Meu caro, Thor Batista, filho do homem mais rico do Brasil, se envolveu em um grave acidente na noite de ontem: atropelou um ciclista, que morreu na hora. É curioso que o site da Revista Brasileiros tenha, recentemente, abordado questões idênticas. Neste caso, contudo, toda a atenção está voltada para o atropelador, que responde pelo nome do Deus mais forte da mitologia germânica.
O atropelamente aconteceu na rodovia Washington Luiz, próximo ao Rio de Janeiro, e já surgiram duas verções completamente diferentes dos fatos. Pela primeira, contada pela família da vítima, o ciclista estaria transitando pelo acostamento, o qual teria sido invadido pelo motorista. Por esta versão, Thor pode ser indiciado por homicídio culposo, que se dá sem intenção de matar.
Já a versão de Thor, ou de seus rápidos advogados, é de que o ciclista teria cruzado a pista indevidamente. Após atropelar a vítima, o motorista teria corrido a um posto da Polícia Rodoviária Federal para pedir socorro, ainda com estilhaços de vidro no rosto. Se os fatos se confirmarem assim, Thor sequer responderá à ação penal.
Não sou criminalista, mas estudei Direito, e pratiquei por mais de vinte anos. Dois fatos gravíssimos já maculam as investigações: o motorista bilionário não compareceu à Delegacia de Polícia logo após o acidente, e o carro, cuja perícia é fundamental para esclarecer os fatos, não foi guinchado para o páteo da Polícia, mas levado por um dos advogados da família. A perícia feita no local do acidente não é suficiente.
A isenção na apuração ajudaria a Thor, comprovando sua inocência. Já se tem duas vítimas do acidente: um ciclista, e a verdade. O terceiro envolvido, filho do homem mais rico do Brasil, não será incomodado, estejam certos.
Deixe um comentário