Tulipa também escreve

Luiz Chagas é jornalista, colaborador da nossa Brasileiros e guitarrista dos bons, tendo tocado com ninguém menos do que Itamar Assumpção. Tulipa Ruiz, sua filha, toma rumo semelhante. É uma das cantoras mais promissoras da música brasileira, e, às vezes, se arrisca no jornalismo. Vamos ser justos, se arrisca não, tanto a música quanto o texto passaram de pai para filha por DNA, prova disso é o release do CD “Que isso fique entre nós”, do cantor Pélico, assinado por ela, reproduzido abaixo e que, pela qualidade, mais parece uma resenha:

por Tulipa Ruiz

A primeira vez que trombei com o som de Pélico foi na internet. Seu perfil denunciava que ele não tinha ganho nenhum festival, não era filho de ninguém e justamente por isso estava “pronto para o estrelato”. Achei divertido e isso me levou a clicar em todas suas músicas e vídeos. Gostei muito do que ouvi e passei a acompanhá-lo.

Como cantora, fico impressionada com a voz de Pélico. Minha sensação foi a de que ele teve muito tempo para entender o que fazer com a própria voz e deu um jeito de experimentá-la de diversas regiões. Quando o conheci pessoalmente foi difícil associar seu rosto à todas aquelas vozes. Ele precisaria ter mil caras para justificar o que eu tinha ouvido.

“Que isso fique entre nós”
Para nosso desfrute o Pélico fez um disco novo. Com todas as suas vozes. “Menos esquizofrênico”, diz ele. Duvido. Pélico esquizofreniza o amor no terceiro álbum. As boas línguas dizem que ele ouviu Ataulfo, Lupicínio, leu Nelson Rodrigues, rasgou o coração e fez um disco. “Menos guitarras e outros instrumentos”, anuncia. Vieram tubas, trompetes, trombones, clarinetas e fagotes para firular o nostálgico cenário d’amour.

Produzido por Jesus Sanchez (Los Pirata) o disco traz elegantes arranjos de sopro e violinos feitos por Bruno Bonaventura e músicos poderosos como Régis Damasceno (Cidadão Instigado), Richard Ribeiro (SP Underground), João Erbetta (Los Pirata), Tony Berchmans e Guilherme Kastrup.

São dezesseis músicas de amor. Ou melhor, desamor. Não, de solidão. Quer dizer, de esperança. Ou melhor, desapego. Ou pior, de saudade. Minto, de verdades.

Com vocês, cinquenta minutos do novo Pélico. E que isso não fique apenas entre nós.

Escute a música que intitula o CD:

Vale lembrar que Tulipa Ruiz também já colaborou para nossa edição impressa, escrevendo uma matéria publicada na edição 37, de agosto de 2010. Confira aqui.


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