“Revolver”: Os 50 anos do álbum mais importante dos Beatles

Cada de "Revolver": o é álbum mais importante dos Beatles? - Foto: Reprodução
Cada de “Revolver”: o é álbum mais importante dos Beatles? – Foto: Reprodução

Qualquer afirmação sobre “a melhor música” ou o “o melhor disco” dos Beatles é razão para brigas apaixonadas seja entre beatlemaníacos seja entre amantes da música pop. Mas os Beatles não são uma banda de rock? Essa polêmica fica para outro dia. Hoje, a missão é “provar” que, com seus 50 anos completados hoje, Revolver é o álbum mais influente da banda mais influente de todas.

A revista americana Rolling Stone pensa diferente. Em seu ranking dos 500 melhores discos, Revolver (1966) é terceiro colocado. Aparece atrás de Pet Sounds (1965), dos Beach Boys, em segundo, e de Sgt. Pepper’s Lonely Heart Club Band (1967), historicamente o vinil mais aclamado do quarteto.

“Eu não vejo muita diferença entre Revolver e Rubber Soul [1965]”, disse certa vez George Harrison, para quem o disco anterior poderia compor com Revolver “volume um e volume dois”. Pode discordar? Pepper’s é o volume dois de Revolver. Apesar da mão de tinta na capa, do mergulho definitivo na psicodelia e das canções grudadas que marcaram o disco de 67, é impossível descartar as semelhanças entre os dois discos.

Depois das primeiras experimentações musicais em Help! (1965) e das novas temáticas exploradas por Rubber Soul, Revolver chegava às lojas naquele 5 de agosto de 1966 revestido de artpop. A colagem da capa projetada pelo artista e amigo da banda, Klaus Voormann, indicava um novo caminho para o grupo, agora com os dois pés fincados na maioridade.

Na vitrola, a primeira surpresa: Harrison e sua Taxman abria um disco dos Beatles pela primeira vez – um rock tão potente quando a abertura de Pepper’s, canção de MacCartney, que também assina a segunda faixa de Revolver: com seu arranjo de cordas, a aclamada Eleonor Rigby versa sobre a incomunicabilidade entre as pessoas. Tema e estrutura revisitados pelo músico na sexta faixa do disco seguinte, She’s Leaving Home. Se na primeira canção um padre sem fiéis reza um funeral, na segunda, os pais de uma garota de classe média tentam entender porque a filha adolescente fugiu de casa depois de lhe terem dado “tudo o que o dinheiro pode comprar”.

Lennon estreia em Revolver com I’m Only Sleeping, primeira música em que lhe atribuem o uso de drogas. “Todo mundo parece pensar que estou preguiçoso/Mas eu não ligo/Eu acho que eles estão loucos”, canta. Também foi a primeira faixa na história a usar solos de guitarra gravados e tocados de trás para frente: técnica abusada depois por outras bandas, como os Byrds, que fez uso dela em diversas faixas de seu psicodélico Younger Than Yesterday, álbum lançado em fevereiro de 1967 e considerado influência ao Pepper’s, lançado quatro meses depois.

Harrison, que em Revolver emplaca três músicas pela primeira vez em um álbum da banda, retorna com Love You To. Depois de dedilhar uma cítara em Rubber Soul, aqui o guitarrista constrói um clássico pop com o instrumento indiano em uma adaptação que ele volta a explorar em sua única participação em Pepper’s, Within You Without You. Se esta não é o volume 2 de Love You To

As semelhanças não terminam aí. O álbum de 67 tem em A Day in The Life a joia da coroa, música que tira o fôlego de um ouvinte desatento nos 33 segundos em que uma orquestra de 40 instrumentos toca a mesma nota em overdub. Revolver também fecha um álbum com a canção mais experimental do grupo até então, Tomorrow Never Knows, com letra adaptada do Livro Tibetano dos Mortos e sonoridade que misturou instrumentos e colagens, antecipando em 22 anos a fórmula do duo eletrônico The Chemical Brothers, que costuma tocar uma versão da música em alguns shows.

As 14 canções de Revolver e e as 14 de Sgt. Pepper’s definitivamente não merecem que comparações resumam a importância delas. Mas a banda do sargento pimenta levou certa vantagem: chegou às lojas no auge da psicodelia, cujas portas foram arrombadas por Revolver e, antes, pelo Pet Souds. Sgt. Pepper’s Lonely Heart Club Band era o álbum certo, da banda certa em pleno “verão do amor”.

Enquanto as bandas concorrentes corriam para registrar a versão psicodélica de si mesmas, como os Rolling Stones e seu controverso Their Satanic Majesties Request, os garotos de Liverpool refinavam a fórmula do disco anterior e o entregava na embalagem colorida, própria daqueles tempos. Era a hora de os Beatles deixarem o status de banda de rock para ganhar o selo de visionários, responsáveis pelo álbum mais inventivo do pop.

Bobagem. Eles já tinham feito isso dez meses antes.

Confira uma lista com algumas canções do Revolver tocadas por outros artistas:

801, banda experimental com Brian Eno tocou esta versão para Tomorrow Never Knows:
 

Eleanor Rigby com The Nite-Liters: 

E Taxman, com The Music Machine:



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