A bruxa está solta! Aliás, a bruxa, o boi da cara preta, a mula sem cabeça, o saci… A turma toda! O dia 4 de maio, a partir de 2011, será conhecido como a data da zebra no futebol sul-americano. Contentes devem estar José Artigas, Simón Bolívar, José de San Martín e companhia, os Libertadores da América, homenageados com o nome da maior competição do futebol sul-americano e que, agora, observam os pequenos peitando as grandes potências do futebol no “novo mundo”.

Enquanto Barcelona e Manchester United, dois clichês em finais, confirmaram o favoritismo e se credenciaram para a grande final no principal torneio do velho continente, a Liga dos Campeões, por aqui, desde o ano passado, as coisas já pareciam estranhas, com a não classificação dos argentinos River Plate e Boca Juniors. Até aí, somente um alerta, título para o Internacional de Porto Alegre, que, na final, bateu os mexicanos do Chivas Guadalajaras.

Voltando para 2011, mais uma vez, Boca e River não entraram nem para disputar a fase pré-eliminatória do torneio. O Corinthians, obcecado pela competição, entrou. Do outro lado, o inexpressivo Tolima, da Colômbia, equipe agora conhecida por antecipar a aposentadoria do fenômeno Ronaldo.

Na fase de grupos, Santos e Fluminense suaram muito para alcançarem as oitavas de final. Os cariocas só avançaram na última rodada, após vencerem, fora de casa, os Argentinos Juniors e serem agraciados com o empate dos tricampeões, Nacional do Uruguai, frente ao America do México.

No final das contas, todos os brasileiros avançaram, Santos, Fluminense, Grêmio, Internacional e Cruzeiro, esse último com a melhor campanha da primeira fase e favoritismo absoluto ao título.

Primeiro jogo das oitavas de final, revés apenas do Grêmio, que perdeu para os chilenos do Universidad Católica por 2 x 1 no Estádio Olímpico. Veio o dia 3/5, e o Santos, no México, apenas administrou a vitória pelo placar mínimo no duelo anterior contra o América, para avançar. É possível dizer, embasado em acontecimentos que precederam esse embate, que o jogo seria outro caso fosse disputado no dia seguinte.

Finalmente, chegamos ao fatídico 4/5, o dia em que ninguém pôde rir de ninguém, o dia em que colorados e tricolores gaúchos choraram juntos e se solidarizaram, o dia em que os imponentes e celestiais, favoritíssimos ao título apanharam em casa, o dia em que os guerreiros tricolores se acovardarem e se retiraram de combate.

O Cruzeiro subestimou um dos mais “chatos” dos últimos tempos na competição, o Once Caldas da Colômbia, campeão em 2004 tirando nas quartas, semi e final, respectivamente, Santos, São Paulo e Boca Juniors. Ganhou fora por 2 x 1, praticamente não entrou no gramado em casa, perdeu por 2 x 0 e deu adeus.

Atual campeão, o Internacional jogava em sua casa por um empate por 0 x 0 ou vitória simples. Só que o adversário era ninguém menos que o Peñarol, “apenas” cinco vezes campeão do torneio no passado e que, se não tem a força de outros tempos, sabe jogar a Libertadores como poucos. 2 x 1 para os Uruguaios em pleno Beira-Rio.

Pelo menos não aguentarão a tiração de sarro dos gremistas, única eliminação aguardada, após duas derrotas para a competente equipe do Universidad Catolica.

A desclassificação do Fluminense é complicada de se explicar, não é possível pensar em nada melhor do que: “Não ganhou simplesmente por que não quis”. Após vencer por 3 x 1 a primeira partida, foi atropelado pelo Libertad por 3 x 0 no Paraguai.

Agora, para o Brasil, restou apenas um fio de esperança. Coincidência ou não, esse era o apelido do mestre Telê Santana, campeão da Libertadores em 1992 e 1993 com o São Paulo e mestre de Muricy Ramalho, atual técnico do Santos, que soube pular do barco no momento certo e abandonou o comando do Fluminense ainda na primeira fase do torneio. Será que o Telê iluminará seu pupilo?


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