Celebrar algo é, também, lembrar de quem, no passado, teve importância no fato que se comemora. No caso, a cidade de São Paulo e seu mais importante cartunista na primeira metade do século XX: Belmonte, cujo nome de batismo do paulistano Benedito Bastos Barreto (1897-1947). Entre 1921 e 1947, ano em que morreu de tuberculose, ele trabalhou intensamente como ilustrador, cartunista, caricaturista e cronista nos jornais Folha da Noite e Folha da Manhã. Tornou-se um combativo militante pela democracia, pela valorização da capital paulista, sua gente e sua cultura, além de ter se destacado contra o autoritarismo de Getúlio Vargas nos 15 anos em que ele esteve no poder, entre 1930 e 1945, e de Adolf Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Por tudo isso, Belmonte foi o mais popular desenhista de humor de São Paulo em todos os tempos. Não existiu nenhum que chegasse perto antes ou depois dele. Exagero? Certamente, não. Ele se tornou uma espécie de entidade, uma celebridade em seu tempo. Estava em todos os lugares da São Paulo, que se industrializava a partir da década de 1920. Por sua causa, a capital que queria se civilizar tinha um ícone: o baixinho, cabeçudo, careca e míope Juca Pato. O personagem, lançado em 1925, ficou tão famoso que aparecia em marcas de café e cigarros. Não ofuscava, porém, o nome de seu criador. Os dois se tornaram conhecidos, numa época em que celebridades só existiam no cinema, na música e no rádio.
O site Brasileiros relembra aqui momentos do olhar de Belmonte sobre São Paulo, com seus problemas crônicos como falta de água e de saneamento, carestia e falta de sensibilidade do poder público. Os problemas são mais atuais que nunca. Assim como o talento desse paulistano que tanto amou o lugar onde nasceu.
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