Diários de Macalé

O cantor e compositor Jards Macalé durante as filmagens de "Soluços" (Foto: Luiza Sigulem)
O cantor e compositor Jards Macalé durante as filmagens de “Soluços” (Foto: Luiza Sigulem)

Nos dias 26 e 27 deste mês, o Teatro Oficina, em São Paulo, será palco de um espetáculo que promete entrar para a extensa galeria dos célebres eventos que acolheu. Revisitando pérolas de seu repertório, como Gotham City, Hotel das Estrelas, Mal Secreto e Vapor Barato, o compositor carioca Jards Macalé promoverá uma experiência sensorial ao lado de Lanny Gordin, rei da guitarra tropicalista e parceiro decisivo para a sonoridade vibrante de seu antológico álbum de estreia, de 1972.

Além do reencontro histórico, Sinfonia de Jards – Meditação para a Cosmobaba, deve provocar estímulos, com a inusitada interatividade que propõe. Dirigidas por Chico França e Gregório Gananian, peças audiovisuais, editadas a partir da captação de cinco câmeras, serão projetadas, simultaneamente, em cinco telões, dialogando com a performance de Macalé e Lanny.

As filmagens foram realizadas em janeiro e a reportagem de Brasileiros esteve infiltrada na casa do compositor, no Rio de Janeiro, e nos sets de gravação, ao longo de cinco dias. As impressões dessa rica experiência de proximidade com o homem por trás desse autor de real grandeza, obscurecido pela eterna aura de maldito, são narradas a seguir.

O morcego patriota do Jardim Botânico 

Segunda-feira de calor implacável no Rio de Janeiro, 10h da manhã. Depois de cruzar a ponte Rio-Niterói e enfrentar tráfego intenso no Aterro do Flamengo, seguimos esbaforidos em dois carros até as ruas do Jardim Botânico, rumo à casa de Jards Macalé. Sob o braço direito do Cristo Redentor, em um pequeno apartamento térreo de uma estreita rua de paralelepípedos em formato de U, Jards nos aguarda, ansioso. Fixados na parede da entrada do apartamento, observo dois signos cultuados por ele: uma enorme pipa de nylonem formato de morcego e um relógio de madeira com a bandeira do Brasil talhada à mão com a sentença “desordem e regresso”. Um presente do amigo cineasta Nelson Pereira dos Santos e uma provocação à devoção de Jards pela bandeira brasileira.

Sem temer a desordem e o regresso, desde que provocou furor público pela primeira vez, em 1969 – quando subiu ao palco do IV Festival Internacional da Canção, acompanhado de Os Brazões, para defender Gotham City, parceria com o amigo, poeta, Capinam -, Macalé tem perseguido a contramão dos caminhos trilhados por alguns de seus ilustres pares dos anos 1960, como Gal Costa, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Jamais conheceu o mesmo êxito comercial dessa “santíssima trindade” tropicalista, mas, desde sempre, defendeu uma condição altiva de estar à margem. Como bem disse em seu álbum homônimo de 1998: “Maldito é a mãe, o que faço é música!”. Ao som de Wave na voz sublime de João Gilberto, antes de partirmos para a primeira gravação, Macalé dá uma rápida passada por sua agenda para checar os compromissos dos próximos dias. Fala com entusiasmo do aniversário do amigo Luiz Melodia, que acontecerá na quinta-feira, e recorda que, no dia seguinte, não poderá gravar, cedo. Precisa ir à sessão semanal de psicanálise e também devolver o terno de seu analista, gentilmente emprestado para que ele pudesse comparecer com o garbo necessário à posse da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, em Brasília, dias antes. 

Desde 1994, Jards e Ana protagonizam uma amizade colorida que (o cantor deixa revelar) faz linha tênue com outros interesses afetivos.

