Adélia. Jean-Claude Alphen.
Pulo do Gato, 56 páginas
A sutileza deste livro vem acompanhada de levíssimo humor, afetuosa cumplicidade e uma dose certa de ambiguidade. Já na capa, identificamos todos estes elementos.
O rosa no título Adélia aparece também nas bochechas da menina e na porquinha sentada ao seu lado – qual das duas será dona desse nome? Elas parecem íntimas e compartilham a leitura de um livro numa poltrona confortável. Ao longo da narrativa, as expressivas imagens também contam a história e revelam os principais segredos. É preciso silenciar e apenas observar a importante sequência de páginas sem texto. Pede-se um leitor atento e, sobretudo, apaixonado por livros, como Eveline e Adélia.
O Dia da Festa. Renato Moriconi.
Pequena Zahar, 48 páginas
Autor do belíssimo e premiado Bárbaro, Renato Moriconi pode ser considerado atualmente um dos mais importantes ilustradores brasileiros. Dedica-se às artes visuais desde 1994 e tem no humor e na pesquisa pictórica algumas de suas principais marcas autorais. Neste O Dia da Festa não é diferente. Moriconi mescla pinturas e colagens produzidas a partir de obras-primas da história da arte e o resultado é um livro de grande impacto visual. Bosch, Duchamp, Pedro Américo, Goya, Botticelli, Gustave Doré e Tarsila do Amaral estão entre as referências inspiradoras, informadas nas páginas finais. Nuvens em tons de azul pintadas nas guardas do livro conduzem o leitor a uma narrativa onírica, que tem como protagonista um animal branco de chifre dourado. Tudo leva a crer que se trata do lendário unicórnio, doador de incrível poder ao rei que dele fizer montaria. Seguimos sua travessia por reinos distantes, certos de que cumprirá a anunciada profecia. Ao observador mais atento, no entanto, algumas pistas ambíguas guardadas nos detalhes das imagens dão indícios do imprevisível final. O passeio misterioso e ao mesmo tempo divertido por paisagens deslumbrantes, tendo como um dos guias o texto conciso, faz deste livro uma obra indicada a leitores de todas as idades.
Sem Fim. Marilda Castanha.
Editora Positivo, 60 páginas
Um homem e uma árvore como personagens centrais de uma narrativa nos lembram, imediatamente, A Árvore Generosa, clássico de Shel Silverstein (1964). Embora haja semelhanças entre as duas histórias – a intimidade da relação entre os dois, a fronteira tênue entre cumplicidade e exploração –, o que predomina é a diferença. Neste Sem Fim, Marilda opta por um final feliz, intermediado pelo imaginário. Há, ainda, presença marcante de brasilidade na escolha das cores e na diversidade da flora e da fauna representadas. Com este livro-imagem, a autora-ilustradora mineira foi selecionada no Nami Concours 2017, que envolveu mais de mil artistas de 89 nações. Além disso, uma das ilustrações do livro estampa a capa do catálogo brasileiro na importante Feira Internacional de Bolonha 2017.
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