Celso Amorim é o novo Ministro da Defesa

O embaixador Celso Amorim, o chanceler que mais tempo permaneceu à frente do Ministério das Relações Exteriores, superando até a figura mitológica do Barão do Rio Branco, tem desde a noite da quinta-feira, 4, uma nova missão pela frente: comandar o Ministério da Defesa, em substituição a Nelson Jobim, demitido pela presidente Dilma Rousseff, depois de uma sequência de declarações desastradas ou pouco felizes, incluindo a afirmação de que teria votado em José Serra e não em Dilma, e críticas às ministras Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann, feitas de maneira depreciativa.

Para Celso Amorim, que é diplomata desde 1965, a tarefa será mais uma em sua longa lista de trabalhos como servidor público: “Pretendo servir e trabalhar pelo País com o mesmo afinco e empenho, servindo ao Estado, sem perder de vista os interesses maiores e estratégicos da Nação”, afirmou em João Pessoa, onde proferiu, na manhã desta sexta-feira, 5 de agosto, uma palestra da Universidade Federal da Paraíba. O novo ministro afirmou que tinha muito apreço pelo trabalho feito por seus antecessores na pasta, “inclusive o Ministro Nelson Jobim”, e que considerava a estratégia nacional de defesa um “projeto muito importante”. Celso afirmou à Brasileiros que tinha sido convidado pela presidente Dilma minutos antes do anúncio de sua nomeação. “Agora, voltarei ao Rio de Janeiro, onde moro depois de ter saído do governo, mas já no sábado estarei em Brasília, para uma reunião com os comandantes militares e com o chefe do Estado-Maior conjunto”, afirmou. Hoje, aliás, a presidente se reuniu com os chefes militares e informou que eles permanecerão nos postos, buscando acalmar os ânimos.

Na verdade, a indicação de Celso Amorim causou algumas reações negativas, especialmente no Exército, com oficiais generais questionando, de maneira pouco lógica, a capacidade de um diplomata em cuidar de assuntos de guerra e outros lembrando “o seu passado esquerdista” como algo negativo (certamente se esquecendo de quem ocupa hoje a Presidência da República). Mas o que alguns desconhecem é que Celso Amorim, junto com muito outros diplomatas em altos postos no Itamaraty, sempre foi favorável, por exemplo, ao Programa Nuclear da Marinha, o que deve provocar muitos sorrisos de satisfação nos encarregados do programa de construção dos novos submarinos, incluindo o nuclear. Ele também é favorável à retirada progressiva das tropas brasileiras do Haiti, outro afago, especialmente ao Exército. De qualquer modo, coube ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no seu estilo direto, lembrar aos militares quem manda. “Não cabe aos militares gostar ou não gostar de uma indicação da Presidente da República”, afirmou Lula.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.