Foi por meio das notícias de jornal que, ainda criança, a hoje historiadora e produtora cultural Lilian Ferreira de Souza começou a “ter acesso ao mundo”, como ela diz. Filha de um entregador de jornais, se debruçava com fascínio sobre aquelas páginas que sobravam na casa da família, no Grajaú (zona sul de São Paulo). Logo tomou gosto por História, e após terminar o ensino médio em escola pública, trabalhou como operadora de caixa em um supermercado para poder pagar o cursinho. Entrou na Unesp de Assis, e no ano seguinte conseguiu transferência para a USP, onde se formou em 2007.
Para realizar o mestrado que defende este ano, Lilian entrevistou cerca de 70 sobreviventes do Holocausto, e conseguiu bolsa para estudar um mês em Jerusalém. “Trabalhei com a história de pessoas mais velhas, e acho bonita a trajetória deles. A gente que é novo não viveu muita coisa”, diz ela, aos 31 anos. Mas é difícil concordar que Lilian “viveu pouco”: durante os últimos anos, além de fazer o mestrado, realizou uma série de projetos educacionais e culturais na periferia, ajudou a cuidar do pai (que morreu em decorrência de um câncer), administrou um estúdio de música e passou em um concurso para dar aula de História na rede pública. “Acho que já estudei demais, está na hora de passar o que aprendi. Não quero ser exceção, mais jovens de periferia tem que ingressar na universidade. Temos muita coisa ainda para lutar pela educação, e essa vai ser a minha trajetória”, conclui.
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