Visão em cores de um psicopata

A atriz xxx em cena
A atriz Samantha Eggar em cena

Os filmes coloridos do final da década de 1960 são facilmente identificáveis, assim como os dos anos de 1970. Em cada um desses dois períodos, parecia havia um tipo específico de textura das películas usadas em sua produção, capaz de dar um tom próprio e marcante de seu tempo. No primeiro caso, os tons eram mais fortes, intensos, quase psicodélicos. É o que se vê, quase 50 anos depois, em pequenas obras-primas, como “Perdidos no Parque”, “Love Story” e “Ao Mestre com Carinho”. E é essa mesma peculiaridade intensa que impressiona na cultura produção inglesa “o Colecionador”, do diretor William Wyller (1902-1981), o mesmo de “Bem-Hur”, que sai pela primeira vez em homevideo no Brasil, em formato de DVD e versão restaurada, pela Versátil.

Adaptado do romance anônimo de Paul Bowles (1910-1999), de “A Mulher do Tenente Francês”, o longa conta com bastante fidelidade a história de um jovem bancário londrino – Terence Stamp, de “Teorema” –, cujo passatempo é ser um dedicado colecionador de borboletas. até que entra em delírio psicótico e decide caçar uma moça – Samantha Eggar, de “Ver-te-ei no Inferno” – em uma pequena cidade. Depois de fazê-lo, ele a aprisiona em cativeiro como se também fosse uma borboleta. Inteligente, o rapaz pensa que cometeu o crime perfeito: nem a vítima conseguirá escapar nem será descoberto pelo seu crime. E começa um intenso jogo de gato e rato em forma de mind games entre os dois para saber que conseguirá subjugar o outro. Ele, claro, leva todas as vantagens porque a garota é sua prisioneira. E espera perder o controle de tudo.

Um dos melhores filmes da década de 1960, “O Colecionador” tem trilha sonora marcante de Maurice Jarre. Foi indicado a três Oscars e venceu os prêmios de Melhor Ator e Atriz no Festival de Cannes. Um pouco menos que o texto original, “O Colecionador” explora de modo pioneiro uma série de elementos sobre os limites entre a sanidade e a loucura. Diferente de outros filmes do gênero, a dissimulação nesse irresistível suspense não está tão clara, não há a certeza de que dos limites de sua doença. Os múltiplos significados do uso das cores e o interesse do vilão por flores e borboletas ressaltam o quanto a perda de juízo pode enganar e fazer mal, ante a incapacidade da medicina e da psiquiatria em descobrir algum diagnóstico. Corra para ver.

 


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