Desconfiado, Macalé muda de assunto. Enquanto afina o violão, recorda a hilária tentativa de João Gilberto de roubá-lo, em 1972. De volta ao País – na célebre passagem em que exigiu ser recebido por Caetano Veloso e disputou com ele uma partida de pingue-pongue em pleno saguão do Galeão -, João chegou querendo saber qual era o melhor violão do Rio e mais de um músico recomendou que pedisse emprestado o de Jards. Fã devoto de João, e também conhecedor da fama do baiano de colecionar violões alheios, Macalé hesitou muito, mas decidiu emprestar o instrumento manufaturado pelo renomado luthier uruguaio Juan C. Santurion. Por segurança, exigiu de Octávio Terceiro, inseparável agente de João, a devolução imediata assim que o último acorde fosse tocado no Canecão. Quatro dias depois, nada do violão. Indignado, Macalé foi até o hotel onde João se hospedava e só arredou o pé de lá, quase cinco horas depois. Depois de subir e descer os elevadores por quatro vezes, Octávio Terceiro partiu em nova tentativa, levando consigo alguns doces de banana que Jards havia acabado de comprar na rua. Ao chegar ao quarto, ofereceu um deles a João que, na primeira mordida, quis saber a procedência da guloseima que fez com que ele se lembrasse dos doces que comia na infância em Juazeiro – e saiu com esta: “Mas por que o Jards não sobe, Octávio? Traga ele até aqui e descubra de onde são esses doces!”. Violão resgatado, uma amizade musical nasceria daí. No segundo encontro – uma visita à casa de dona Lygia, mãe de Macalé, que vive em Penedo, no interior do Rio -, o convite para um café vespertino foi levado ao pé da letra por João e suas excentricidades. Ao ouvir a campainha, Jards seguiu até a porta e deu de cara com o baiano trazendo violão, pó de café e coador à tiracolo. 

A programação da primeira manhã de filmagens se inicia com a produção dos vídeos que acompanharão a execução de Let’s Play That, faixa do primeiro álbum de Jards, com a pena elegante do poeta Torquato Neto. Em busca de inspiração, Macalé procura o CD homônimo em que regravou o tema com Naná Vasconcelos, em 1983, e coloca a faixa para tocar no repeat, em volume de festa. Ao trancar o apartamento e sair para a rua, observo que ele não desligou o aparelho e que a música continuará ecoando repetidamente pela vizinhança. Ele dá de ombros e conclui: “Deixa tocar, qual o problema?! Sou um rapaz solteiro, não devo satisfação a ninguém!”. 

Seguimos para uma viela com extensa escadaria, a uns 500m da casa de Jards que, em alusão a Tarzan, emite um berro gutural que ecoa pela mata úmida e exuberante do Morro do Corcovado. Não tarda para sermos perseguidos por mosquitos e borrachudos sedentos por sangue. Jards recomenda a compra de repelente. Enquanto a equipe prepara o set, pego um dos carros e sigo com ele até a farmácia mais próxima. Ao sair de lá, Jards sugere tomarmos um café em uma padaria da Rua Humaitá. Aguardamos a garçonete vir tirar o pedido e o jornal do dia, sobre a mesa, desperta a atenção de Macalé. Folheando as páginas de cultura, ele dá de cara com uma matéria que anuncia o aniversário de 70 anos do amigo Jorge Mautner. A festa acontecerá, horas mais tarde, no Circo Voador, com direito a show de Mautner ao lado do parceiro Nelson Jacobina, da Orquestra Imperial, e a ilustre participação de Gil, Caetano, Melodia e do próprio Jards, muito embora, para a fúria dele, o jornal sequer mencione seu nome ao longo do texto de meia página. Macalé dobra o tabloide, o arremessa na cesta de lixo e decido partir para uma questão polêmica. Comento que o reencontro dele, Gil e Caetano é aguardado há décadas – Macalé esteve distante de Gil e rompido com Caetano, desde a primeira metade dos anos 1970 -, ele comenta, entre sorrisos céticos, as tentativas indiretas de reaproximação de Caetano, que frequentemente o elogia e diz sentir sua falta aos amigos em comum. Ele também diz gostar de Caetano, mas se mostra melindroso e revela que a gota d’água de suas desavenças veio quando, em uma discussão financeira, após um show em 1974, foi chamado de canalha pelo baiano. Algo imperdoável para ele. 

