“Sou a favor das manifestações”

Manifestação desta quinta-feira (19) na Marginal Pinheiros. Foto: Agência Brasil
Manifestação desta quinta-feira (19) na Marginal Pinheiros. Foto: Agência Brasil

Um dia depois de ter uma de suas lojas atacadas – na quinta-feira (19), na Marginal Pinheiros, zona sul de São Paulo – em uma manifestação que teria o objetivo de comemorar a data de um ano da revogação da tarifa de ônibus, metrô e trens na cidade, a empresária Mariana Caltabiano, de 41 anos, representante de um dos maiores grupos de venda de automóveis do Brasil atesta à Brasileiros: “eu sou a favor das manifestações”.

Nesta sexta-feira (20) pela manhã, Mariana publicou um pequeno texto em seu perfil do Facebook expondo sua opinião sobre a recente onda de protestos pelo País e relembrando, nas entrelinhas, dos trágicos acontecimentos que acometeram sua família nos últimos anos: Pedro Augusto Linhares Caltabiano, 38 anos, e João Francisco Caltabiano, 40 anos, ambos os principais executivos da rede, morreram no acidente com o Airbus da TAM, em 2007, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e o pai dela e dono da empresa, Bruno Caltabiano, de 63, faleceu em janeiro de 2009 depois de um período de depressão pela morte dos filhos e por problemas cardíacos.

Mariana falou brevemente à Brasileiros no início da tarde desta sexta. O texto publicado por ela na rede social está abaixo da entrevista. Veja a seguir:

Brasileiros – Já deu para avaliar o prejuízo que a depredação gerou? Fala-se em cerca de 2 milhões…

Mariana: Eu ainda não tenho uma informação precisa.

Brasileiros – É a primeira loja do grupo que foi depredada?

Mariana: Alguns anos atrás jogaram uma bomba caseira em uma de nossas lojas, mas foi algo isolado. Simplesmente um ato de vandalismo.

Brasileiros: Num pequeno texto no seu Facebook, você cita a recente felicidade da sua mãe, que havia terminado uma decoração na loja há algum tempo. Como ela está?

Mariana: Ela está bem chateada, mas voltou ao trabalho hoje mesmo. Ela perdeu dois filhos no acidente da TAM/Airbus e o trabalho a ajudou muito a seguir em frente. Ela é uma guerreira. Isso é pouco perto do que já passamos.

Brasileiros: Neste mesmo texto, você se diz a favor das manifestações. É uma conclusão que persiste mesmo depois de ontem?

Mariana: Sim. As pessoas têm o direito de se manifestar. É importante reivindicar o que acreditam ser justo. Mas nada justifica o vandalismo.

Brasileiros: Você participou de alguma das manifestações que começaram no ano passado?

Mariana: A única manifestação da qual participei foi a que ocorreu na época do acidente da TAM/Airbus. Acidente que matou meus irmãos João e Pedro.

Brasileiros: Ainda neste texto você diz que mais nada te derruba”, talvez uma lembrança do que aconteceu com seus irmãos e seu pai. Nestas horas as figuras deles retornam de alguma maneira?

Mariana: Sim. Fico imaginando o que eles fariam num momento como esse. Acho que ficariam orgulhosos da força da minha mãe, da mesma forma que eu fico.

Brasileiros: Talvez ainda seja cedo, mas o que esperam fazer com a loja? De certa forma, pela violência que foi, a concessionária de ontem pode virar lugar comum para outros vandalismos.

Mariana: Já estamos consertando a loja para que nossos clientes e funcionários não sejam prejudicados. Vamos aumentar a segurança para que não ocorram mais depredações como esta.

Brasileiros: Os donos de concessionárias estão preocupados com a onda de depredações? Acabar com fachadas de vidro pode ser uma alternativa?

Mariana: Acredito que estejam preocupados. Não sei se acabar com fachadas de vidro é uma alternativa. Investimento em educação seria mais eficaz a longo prazo.

Brasileiros: O que você achou da atitude da Polícia Militar especificamente no caso de ontem?

Mariana: Eu não estava lá, mas pelo o que ouvi, parece que eles poderiam ter feito algo.

Texto publicado por Mariana Caltabiano em seu perfil no Facebook nesta sexta-feira pela manhã
“Destruíram uma das nossas lojas na manifestação de hoje. A gente dá emprego pra um monte de gente, não xinga a presidente, faz tudo certinho e é isso que recebe em troca. O pior é que a minha mãe tinha acabado de cuidar da reforma dessa loja pessoalmente e estava bem feliz. Ainda assim vamos seguir em frente. Chega uma hora na vida que mais nada te derruba. Sou a favor das manifestações, mas sem vandalismo.”


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