A vingança holandesa 1432 dias depois da África do Sul

Torcedores holandeses comemoram goleada em Salvador. Foto: Maria Carolina Lopes/ Portal da Copa
Torcedores holandeses comemoram goleada em Salvador. Foto: Maria Carolina Lopes/ Portal da Copa

Desde que a bolinha da Holanda surgiu no Grupo B, encabeçada pela Espanha na Copa do Mundo, no sorteio realizado na Costa do Sauípe, no dia 6 de dezembro do ano passado, os jogadores, o técnico Louis Van Gaal e os milhões de holandeses lembraram, inevitavelmente, do domingo de 11 de julho de 2010, data em que o meio-campista Iniesta fez o único gol da decisão do Mundial da África do Sul minutos depois do atacante holandês Robben desperdiçar uma chance na frente do goleiro Casillas. A Espanha era campeã do mundo pela primeira vez.

Daquele dia para esta sexta-feira (13) foram exatamente 1432 dias. Não se esperava que um reencontro viria na Copa do Mundo seguinte, e ainda na primeira fase, fato inédito na história do torneio, e muito menos que acontecesse o que aconteceu na Arena Fonte Nova, em Salvador: uma goleada de 5 a 1 para a Holanda, com dois gols de Robben, dois de Van Persie e um do zagueiro De Vrij, resultado que veio depois de um gol espanhol, feito pelo volante Xabi Alonso, de pênalti. É, até agora, o placar mais elástico da Copa do Mundo do Brasil.

O resultado foi tão inesperado que sequer os jogadores holandeses acreditaram. Questionado sobre o jogo, assim respondeu Van Persie. “Foi incrível. Quando marcaram o primeiro gol nos preocupamos, mas marcamos o nosso primeiro no momento certo, pouco antes de ir para o segundo tempo. E nosso segundo tempo não poderia ser melhor. Poderia ter sido mais, até cinco. Aliás, foram cinco, né? Então poderia ter sido seis, sete…”, disse.

O técnico da Holanda, Van Gaal, também demonstrou surpresa. “Obviamente, não esperávamos esse resultado. Não se espera que possamos marcar cinco gols e sofrer um”, falou, em entrevista coletiva.

A Espanha, no entanto, usou explicações folclóricas para lamentar a goleada: alguns falaram sobre o azar da seleção espanhola ao vestir o seu segundo uniforme, todo branco, ao contrário do tradicional vermelho da primeira camisa. Outros lembraram que a Espanha não se dá bem quando se apresenta no Brasil em Mundiais, já que na Copa de 1950 também foi goleada, pela Seleção Brasileira, por 6 a 1, no Maracanã.

Os jornais espanhóis foram reflexos destes sentimentos: o Mundo Deportivo, da Catalunha, lembrou que foi uma sexta-feira em um dia 13. Já o Marca, da capital Madrid, imprimiu uma capa preta na edição deste sábado, em luto ao resultado. O Sport, também da Catalunha, pegou mais pesado, chamando o resultado de “ridículo”. O goleiro Iker Casillas, que falhou em um dos gols, foi outro que adotou um discurso forte em sua atuação na partida. ” Foi uma das piores atuações que tive com a seleção, talvez a pior. Seguramente a pior. Temos que esquecer essa partida e pensar no Chile. Vamos pensar na partida mais importante que temos. Se não ganharmos, estamos praticamente fora do Mundial”, disse.

A Espanha enfrentará o Chile, na quarta-feira, às 16h, no Maracanã. Mais cedo, às 13h, a Holanda pode garantir a classificação se vencer a Austrália, no Beira-Rio, em Porto Alegre.


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