De volta ao set, muito repelente para conter os insetos e em menos de meia hora, trajando apenas shorts, descalço e empunhando o violão, Jards resolve a filmagem de Let’s Play That, por conta própria, satisfeito com sua performance no segundo take.

Retornamos ao apartamento e começam os preparativos para o segundo registro do dia. O tema é Gotham City e será gravado em duas etapas: um passeio ao Jardim Botânico, caracterizado de Batman, e uma caminhada, fantasiado de Coringa, em pleno sábado, pelas ruas estreitas e apinhadas de gente do Saara, o maior comércio popular do Rio. Trajando cueca samba-canção, camiseta do Super-Homem, uma canga com a bandeira do Brasil fazendo as vezes de capa e dois itens originais do figurino do homem-morcego – a máscara e um largo cinturão sobreposto na barriga proeminente – Macalé sai às ruas e canta os versos de Capinam, repetindo aos berros o refrão “Cuidado, há um morcego na porta principal! Cuidado, há um abismo na porta principal“. Por onde anda, ele é perseguido por risos e olhares pasmados de vizinhos e comerciantes que o reconhecem e o cumprimentam. Tomamos o caminho de volta e uma cena impagável é registrada, Jards estaciona no farol de pedestres ao lado de um policial militar que o fita, indiscretamente, da cabeça aos pés. Com seriedade inabalável, ele olha para o homem, acena com a cabeça, espera ele avançar pela faixa e comenta, sorrateiro: “Defendemos a ordem por aqui!”.

Encerramos o dia exaustivo indo direto ao Circo Voador para celebrar os 70 anos de Mautner. Por sorte – e com os equipamentos ainda nos carros -, a equipe é autorizada a entrar nos camarins e acaba filmando o reencontro de Macalé e Caetano, em registro de Chico, Gregório e seu irmão, César. Um longo e afetuoso abraço e o pedido sussurrado de “… Vamos com calma, Caetano”, insinuam uma reaproximação gradativa. Qualquer um que tenha escutado Transa – obra-prima do baiano que teve direção musical de Jards, não creditada, motivo este alegado, há décadas como o estopim da briga – sabe o quanto essa ruptura de laços afetivos foi também uma baixa lamentável para nossa música.

Confissões de um peitólogo
Empresária de Jards, a produtora cultural Maria Braga, tia da atriz Alice Braga e irmã de Sônia Braga (cultuada como uma pin-up tropical por esse escriba em sua adolescência), nos hospeda em Niterói, justamente na casa da atriz, onde ela se instala em suas passagens pelo Brasil. Objeto de desejo de toda a equipe, a enorme cama de Sônia é dividida em rodízio e é nela que desperto de um sono profundo e revigorante.

Depois da maratona do dia anterior, a terça-feira reserva uma agenda bem menos extenuante. De volta à caverna do morcego, enquanto o figurino da tarde é preparado, Macalé põe-se a substituir uma bandeirola retangular fixada na parede que divide seu quarto da sala por uma ilustração com dois anjos. Quando tira a bandeirola da parede, uma foto em preto e branco de Maria Bethânia – muito jovem, torso nu e seios à mostra – faz-se revelar, para a surpresa de todos. A imagem é rapidamente coberta pela ilustração dos anjos, e Macalé justifica a presença da foto na parede, pois, como “peitólogo” que é, tem de ter sempre à mão aquela imagem. Esclarecendo sua obsessão, ao ver uma chamada de Order & Law na TV – um de seus seriados prediletos – ele comenta que uma das atrizes é filha de Jane Mansfield e atesta que, como a mãe, ela também tem um belo par de seios, mas ressalva que Jane está em outro patamar, no mesmo cânone onde estão Anita Ekberg e a irmã do amigo Caetano.

