Nada de politicamente correto

Roberto Saturnino Braga, ou somente Saturnino Braga, é figura conhecida da política brasileira, já foi deputado federal, senador da República, vereador e prefeito da cidade do Rio de Janeiro, aliás, ele foi o primeiro prefeito eleito, em 1985, após o restabelecimento das votações diretas. Uma vida política que totaliza mais de 50 anos.

Mas nem todo mundo sabe que, além da política, Saturnino Braga é também um escritor apaixonado pela literatura, pelo Rio de Janeiro, pelo Brasil e, acima de tudo, pelos brasileiros e seus casos e causos. Quem segue a Brasileiros já sabia desse outro talento de Saturnino Braga, em nossa 8ª edição, de março de 2008, ele assinou a bela matéria intitulada Piauí abre passagem, onde desvenda os mistérios e as belezas desse Estado ainda pouco difundido no eixo Rio – São Paulo.

Já são mais de 10 livros lançados e, nesta quinta-feira, dia 21 de julho, ele lança mais um, Cartas do Rio, pela Editora Record, no qual ele disseca os relacionamentos pessoais e amorosos que envolvem o casamento. Saturnino Braga fala, sem pudores, sobre sexo, prazeres, desejos… Também, fala sobre a falta de tudo isso, outra questão que pode assolar um matrimônio.

Por telefone, conversamos brevemente para saber suas expectativas e objetivos com o livro.

Brasileiros – Qual foi sua inspiração para esse livro e o que o senhor espera com esse lançamento?
Saturnino Braga –
Há muito tempo, desde que deixei a prefeitura do Rio, em 1988, passei a escrever. Sempre gostei muito de fazer isso, porém, nunca tive muito tempo, a política não me permitia. Escrevi meu primeiro livro no início dos anos 1990, voltei ao Senado, mas continuei escrevendo, terminei meu mandato em 1996 e aí comecei a escrever bem intensamente. Hoje, escrevo todos os dias, é minha principal ocupação. E eu gosto muito de literatura… Claro que tenho uns livros sobre política, acho que uns quatro, mas sempre gostei de literatura, de ficção. Esse, (Cartas do Rio), é um romance. Escrevi muitos livros de contos, tive um até que foi premiado (Contos do Rio), recebeu o prêmio Malba Tahan, da Academia Carioca de Letras.
Esse vai ser, na verdade, meu 12º livro. Inicialmente, pretendia fazer um romance em forma de cartas, por isso o nome do livro. Depois é assim mesmo, a gente vai escrevendo e vai modificando a idéia ideia original. Introduzi um narrador, que resolvi fazê-lo participar da trama e desenvolve-se um romance que fala muito sobre o amor, sobre o casamento, o amor no casamento.

Esse vai ser, na verdade, meu 12º livro. Inicialmente, pretendia fazer um romance em forma de cartas, por isso o nome do livro. Depois é assim mesmo, a gente vai escrevendo e vai modificando a ideia original. Introduzi um narrador, que resolvi fazê-lo participar da trama e desenvolve-se um romance que fala muito sobre o amor, sobre o casamento, o amor no casamento.

Brasileiros – No livro, o senhor fala sem pudores sobre temas polêmicos como sexo e traição. Como acha que isso vai ser recebido por crítica e público?
S. B. –
Eu espero que seja bem recebido, primeiramente eu espero que seja lido (risos). Até agora, quem leu fez referências muito boas.

Brasileiros – Você acha que apesar da evolução e modernização de nossa sociedade atual, ainda somos hipócritas ao falar de assuntos considerados tabus?
S. B. –
Na verdade é. É aquela hipocrisia cotidiana, porém, acredito que essa sociedade compreende e conhece a verdade, a hipocrisia é comportamental.

Brasileiros – Não apenas esse, mas todos os seus livros, também acabam sendo uma homenagem à cidade do Rio de Janeiro…
S. B. –
Ah sim! Meus livros, quase todos se passam no Rio, e têm forte ligação com a cidade. Meu primeiro livro se chamava A História do Rio em Dez Pessoas, eram dez contos ao longo da história da cidade, desde os anos de 1930. Depois, escrevi Geografia do Rio em 4 Posições, que eram quatro histórias curtas passadas no Rio. Na sequência, Os Contos do Rio, sobre a filosofia do Rio em sete dimensões… Enfim, sempre tive isso em mim e na forma de escrever.

Brasileiros – E qual é essa relação que liga você à cidade do Rio?
S. B. –
Eu não só nasci, fui criado e sempre morei aqui, como também fui prefeito da cidade, fui vereador, tenho uma ligação muito forte e muito íntima com essa cidade. Esse laço está transparente em meu livro e em meus personagens.

Brasileiros – O seu livro trata de um assunto que todos tentam desvendar por inteiro: os caminhos para se manter um casamento/relacionamento saudável e feliz. Como o senhor enxerga esse assunto?
S. B. –
Hoje, a competição no mercado, o exercício profissional, que atualmente também pode ser exercido pela mulher, fato que não acontecia tempos atrás, fez com que tanto homem quanto mulher fossem muito exigidos, a competição aumentou. Acho que essa disputa acaba corroendo a vida afetiva, consequentemente, afastando casais, é uma das novas forças corrosivas de casais. Claro que existem outras, mas essa, por exemplo, é recente.

Brasileiros – Para não perder a viagem, já que estamos falando com um nome importantíssimo da história de nossa política, gostaria que o senhor analisasse a recente guinada de nosso País e os rumos que caminha o Brasil.
S. B –
Minha avaliação é positiva. Lógico que existe esse flagelo da corrupção, que parece incontrolável. Mas, olhando o Brasil de hoje e comparando o Brasil do meu tempo, e olha que estou completando 80 anos este ano, é outro País! Consolidamos a democracia algo que parecia impossível décadas atrás, quando diziam que o brasileiro não sabia votar e outros absurdos do tipo. Hoje isso acabou, o Brasil demonstrou sua capacidade para o exercício da democracia, e foi além dessa ideia do positivismo, da democracia tradicional, elegemos um torneiro mecânico, um trabalhador como Presidente e ele foi o responsável por projetar nossa nação mundialmente. Foi uma demonstração de que somos um País com consciência e prática democrática, e está evoluindo e vai continuar evoluindo para se tornar… Na verdade, já é uma das principais economias do mundo e vai se firmar cada vez mais.


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