Brasileiros – Como você recebeu a notícia de que o filme Trabalhar Cansa, o primeiro longa-metragem teu e da Juliana Rojas, tinha sido selecionado para a Mostra “Um Certo Olhar” no Festival de Cannes deste ano?
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Marco Dutra – Mandamos o filme para eles, mas não sabíamos das reais chances do filme ser escolhido. Ficamos apreensivos, eu e a Juliana, com a demora da lista dos filmes que estariam presentes no Festival de Cannes deste ano. Mas quando saiu a lista da Mostra “Un Certain Regard” (Um Certo Olhar), ficamos em êxtase com a inclusão do nosso primeiro longa-metragem. Ficamos sabendo que nosso filme havia sido escolhido dois dias antes da coletiva que os organizadores deram. Estou em êxtase até agora (risos).
Brasileiros – O que representa terem o primeiro longa escolhido em Cannes?
M.D. – Em primeiro lugar com certa apreensão, pois não sabemos como o filme irá “bater” no jurado e na plateia do festival. Será a primeira exibição do filme para o público e estamos totalmente no escuro. Poucas pessoas viram o filme, aliás, poucas pessoas do elenco e da equipe do filme. Então, será a primeira vez para todos nós.
Brasileiros – Com certeza não será para você a primeira vez…
M.D. – Eu já vi umas 300 vezes. Tem uma hora que você não consegue mais ter impressão nenhuma sobre o filme, de tanto assisti-lo.
Brasileiros – Você já é um velho conhecido do Festival de Cannes, não é?
M.D. – Quem foi que me dedurou para você (risos). Eu brinco que, de dois em dois anos, estou de alguma forma no Festival de Cannes. Isso começou em 2005, quando o nosso filme O Lençol Branco participou da Mostra Cinéfondation, que é reservada para filmes de conclusão de cursos de alunos de cinema de todo mundo. Depois, o curta-metragem Um Ramo, que fiz novamente com a Juliana Rojas, foi selecionado para o Festival de Cannes de 2007, na Semana da Crítica e ganhamos um prêmio (Prêmio Descoberta do Júri). Em 2009, não tinha nenhum filme meu em Cannes, mas estava presente como roteirista do filme de Eduardo Valente. E agora 2011, estou com o meu primeiro longa-metragem Trabalhar Cansa. Tenho uma relação ímpar com Cannes, não é uma feliz coincidência?
Brasileiros – Quando o filme estreia no Brasil?
M.D. – Possivelmente, no segundo semestre. Mas antes vamos fazer uma exibição para o público de Paulínia, pois realizamos o filme lá.
Brasileiros – Fale um pouco dessa parceira com Juliana Rojas, que parece ser bem frutífera…
M.D. – Estamos juntos desde a faculdade. Fizemos Cinema na Escola de Comunicação e Arte (ECA), da Universidade de São Paulo, e desde essa época estamos trabalhando em parceira. Temos um entendimento dos filmes que realizamos muito parecido, e isso ajuda e muito no trabalho coletivo e, consequentemente, no resultado.
Brasileiros – O filme de vocês tem um elenco desconhecido e é de baixo orçamento. Certamente, terá um pequeno lançamento nos cinemas do Brasil. O que vocês esperam do filme nos cinemas?
M.D. – Como você mesmo falou, é um filme sem elenco conhecido e de baixo orçamento. A história é simples e gira me torno de três personagens. Espero que a mesma atenção que os organizadores de Cannes tiveram com o filme o público brasileiro possa ter.
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