O ministro do Esporte do Brasil, Aldo Rebelo, alagoano de 58 anos e 37 deles envolvido na política – desde a sua entrada no Partido Comunista do Brasil (PCdoB) – transita atualmente em um meio que nunca foi tão presente na sua carreira pública: o futebol. Nomeado para a pasta em outubro de 2011, depois do escândalo de corrupção envolvendo o ministério e uma ONG na gestão de Orlando Silva, também do PCdoB, Aldo responde, desde então, por todas as críticas que o governo recebe da grande imprensa, da população e de movimentos sociais contrários à realização do Mundial, que começará nesta semana. “O serviço público é cansativo”, admite Aldo, nesta breve entrevista que concedeu à Brasileiros. Na quinta-feira (12), Aldo estará em um lugar privilegiado nas tribunas da Arena Corinthians, em Itaquera, na capital paulista, olhando para o gramado onde a Seleção Brasileira estreará contra a Croácia. Serão os primeiros noventa minutos em que a responsabilidade será apenas do time de Felipão. A seguir, a entrevista completa do ministro:
Brasileiros: Faltando alguns dias para a Copa do Mundo, há algo que gera preocupação no governo?
Aldo Rebelo: A preocupação de quem ocupa uma função pública é proporcional ao tamanho dessa responsabilidade. Ninguém com responsabilidade na organização do maior evento mundial pode dizer que não há preocupação. No governo, estamos preocupados em trabalhar para garantir que tudo corra bem. E, pelo que foi feito, dá para assegurar que a Copa vai ser um sucesso.
Brasileiros: Os jornais de São Paulo publicaram reportagens dizendo que mais de 50% das obras prometidas não foram cumpridas. Qual o argumento do governo para isso?
Aldo Rebelo: Na cobertura da Copa – como em outros assuntos – tem gente que prefere acentuar nossos problemas, nossos desequilíbrios e deixar de lado nossas virtudes que, se não os eliminam, já são maiores que nossos defeitos. O Brasil já é a sétima economia do planeta. Nos últimos anos, 40 milhões de brasileiros ascenderam pelo menos um degrau na escala social. Um país desse tamanho vai se atrapalhar com a organização da Copa da FIFA, por mais complexo que isso seja? As obras fundamentais para a realização do torneio estão prontas: os estádios e os acessos a eles, diversas obras de mobilidade, reformas de portos e aeroportos.
Brasileiros: O Brasil está preparado para o que virá após a Copa?
Aldo Rebelo: Após a Copa, nossas cidades estarão melhores, seremos mais conhecidos e reconhecidos. Vamos receber novos investimentos. A Apex – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – em parceria com empresas brasileiras, vai trazer ao Brasil, durante a Copa, mais de 2 mil investidores estrangeiros que terão mais de 800 encontros de negócios em várias cidades. Essa ação pode render até US$ 3 bilhões em negócios.
Brasileiros: As obras da Copa do Mundo continuarão no mesmo ritmo depois do Mundial?
Aldo Rebelo: Há uma certa confusão quando se trata das obras em execução no Brasil. A maioria das obras em andamento estava prevista e seria executada com, ou sem, a Copa. São melhoramentos necessários, exigidos pelo crescimento das cidades, pelo aumento da população de classe média. O movimento no aeroporto de Brasília, por exemplo, aumento de 2 milhões para mais de 15 milhões por ano na última década. Em Confins aconteceu a mesma coisa. Nosso sistema de transporte público precisa ser modernizado para atender os 40 milhões de brasileiros que conquistaram lugar na classe média. Então, não são obras para a Copa. São obras para a população brasileira e serão entregues logo.
Brasileiros: Foi cansativo para o senhor ser Ministro do Esporte durante a Copa?
Aldo Rebelo: O serviço público é cansativo. Mas é gratificante servir ao País.
Brasileiros: Ideologicamente, o senhor chegou a ser contra ou a favor da Copa do Mundo? E o seu partido?
Aldo Rebelo: Sempre fui a favor. E meu partido também.
Brasileiros: O Aldo Rebelo “jovem” faria parte do “Vai ter Copa” ou “Não vai ter Copa?”
Aldo Rebelo: Quando jovem, participei de muitas manifestações. E num período duro, de regime militar. Mas nunca tive nenhuma atitude que prejudicasse o país, seu patrimônio, ou o patrimônio de quem quer fosse. Hoje, em plena democracia, as pessoas escondem o rosto para cometer violência e depredar. Eu sou a favor da Copa.
Brasileiros: Um possível título da Seleção pode amenizar as críticas?
Aldo Rebelo: As críticas bem fundamentadas devem ser aceitas. Quem critica sem razão, vai seguir criticando com vitória, ou sem.
Brasileiros: Pelo senhor, pretende continuar no ministério para as Olimpíadas?
Aldo Rebelo: O cargo de ministro pertence à presidente Dilma [Rousseff].
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