Seguimos até o centro do Rio, na estação de embarque das balsas que levam a Niterói, na Praça XV. De terno branco e camisa azul, caracterizado de malandro (ou de Moreira da Silva, seu saudoso parceiro e mestre), Macalé canta e dança Mambo da Cantareira, composição de 1960, de autoria de Barbosa Silva e Eloide Warthon, que empresta a frase “aprender a nadar” ao título de seu seu segundo álbum, de 1974, em que Jards a regravou. O mambo de Barbos ae Eloide ironiza o péssimo serviço de travessia prestado pelo Grupo Carreteiro, fato que culminou no episódio conhecido como a “Revolta das Barcas” e na estatização do serviço com a fundação da Companhia Cantareira. Uma forte chuva de verão antecipa o encerramento da gravação e corremos para o Jardim Botânico.

Reunidos em um café de uma das travessas da Rua Humaitá, ouvimos Jards contar, orgulhoso, que foi ele quem redigiu a nota de falecimento fixada na porta do bar ao lado, tocado há décadas pelo grande amigo Américo, morto há menos de 15 dias. “Aquela ilustração dos anjos, eu tirei daqui. Vivia dizendo para o Américo que iria levá-la para casa e ele brincava ‘só se for por cima do meu cadáver’. Pronto, levei…”. Café tragado, Jards passa no bar vizinho, o Rebouças, para cumprimentar o garçom e amigo Chico. Questionado por Gregório – que esteve na noite anterior no bar e conversou com o rapaz – se o nome do garçom não era Jorge, Jards sai com mais essa: “Sim, sei disso, mas desde a primeira vez que o chamei de Chico ele respondeu. Pronto, virou Chico!”.

O Rio sem tom e o Brasil mediano
Em 1987, uma epidemia de dengue e conjuntivite assolou o Rio de Janeiro. Macalé satirizou a questão no compacto de 12 polegadas que trouxe a impagável faixa Rio Sem Tom (uma paródia de Vamos a La Playa, do Menudo) e uma leitura de Blue Suede Shoes (o clássico de Carl Perkins, eternizado por Elvis Presley). Se o registro de Blue Suede Shoes é impregnado de sambalanço, um Jards caracterizado de bluesman e cantando arrastado é quem dá o tom na versão filmada nesta tarde de quarta-feira. Uma das cinco câmeras estava incumbida de registrar um close de seus pés marcando os compassos. Diante da falta de coordenação para cadenciá-los, Jards sentencia: “Não consigo controlar meus pés. O direito é o João Gilberto e o esquerdo é o João Donato”. 

Encerrada a filmagem de Blue Suede Shoes, pausa para um café e a leitura de uma nota publicada no site da Brasileiros, onde comento a apresentação de Jards na festa de 70 anos de Mautner. Jards lê o texto, diz, sucintamente, que gostou, e me convida para um cigarro do lado de fora, enquanto a equipe prepara a sala para filmar Choro Esdrúxulo. Sentado em um dos bancos dispostos no pequeno corredor, ele traga compulsivamente o cigarro e mantém o silêncio por alguns segundos. Quando decide falar, elogia o trabalho da equipe de filmagem, “esses meninos estão fazendo a coisa certa, estão fazendo o que é necessário ser feito”, e se diz cansado com a imprensa “burra e maledicente”. Justifica, afirmando que quando houve o anúncio da nomeação de Ana de Hollanda para a pasta da Cultura, passou a ser sondado por repórteres ansiosos por uma confirmação de que eram casados, namorados ou coisa que o valha. “Era só o que me faltava: depois de ser taxado de maldito a vida toda, passar a ser lembrado como o cunhado do Chico ou o namorado da ministra!”

Reservado, ele novamente foge do assunto e migramos o papo para as expectativas do governo Dilma. Ponderado, Macalé prevê uma continuidade do projeto do ex-presidente Lula e dispara: “Até defendo que o Lula fez coisas importantes, mas se seu grande feito foi elevar tanta gente à classe média isso me assusta. Feliz de quem teve ascensão, mas tudo o que é médio é vizinho do que é mediano e medíocre. Esse não pode ser o único projeto do País!”. As filmagens são retomadas e Macalé protagoniza uma situação absurda. A ideia concebida por Chico e Gregório para Choro Esdrúxulo é uma paródia do programa Roda Viva, da TV Cultura. Ao centro da arena, Macalé é sabatinado por outros quatro entrevistadores, naturalmente, todos eles o próprio Macalé.

