Apito final na Seminários Brasileiros – São Paulo na Copa do Mundo de 2014. A última mesa, que teve “São Paulo e o futebol” como tema, foi a mais descontraída e futebolística de todas. No papo, os jornalistas Silvio Luiz, Alberto Helena Jr, Orlando Duarte e Roberto Muylaert, além da presença ilustre de Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, que será capa da edição da Brasileiros de dezembro.

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Antes dos palestrantes terem a palavra, foi passado um vídeo do jornalista Mino Carta relembrando suas memórias da época em que a Copa do Mundo esteve no Brasil pela primeira vez, em 1950. Em seguida, Roberto Muylaert não deixou a bola cair e também falou, com dor no peito, sobre a tragédia do Maracanaço. “Eu estava lá, eu vi, depois até acabei escrevendo um livro sobre o Barbosa, o único brasileiro na história a receber ‘pena de morte’.”, disse fazendo ao jus ao goleiro da seleção na época, nunca perdoado pela torcida por conta do segundo gol sofrido, o gol da virada e que deu o título para a seleção Uruguai diante de quase 200 mil brasileiros.

Diferente do restante do seminário, a mesa final foi muito mais um papo de boleiro, com gente que entende muito e gosta de falar sobre o assunto. Orlando Duarte entrou na conversa e disse lembrar exatamente dos 6 jogos que aconteceram na Copa de 1950 em São Paulo. “O mais marcante foi a vitória de 3×2 da Suécia em cima da Itália, que tinha uma grande torcida de imigrantes no Brasil”, comentou. Sobre a participação do Brasil naquele Mundial, Duarte lembrou da atrapalhada homenagem que a seleção recebeu em São Januário um dia antes da final da Copa, como se já fossemos os campeões, o que obrigou os jogadores a largarem a concentração. “Perdemos a Copa naquele dia 15 de julho de 1950, não no dia seguinte, na final. 1950 não foi o primeiro ano de nossas conquistas, mais foi o primeiro de nosso crescimento, de nosso aprendizado”, ponderou o jornalista.

Alberto Helena Jr era outro que ouvia com um sorriso saudosista na cara, apesar dos apenas 9 anos de idade na época. Helena Jr contou que escutava a final de 1950 no sítio de seu tio, em Tanque, e corria ao rádio de tempos em tempos enquanto jogava sua bola com os amigos. Sobre uma história curiosa do torneio, ele lembrou de uma que muitos poucos conheciam. “O senhor Jules Rimet, então presidente da Fifa, meio velinho na época, se dirigiu ao túnel quando estava uns 30min do segundo tempo, com o Brasil vencendo por 1×0… ele estava certo que daria a taça para o Augusto capitão do Brasil. Vendo o silêncio fúnebre no estádio, reparou no placar e viu a virada… foi mais ou menos o que aconteceu com o Andrés ontem”, soltou arrancando risos de todos os presentes e um belo sorriso amarelo do presidente do Corinthians.

Aproveitando a deixa, Andrés Sanchez puxou o papo do passado e entrou no presente, no futuro. Perguntado sobre como andavam as obras na Arena Corinthians, que segundo o próprio não se chamará Itaquerão, ele disse estar muito bem encaminhado e usou a oportunidade para afastar qualquer tipo de desconfiança sobre o destino do dinheiro investido na obra. “As contas na arena serão totalmente abertas no nosso site oficial, do primeiro ao último parafuso.”. O presidente do Corinthians se disse particularmente feliz pela transformação que ocorrerá na zona leste com o novo complexo esportivo que, segundo ele, será apenas a cereja no bolo perto do que se pretende para lá: “Isso é o que vale em uma Copa do Mundo, o legado que vamos deixar para nossa sociedade. Sem isso, a Copa em algum país não vale nada.”, comentou sensato. Corajoso, Andrés não se curva a entidade máxima do futebol, a Fifa, e fez críticas duras as exigências impostas por ela. “Não é Copa do Mundo do Brasil, é Copa do Mundo Fifa no Brasil. Quem controla tudo é a entidade e o Brasil, como todos os outros países, se sujeitam a todas as vontades.”.

Sempre irônico e crítico, Silvio Luiz concordou com Andrés Sanchez na questão. O último palestrante do evento continuou com o tom de denúncia e não poupou na hora de falar mal da toda poderosa do mundo da bola. “Em 1950, a Copa era um torneio de futebol, hoje é um negócio, um grande negócio, e como todos os negócios precisa de sócios, ‘tutu’…”. Mais radical que os demais, antes de terminar, Silvio Luiz afirmou que desde o começo era contra a Copa e as Olimpíadas no Brasil por achar que, antes de festa, é preciso focar em nossos problemas políticos e sociais, além também de não achar nosso povo, em geral, preparado para receber eventos desse porte. Apesar do ceticismo, o jornalista disse estar torcendo muito para o sucesso do Brasil nessa empreitada. Mas é preciso todos nós ficarmos de olho no lance!


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