A analista financeira Erika Sulivam Gundim, 29 anos, trabalha numa agência de publicidade na Vila Olímpia, bairro empresarial na sul de São Paulo. Sem plano de saúde e indisposta por conta do que imaginava ser uma sinusite, não queria esperar no pronto-socorro de um hospital público ou pagar R$ 320 por uma consulta particular em hospital da região. Decidiu então experimentar um serviço novo na vizinhança, o Dr. Agora, uma das novas clínicas expressas que funcionam em São Paulo.
Erika passou por uma triagem com uma técnica em enfermagem e em seguida foi ver o médico. Ele conversou, examinou e em cerca de 15 minutos a paciente saiu do consultório com o diagnóstico de rinite alérgica e a indicação de um medicamento. Pagou com cartão de débito o valor da consulta: R$ 89. “Foi tudo muito rápido e em poucos dias eu estava bem”, conta.
A analista faz parte dos 70% de brasileiros que não têm plano de saúde, segundo pesquisa divulgada em junho pelo IBGE. Entre os que possuem a cobertura de um plano, 87% estão insatisfeitos com os serviços prestados, conforme levantamento realizado pelo Instituto Datafolha. É nesse público sem plano ou descontente que as chamadas “clínicas expressas” estão apostando.
Eu, André Julião, que escrevo esta reportagem, também estou dentro dessas estatísticas e não tenho plano de saúde. Um dia, acordei com uma dor aguda na parte anterior do olho direito e testei o serviço da consulta rápida. Confira aqui a minha experiência com o Dr. 15 minutos. A redação da Saúde!Brasileiros também pediu uma segunda opinião para os problemas que relatei.
Atendimento para os sintomas corriqueiros
O foco da clínica Dr. Agora, são os casos corriqueiros que abarrotam os pronto-socorros: quadros de amigdalite, sinusite, conjuntivite, gripe, diarreia aguda, resfriado, rinite, otite externa ou infecção urinária, entre outros. É a chamada baixa complexidade.
“Uma pesquisa que encomendamos mostrou que 60% dos atendimentos em prontos socorros da rede pública e privada são relativos a essas doenças corriqueiras”, diz Eduardo Correa, diretor clínico do Dr. Agora e, por enquanto, o único médico da única clínica inaugurada pela empresa, que prevê mais cinco até o final do ano. “Qualquer outro problema nós encaminhamos o paciente para algum hospital da região e não cobramos nada por isso.”
Nenhuma das clínicas expressas atende emergências. O coração do negócio da rede pioneira, a Dr. Consulta , em atividade há cinco anos, é o atendimento por especialistas para as classes C e D. Quem liga pela manhã pode conseguir uma consulta para a tarde do mesmo dia para uma das 32 especialidades listadas no site ou realizar exames.
A maioria custa R$ 80 (com direito a retorno), mas o preço pode chegar a R$ 120 dependendo da especialidade ou do bairro. Em caso de exames não realizados na rede, o paciente é encaminhado para um laboratório parceiro que dá descontos. Tem sete unidades e pretende chegar a vinte no final de 2016.
A mesma faixa de preços é praticada pelo Dr. Família, que atende 30 especialidades e oferece diversos exames e até check-up. “Estamos planejando a realização de endoscopia e colonoscopia”, diz a ginecologista e obstetra Regina Grespan, uma das sócias do negócio. Ela diz que a rede está em conversações para abrir franquias em Pernambuco, Bahia, Goiás e Minas Gerais. No site desta rede, é possível conferir os currículos dos médicos.
O perfil dos médicos
Para o médico Oswaldo Yoshimi Tanaka, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, o modelo das consultas expressas vai ao encontro às expectativas da população por atendimento rápido.
O professor enfatiza a necessidade de que a consulta expressa seja a mais completa possível. O médico não pode deixar de medir a pressão, verificar se a pessoa é diabética, auscultar os pulmões e questionar, na suspeita de doenças infecto-contagiosas, se aqueles que convivem com o paciente manifestam sintomas, entre outras perguntas.
Ele alerta ainda para a necessidade de que os médicos das clínicas expressas sejam muito capacitados, especialmente em clínicas onde não são feitos exames, como o Dr. Agora. “É possível fazer um diagnóstico sem realizar exames, mas as doenças de baixa complexidade são as que exigem mais conhecimento”, diz Tanaka.
Face a essas necessidades, qual é o perfil dos médicos das redes expressas? O Dr. Agora, por enquanto, tem apenas seu diretor clínico como médico. Ele promete selecionar novos clínicos gerais e que irá buscá-los nas melhores escolas de medicina País.
Tatiana Hirakawa, diretora médica da Dr. Consulta, diz que a clínica trabalha com médicos jovens iniciando a carreira e com formação humanista. Muitos deles têm vínculos com grandes hospitais da cidade. Para monitorar a qualidade, a rede envia um SMS ao paciente assim que sai da consulta para que atribua uma nota de zero a 10 ao atendimento. “A média está em 9,4”, diz Tatiana. “Quando cai em alguma unidade, procuramos saber o que aconteceu. O acompanhamento é diário”, explica.
Serviço
Dr. Consulta www.drconsulta.com.br/
O que oferece: 32 especialidades e diversos exames
Onde: Metrô Jabaquara , Av. Nove de Julho, Metrô Sacomã, Metrô Tatuapé (SP) e em Santo André, São Bernardo Plaza Shopping e Diadema
Agendamento: Preços: R$ 80 a R$ 120 a consulta (na Unidade Nove de Julho, todas custam R$ 120); exames entre R$ 6 e R$ 75. Exames mais complexos podem ser feitos com desconto em laboratório parceiro. Todos os cartões, não aceita planos.
Dr. Família www.clinicadrfamilia.com.br/
O que oferece: 30 especialidades e exames diversos
Onde: Vila Industrial (zona leste de SP) e em São Bernardo do Campo
Agendamento: Para o mesmo dia se houver vaga
Preços: R$ 80 a 120 a consulta; exames entre R$ 6 e R$ 75. Todos os cartões, não aceita planos.
Dr. Agora www.dragora.com.br/
O que oferece: Consultas, vacinas e testes rápidos
Onde: Uma unidade na Rua Funchal, na Vila Olímpia (SP)
Agendamento: Não é preciso marcar com antecedência. O telefone, porém, está no site
Preços: R$ 89 a consulta. Todos os cartões, não aceita planos de saúde
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