Nudez estelar – Um coringa na multidão
Exaurido pela maratona de filmagens – e também preocupado em guardar energias para o aniversário do amigo Luiz Melodia -, encontramos Macalé somente dois dias depois. Se a quarta foi de repouso, o dia promete uma grade extenuante. Três filmagens, em quatro diferentes locações: o bar do recém-falecido Américo e o vizinho bar Rebouças, onde será registrado Soluços; a Praia do Diabo, onde são feitas as imagens para Vapor Barato; e o apartamento de Jards, onde uma comovente versão de Hotel das Estrelas foi registrada. Quando Gregório propõe a Jards ficar sem camisa e esclarece que as câmeras ficarão orbitando em seu corpo, ele não hesita: “Porra, sendo assim, vou ficar nu de uma vez por todas!”. Despido, ele surge da cozinha trazendo na mão uma gargantilha de São Jorge e pede ajuda para colar a imagem que ganhou da mãe. Amuleto de Ogum no pescoço, quando se põe a cantar com os olhos fechados, os versos do amigo Duda – parceiro de Jards na composição que ficou célebre na voz de Gal Costa em Fa-Tal – surgem sublimes e provocam arrepios: “Dessa janela, sozinho/olhar a cidade me acalma/estrela vulgar a vagar/rio e também posso chorar…“. Encerrado o take, um silêncio impactante invade a sala. Depois das inspiradas performances de Vapor Barato, na Pedra do Arpoador, e de Soluços, no bar Rebouças, a equipe conclui que o dia estava ganho. 

Na manhã de sábado, o sol surge impiedoso. Jards nos recebe, bem-humorado, ansioso por transformar-se em Coringa, mas adverte que o fará quando estivermos no Saara, pois não quer pagar tamanho ridículo nas ruas do bairro. Observo uma foto dele ao lado de Vinicius de Moraes e pergunto se o violão que ele empunha é o mesmo cobiçado por João Gilberto. Macalé diz que não, recorda que a foto foi feita em 1962 na casa do poeta, e faz questão de narrar a história da compra de seu primeiro violão aos 15 anos, negociado a troco de banana com um bêbado. Abandonamos os carros em um estacionamento próximo ao Saara e a metamorfose acontece ali mesmo. Macalé tem o cabelo ralo tingido por uma pastosa tinta verde. A boca, em desenho enorme, impregnada de batom vermelho. Suando em bicas, ele parte conosco, à pé, para o Saara e embrenhamos na multidão que se locomove frenética entre as ruelas multicoloridas e barulhentas.

Música de acento popular – funk carioca, sertanejo e forró – ecoa por todos os cantos. Vendedores anunciam ofertas, e seguranças observam tudo, solitários em seus assentos de quase 3 m de altura. Infiltrado nesse caos tropical, Jards berra os versos de Gotham City, desafiando a multidão. Com a profusão de câmeras que o cercam, a maioria dos transeuntes parece mais pasmada por não saber quem é aquele sujeito do que por sua tresloucada figura. Por todas as ruas, ouve-se “quem é esse louco?!”, “que maluquice é essa?!”. A equipe entra em uma loja de artigos religiosos, onde Jards compra uma imagem de São Jorge e não poupa os lojistas do alerta de Gotham City:Cuidado, há um abismo na porta principal!“. O passeio é encerrado com a visita a um comércio especializado em pipas que tem em Macalé um cliente assíduo. Ele sai de lá com um novo modelo do Batman em mãos e um sorriso congelado no rosto – ainda mais grotesco pelo suor que escorre e desfaz a maquiagem, e demonstra grande satisfação com as boas experiências da atípica semana. Em novembro, o morcego patriota do Jardim Botânico sobrevoará os céus de São Paulo e um capítulo elementar dessa nova aventura se encerra aqui.


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