ah, sim, a minha amiga Ondina, sempre animada com a vida, bateu este ano seu recorde de vendas de ovos de Páscoa feitos em casa: foram mais de 500. Outra boa notícia é que seu marido, o velho Nivaldo, dono do bar do mesmo nome, está bem melhor de saúde, depois de sofrer por oito meses com as dores de um espinho de cobra que entrou no seu pé, coisa de que nunca tinha ouvido falar.
Bares, padarias, supermercados e lojas de todo tipo estavam apinhados de gente. Até em Porangaba o trânsito andava lento e não tinha lugar para parar o carro. Culpa do governo, claro. Agora todo mundo cismou de andar de carro próprio, viajar de avião, comprar sítio. Desse jeito, onde vamos parar? Nem em Porangaba se tem mais sossego
No próximo ano, é melhor irmos todos para a ilha de Comandatuba. Que tal?
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