Como os diabéticos irão se beneficiar da computação cognitiva

A American Diabetes Association (ADA) e a empresa de tecnologia da informação IBM acabam de anunciar uma parceria inédita para somar o conhecimento disponível e dados sobre a doença com a computação cognitiva, a ferramenta mais inteligente da atualidade. A notícia foi dada a médicos de todos os cantos do mundo na semana passada, em uma sessão especial do 76º congresso da Associação Americana de Diabetes (ADA),o mais representativo do setor, ocorrido de 10 a 14 de junho em New Orleans, nos Estados Unidos. 

O sistema Watson, da IBM, está recebendo uma quantidade inimaginável de dados sobre saúde. Foto: Ingimage
O sistema Watson, da IBM, está recebendo uma quantidade inimaginável de dados sobre saúde. Foto: Ingimage

As duas organizações pretendem construir uma interface que funcione como um conselheiro para médicos, pacientes e cuidadores ao mesmo tempo em que aprende com as perguntas. O desafio é chegar a soluções, a partir do processamento cognitivo, que permitam otimizar decisões clínicas, de investigação e de estilo de vida, considerando também aspectos que influenciam os resultados de saúde, como os determinantes sociais.

“Por mais de 75 anos, temos promovido uma abordagem baseada em dados para atendimento clínico e tratamento da doença, porque sabemos que isso pode melhorar significativamente a vida das pessoas ao mesmo tempo em que reduz os custos de saúde”, disse Kevin Hagan, CEO da Associação Americana de Diabetes.

“Agora, ao combinar um corpo enorme de informações valiosas da ADA com a capacidades de computação cognitiva do Watson IBM Health, vamos capacitar as pessoas que vivem com diabetes, médicos e pesquisadores com melhores dados e uma melhor visão, que em última análise, podem levar a melhores resultados”, garantiu.

Como parte da colaboração, o Watson será treinado por essa comunidade médica, de pacientes e grupos de apoio e educativos para compreender os dados do diabetes, identificar potenciais fatores de risco e criar recomendações classificadas pelo grau de evidências (dados obtidos por estudos feitos com critérios científicos rigorosos) para formular decisões de saúde. Para tanto, o sistema irá gerir mais de 66 anos de dados reunidos pelo ADA.  

Além de aprender com perguntas e respostas formuladas em linguagem natural por médicos, pacientes e ativistas, o Watson tem a capacidade de processar essa comunicação e selecionar as melhores respostas considerando aspectos da personalidade do paciente. Isso será útil, no caso da diabetes, para adequar as abordagens da gestão de cuidados com o intuito de melhorar a adesão.

Os provedores de saúde poderão ainda identificar e tratar os fatores de risco potenciais para os seus pacientes, comparando-os com populações com características semelhantes. Para os cientistas, a ADA e a IBM Watson Saúde planejam criar um serviço de dados e insights baseado em nuvem para mapear, potencialmente, as próximas fronteiras a serem exploradas com o intuito de fazer descobertas terapêuticas. A expectativa é de que essa ferramenta estimule avanços significativos em áreas prementes de pesquisa.

Desafio em inovação

Para envolver os desenvolvedores, a parceria ADA-IBM Waton está criando um desafio-inovação. Eles estão sendo convidados a propor aplicativos cognitivos que aproveitem o manancial de dados da ADA e as percepções Watson. O objetivo é fazer dar um passo adiante no o uso da tecnologia para promover a saúde e, em última análise, a melhorar a vida de quem convive com a diabetes ou pré-diabetes. O desafio será aberto para inscrições durante o verão americano (que corresponde ao inverno brasileiro). 

“À medida que a ciência avança, o big data apresenta uma tremenda oportunidade no tratamento do diabetes e prevenção. Mas os pacientes, cuidadores e profissionais de saúde precisam ter acesso a ferramentas cognitivas que possam ajudá-los a traduzir esses dados em ação, e Watson pode oferecer acesso a essa oportunidade”, disse Kyu Rhee, CEO do IBM Watson Health. 


O que é computação cognitiva?

O termo cunhado pela IBM descreve uma nova era computacional em que os sistemas interagem de forma mais integrada com os seres humanos por meio da compreensão de linguagem natural, capacidade de aprendizagem e de identificação de padrões ou insights, que se assemelha ao raciocínio humano. Essas características diferenciam a computação cognitiva do termo analytics, que de forma geral se refere a aplicações que usam técnicas descritivas e modelos preditivos, para extrair conhecimento de grandes massas de dados

O Watson é o primeiro sistema de computação cognitiva comercialmente disponível e se apoia no conceito de inteligência artificial e aprendizagem de máquinas. “Ele aprende continuamente, ganhando em valor e conhecimento ao longo do tempo, a partir de interações anteriores”, descreveu o especialista Fabio Scopeta Rodrigues, líder de IBM Watson Health no Brasil e América Latina. Scopeta falou a jornalistas durante uma apresentação do sistema na sede da empresa, na Vila Mariana, em São Paulo.

Além da diabetes, nos Estados Unidos o Watson está passando por uma capacitação intensiva nos principais centros de oncologia, como a Universidade John´s Hopkins. No Brasil, a força de vendas da IBM começa a oferecer a hospitais e instituições para capacitá-lo na área de cardiologia.   

(*) A repórter viajou a New Orleans para acompanhar o 76º Congresso da Associação Americana de Diabetes a convite da empresa Novo Nordisk


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