Se foi a fotografia que, um dia, libertou a pintura do peso imperioso da descrição e da figuração, houve um posterior momento em que a própria fotografia, enveredando pela trilha das artes plásticas, descortinou um horizonte muito além da mera ilustração. Cabe a Man Ray, parceiro de Marcel Duchamp, aquele que foi talvez o primeiro insight, mas houve outros fotógrafos, muitos deles, aninhados nessa mesma revoada criativa.
Pouco teria avançado, porém, a expressão artística da fotografia se não fosse o progresso simultâneo da tecnologia óptica. Nisso, o nome Leica (combinação de Leitz Camera) traz consigo, desde 1912, o carisma de uma revolução – ou de várias. É obra de seu fundador, Oskar Barnack, a primeira câmera de 35 mm do mundo, desenvolvida a partir do pioneiro modelo Ur-Leica. Mais leve, de manuseio fácil, Leica virou uma espécie de sobrenome dos clássicos das lentes, como Henri Cartier-Bresson, Robert Capa, o alemão Otto Steinert (que cunhou o termo “fotografia subjetiva”), o veneziano Fulvio Roiter, a suíça-francesa Sabine Weiss, o prussiano naturalizado americano Alfred Eisenstaedt (aquele de O Beijo).
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Já que a fotografia frequenta hoje galerias e museus (a própria Leica espalhou-se por sete galerias mundo afora), dá para chamar de tesouro museológico o acervo recolhido, ao longo de mais de 60 anos, pela Leica-Fotografie International – precursora dessas revistas custom-made de hoje em dia. Por suas páginas, em meio a anúncios que gritam sua data e a tipografia que denuncia cada época, tem desfilado, em preto & branco e em cores, o talento sem fronteiras dos “Meister der Leica” e dos aprendizes que viram mestres, a exemplo do checo Jan Reich, desde 1968 exilado em Paris, do alemão Horst A. Friedrichs e do japonês Shingo Wakagi. Desfrutem desta festa para os olhos.
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