O programa Saúde da Família (PSF) foi capaz de reduzir a ocorrência de infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVC) em 645 municípios paulistas. A afirmação está baseada em um levantamento realizado pela mestranda Denise Cavalcante, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), campus de Piracicaba.
O PSF foi criado para atender os princípios do SUS e implementar ações de atenção básica à saúde. O programa cria uma rotina de visitação em que agentes comunitários e profissionais de diversas especialidades vão à casa dos moradores, estimulando a formação de vínculos com as equipes que atuam na promoção da saúde na região.
O levantamento de dados sobre o impacto do PSF foi realizado pela cirurgiã-dentista Denise Cavalcante dentro do Programa de Mestrado Profissional em Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Piracicaba e teve duração de 15 meses. As informações utilizadas para análise foram obtidas junto ao Sistema de Informação Nacional (Datasus), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). Segundo o trabalho, quanto mais ampla a cobertura de assistência oferecida pelo PSF, mais baixos foram os indicadores de AVC e infarto.
O trabalho mostrou que, em um período de 15 anos, a média de AVCs chegou a 11 registros a cada 10 mil habitantes em 2004. No entanto, em 2013, o índice baixou para seis casos a cada 10 mil habitantes. Em relação aos infartos, a ocorrência caiu de uma média de 26,9 casos a cada 10 mil habitantes para 11,7 casos, uma queda de 56,5%.
De acordo com a pesquisadora, um dos fatores que contribuiu para a redução foram as visitas de equipes multiprofissionais.Além de ter acesso à consulta médica, o paciente tem atenção de diferentes profissionais, como agente comunitário de saúde, enfermeiro, equipe técnica auxiliar e equipe de saúde bucal.
Os indicadores revelados pelo levantamento sinalizam a importância da manutenção do programa e a necessidade de investimento na atenção básica, tanto na infraestrutura como na qualificação dos profissionais. “A sociedade precisa entender minimamente este processo e cobrar seus direitos constitucionais”, disse a pesquisadora.
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