Quem é Ruth Escobar?

“A Dignidade de uma Senhora, que fez tanto pela cultura e pela Politica Cultural e direitos das minorias… Hoje ela sequer tem plano de saúde ou um médico que a acompanhe… É apenas atendida pelo Sus..enquanto isso..os que detêm suas contas….”. Essa foi a frase que acompanhava uma triste e chocante foto de Ruth Escobar, postada no Facebook por sua filha Patrícia.
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Ruth Escobar nasceu em Portugal, mas foi no Brasil que ela se fez. Aqui ela se mostrou, sendo nos palcos ou atrás deles, produzindo, mas também, principalmente, como ativista cultural e social. Desde os 15 anos no País – chegou em 1951 – ela está entre os nomes mais importantes de nosso teatro e foi a grande idealizadora da Companhia Nova Teatro, uma das mais significativas em produção cultural no Brasil. Foi Ruth também quem estava por trás do 1º Festival Internacional de Teatro de São Paulo, em 1974, que teve como grandes convidados o americano Bob Wilson e o argentino Victor Garcia.

Entre suas peças mais marcantes, destaque para Roda Viva, de 1968, escrita por Chico Buarque. Ruth foi produtora e atriz do espetáculo que enfrentou a censura imposta pelos militares e chegou a ser invadida pelo Comando de Caça aos Comunistas. No ano seguinte, outro feito digno de ser relembrado: dirigida por Victor Garcia na peça O Balcão, 1969, ela conquistou os mais importantes prêmios da categoria e, logo em seguida, receberia o prestigiado Roquette Pinto, que a coroou como a personalidade daquele ano.

Na década seguinte, a de 1970, Ruth deixou o teatro em segundo plano e passou a se dedicar na luta contra o Regime Militar, inclusive, a fundação do Comitê da Anistia Internacional aconteceu em um de seus teatros. Ela só foi voltar a produzir teatro integralmente nos anos 1990, após dois mandatos como deputada estadual por São Paulo.

Foram incontáveis suas contribuições ao País que tanto ama, desde o final da década de 1950, até 2001, quando produziu a readaptação de Os Lusíadas, clássico de Luiz Vaz de Camões. Não parou por que quis, a devastadora doença de Alzheimer tomou conta de sua ativa cabeça e interrompeu sua trajetória. Diagnosticada com a doença em 2000, hoje Ruth Escobar vive amparada por um enfermeiro em sua casa no Pacaembu e, segundo seus filhos, não recebe o tratamento adequado. Interditado desde 2006 e gerido por um escritório de advocacia, o patrimônio de Ruth também corre risco, já que, novamente segundo seus filhos, todo acervo guardado por ela há anos está sendo extremamente mal administrado.

Triste ironia para o País que, desde os primórdios, peca pela falta da memória e finge não conhecer aqueles que o amam, acreditam e lutam por ele.


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