O goleiro mexicano Guillermo Ochoa, que impressionou o mundo nesta terça-feira (17) por ter evitado uma eminente derrota de sua seleção para o Brasil, na segunda rodada da Copa do Mundo, em Fortaleza, está desempregado há um mês e duas semanas. Sua última partida foi no dia 10 de maio, ainda com a camisa do Ajaccio, modesta equipe da França, contra o Reims, no Stade François-Coty, na cidade que leva o mesmo nome, para pouco mais de oito mil pessoas, pela liga nacional francesa. Tomou um gol aos 41 minutos da etapa final, do congolês Prince Oniangue, quando a torcida, já esquecida da vitória por 2 a 1, levantava pequenas bandeiras com seu rosto e gritava seu nome em agradecimento aos três anos que defendeu as cores do time do sul do país. Ele ainda não sabe onde vai jogar após a Copa do Mundo.
“O Ajaccio foi rebaixado para a segunda divisão francesa e o Ochoa não quis ficar para disputar uma liga inferior. Ele está esperando propostas. Todos os dias os jornais mexicanos falam de clubes europeus que querem contratá-lo e, recentemente, falou-se na Espanha que o Barcelona pensava em tê-lo como goleiro reserva”, revelou o jornalista mexicano Gibrán Araige, do jornal Récord, da Cidade do México, à Brasileiros. O clube francês foi apenas o segundo da vida futebolística de Ochoa, apesar de sua idade mediana, 28 anos, e de ter disputado três Copas do Mundo, na Alemanha, em 2006, na África do Sul, em 2010, e esta que está sendo jogada no Brasil. Antes, Ochoa jogou desde a sua juventude no América do México, um dos clubes mais populares do país.
Guillermo Ochoa, porém, parece não estar acostumado com o sucesso. Ao contrário, conviveu com um grave problema para um atleta em tempos recentes e perdeu popularidade: convocado para defender o México na Copa Ouro (que reúne seleções da CONCACAF) de 2011, Ochoa foi flagrado no exame antidoping com outros cinco jogadores da seleção por uso de uma substância chamada clenbutero. A Federação Mexicana de Futebol chegou a expulsá-los para sempre, e só voltou atrás meses depois, quando foi comprovado que, na verdade, eles comeram uma carne contaminada com a substância. “Infelizmente era tarde demais para assinar com um clube europeu de ponta. O Ajaccio foi o único que estendeu a mão para mim”, contou em entrevista recente no México.
Em seu país, no entanto, Ochoa é ídolo. Natural de Guadalajara, a segunda maior cidade mexicana, as pessoas ainda o chamam de “Memo”, apelido de infância, ele é frequentemente visto em peças publicitárias e é um dos mais ovacionados pelos torcedores nos jogos da seleção. “Há uma disputa no México entre ele e o Jesús Corona, que é outro grande goleiro da nossa seleção. É um cara agradável, que atende os torcedores e ganhou o coração de todo mundo por ser muito humilde. Percebe-se isso até na proximidade que as pessoas pensam ter com ele, chamando-o pelo apelido. As jovens são loucas por ele (risos)”, conta Gibrán. Uma destas meninas já até conquistou-lhe o coração: Dulce Maria, uma das cantoras mais famosas do país por sua liderança no grupo Rebelde, sucesso também no Brasil. A relação terminou em 2005 com boatos de traição. Hoje, Ochoa é casado com a modelo Karla Mora, com quem tem uma filha.
Os jornalistas esportivos mexicanos preferem lembrar da maneira como Ochoa surgiu no futebol local. Guillermo era das categorias de base do América, mas foi chamado as pressas para substituir um dos maiores jogadores da história do país, Adolfo Rios, que se machucou. Esperava-se que ele jogasse apenas enquanto Rios se recuperava, mas ele não saiu mais. “Todo mundo ficou impressionado com a qualidade dele, principalmente porque era um jovenzinho ainda”, diz Gribán, do Récord.
Nesta quarta-feira (18), um dia após ter feito o que chamou de “melhor jogo de sua vida” diante do Brasil, em Fortaleza, Guillhermo Ochoa foi assunto em todos os jornais do mundo. Até os tablóides ingleses, acostumados a criticar, fizeram longos textos elogiosos sobre o goleiro mexicano. O “The Guardian” publicou reportagem onde lista os motivos para ele não estar em um grande clube europeu e o “Mirror” brincou com a folclórica história de que Ochoa teria, supostamente, seis dedos em cada mão. O “Olé”, da Argentina, que sempre brinca com o futebol do Brasil, culpou o goleiro pela atuação “amarga da Seleção Brasileira”, e o Récord, do México, chamou-o de “Senhor Fantástico”. No Brasil, os sites preferiram lembrar da semelhança entre a principal defesa no jogo de ontem – em cabeçada de Neymar – com a que o goleiro inglês Gordon Banks fez na partida entre Brasil e Inglaterra, na primeira fase da Copa de 1970, no próprio México, e até perfil de sua mulher pipocou nas redes. Mas foi na internet, logo apó o jogo, que surgiram as melhores definições para ele, feitas com os tradicionais “memes” (veja abaixo).
Ochoa entrou, deste a partida desta terça, no hall dos jogadores que já fizeram a Copa do Mundo no Brasil valer a pena, ao lado do atacante Campbell, da Costa Rica, principal jogador na surpreendente vitória de sua seleção sobre o Uruguai, por 3 a 1, e do alemão Thomas Muller, que fez três dos quatro gols da Alemanha sobre Portugal. Que venham outros!
Clique aqui e veja a defesa de Guillermo Ochoa em cabeçada de Neymar, em Fortaleza
Memes sobre a atuação de Ochoa que pipocaram nas redes sociais nesta quarta (18):
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