A culpa é da contemporaneidade

SARA RAMO
Imagem de processo da artista Sara Ramo na fábrica de brinquedos Mamoan em Belo Horizonte.

Estamos vivenciando novas formas de experiências artísticas. Os tais 15 minutos de fama apregoados por Andy Warhol hoje podem ser reduzidos a três, tempo suficiente para o estrelado chef de cozinha Alex Atala degolar uma galinha desesperada, diante de uma plateia atônita, e deixar suas mãos banharem-se de sangue durante uma “performance” culinária na Dinamarca. As fotos publicadas pelos jornais amplificaram o conceito do crítico inglês Herbert Read, de que a arte é o campo do conhecimento onde sentimentos e emoções são configurados, manipulados, gravados, perpetuados por qualquer pessoa, mesmo que sua ação seja de mau gosto. Afinal, ainda lembrando Read, todo indivíduo tem o potencial de explorar outras fronteiras, mas no caso do cozinheiro ele foi muito além das estabelecidas como paradigma no mundo da cozinha.

Estamos em um ano de grandes e diversificadas manifestações, como a Bienal de Curitiba e a do Mercosul, que exploram uma mina inexaurível de linguagens e tecem novas indagações ao circuito. Na Bienal do Mercosul, capitaneada pela mexicana Sofía Hernández Chong Cuy, há uma sucessão de surpresas, enquanto a de Curitiba, regida por José Teixeira Coelho e Ticio Escobar e mais um pool de jovens curadores, quebra a regra de temas e conceitos. Da tradicional mostra Os Renascentistas à escrachada coletiva Em Terra de Cego quem é Semiótico é Rei, o circuito de arte respira uma complexidade de estratégias que se integram com as feiras Frieze de Londres, a ArteRio, SP-Arte/Foto e inúmeras outras exposições que nos tiram o fôlego.

Para a ARTE!Brasileiros, este é mais um ano de conquistas que deixam clara nossa vocação para construir pontes entre diversos protagonistas e instituições envolvidas com a arte. Além de estar cada vez mais presente no âmbito nacional e internacional, a revista realiza o seu 2º Seminário Internacional de Arte, com o tema Quem é Quem na Arte Contemporânea e traz ao Brasil, com a colaboração do Latitude – Platform for Brazilian Art Galleries Abroad, nomes-chave do circuito(*).

Parafraseando Paul Klee, a não segregação do pensamento parece tornar-se imprescindível e desejável em um universo que assume cada vez mais características holísticas.

Boa leitura! 

(*) Você poderá assistir à íntegra das palestras no canal
www.seminariosbrasileiros.com.br, depois do dia 10 de setembro.

 


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