COI proíbe atletas africanos de disputas na China

Pessoas recebem orientação dos Médicos sem Fronteiras sobre ebola no Mercado de Matoto, em Freetown, capital de Guiné-Conacri. Foto: afreecom/Idrissa Soumaré

O Comitê Olímpico Internacional divulgou nesta sexta-feira (15) que fará restrições para atletas da África Ocidental que participarem dos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanjing, na China, que têm início neste sábado (16) e vão até o dia 28 de agosto, por causa do surto do vírus ebola.

Três atletas estarão, inclusive, proibidos de disputar as modalidades de combate físico e piscina. O COI não divulgou o nome deles. Os outros africanos que conseguiram viajar para a China vão passar por testes de temperatura e exames físicos regulares durante o evento. “Lamentamos que devido a este problema alguns jovens atletas podem sofrer duas vezes, tanto pela angústia causada pelo surto do ebola em seus países como pela incapacidade de disputar os Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanjing”, diz trecho do comunicado.

A medida confirma, em partes, a denúncia da Comissão Nacional de Esportes da Nigéria, que retirou a delegação do país que disputaria as competições por afirmar estar sofrendo pressão das autoridades chinesas. “Nossos atletas foram colocados em quarentena e impedidos de treinar ao lado de atletas de outros países desde que as notícias sobre o ebola começaram a chegar aos ouvidos dos chineses”, disse Gbenga Elegbeleye, diretor geral da entidade africana. A delegação de Serra Leoa – que já estava em território chinês – também informou que não vai participar do evento, tendo que voltar para Freetown, capital serraleoense. O chefe da missão do país, Unisa Deen Kargbo, estava tendo a temperatura do corpo verificada a cada duas horas, segundo jornais do país.

Seis meses para controle do vírus

A presidente da ONG Médicos sem Fronteiras, a canadense Joanne Liu, disse nesta sexta-feira (15) que o vírus ebola pode demorar seis meses para ser controlado na África Ocidental. Segundo ela, que passou dez dias viajando pelos países mais afetados, “a epidemia da doença criou uma situação de guerra, incluindo a ameaça de escassez de alimentos, e pode demorar seis meses para ser controlada. É como uma linha de frente, que vai se movendo, avançando, e que não temos ideia de como para-la”.

Liu também criticou a Organização Mundial da Saúde (OMS), da ONU, dizendo que a entidade apenas decretou “emergência sanitária mundial”. Ontem, a agência informou que o número de contaminados pelo vírus pode ser maior do que o divulgado oficialmente, principalmente em zonas de contaminação com dificuldades de imersão por parte dos agentes de medicina.

O último balanço da OMS, divulgado nesta sexta-feira (15) mostra um aumento de 76 mortes entre os dois últimos dias por causa do vírus ebola. Agora, são 1.145 e 2.127 casos confirmados da doença em Serra Leoa, Nigéria, Libéria e Guiné-Conacri. Serra Leoa é o país com o maior número de casos, 810, e a Libéria contabiliza o maior número de mortos: 413.

Médico estadunidense

A Samaritan’s Purse, entidade cristão da qual faz parte o médico estadunidense Kent Brantly, informou nesta sexta que ele receberá alta do hospital em breve. Ele está internado há duas semanas no Hospital Emory, em Atlanta, no Estado de Geórgia, nos Estados Unidos, recebendo doses do soro ZMapp, um dos poucos medicamentos disponíveis no mundo para tratamento de ebola. “A equipe do hospital está cuidando extremamente bem dele”, diz trecho do comunicado.


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