O acervo do Museu de Arte Sacra de São Paulo é composto por 18 mil peças que datam do século XIX até os dias de hoje – com a exceção de um tetradracma do século VI a. C. e das obras de idade desconhecida. São trabalhos em barro, madeira, mármore, marfim, prata, ouro e até papel que requerem os mais diversos cuidados. Uma equipe treinada no próprio museu é responsável pela manutenção dos objetos de arte às segundas-feiras.
“Nosso objetivo é a conservação e a higienização” explica a diretora técnica do museu, Maria Inês Coutinho, “quanto menos intervirmos, mais a peça dura”. A limpeza dos objetos em prata, por exemplo, é adiada o máximo possível já que cada vez que a peça é polida ela perde camadas do material e, por isso, escurece. Já as obras com policromia (técnica de revestimento responsável pela cor e brilho nas esculturas barrocas) são hidratadas regularmente.
Durante a visita, uma imagem de Nossa Senhora com menino Jesus sem cabeça chama atenção. A política adotada pelo Museu de Arte Sacra nesses casos é de não mascarar a realidade. Ou seja, a cabeça se perdeu ao longo do tempo e não será substituída. Coutinho lembra o caso da Venus de Milo que foi conhecida desde a antiguidade sem os braços. “Não sabemos como seriam esses braços. Nós não mutilamos a peça, apenas evitamos que ela quebre mais”.
Mesmo tão delicadas, as imagens em exposição ficam ao alcance do público. Apenas os objetos menores estão protegidos atrás de vitrines. “Claro, é tudo vigiado por câmeras de segurança e se houver qualquer ocorrência, a peça será recolhida”, comenta Coutinho. Por conta do espaço limitado, as obras são expostas através de um esquema de rotatividade: apenas 20% do acervo a cada vez, o resto fica na reserva técnica em salas com temperatura e humidade controladas. A diretora técnica lembra que algumas obras, em especial a Nossa Senhora das Dores, de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, sempre estão expostas, por serem obras chaves na vida do museu.
Atualmente, a preocupação do Museu de Arte Sacra é o campo das pesquisas, tendo em mente os visitantes que querem conhecer melhor a arte religiosa. Cada exposição temporária é acompanhada de documentos que apresentam o contexto histórico e social das obras e reforçam sua relevância. “Não recebemos tantos visitantes quanto o Museu do Futebol, mas temos um público fiel de estudiosos de história da arte e escolas. É com eles que nos preocupamos” conta.
A instituição exibe, até 14 de setembro, a mostra Ad Maiorem Dei Gloriam que homenageia os 200 anos da Companhia de Jesus. E em 19 de setembro, entra em cartaz Brecheret e sua Visão do Sagrado, que reúne 35 esculturas, 4 desenhos e 4 fotografias para discutir a importância do escultor ítalo-brasileiro na arte sacra do século XX.
Serviço
Museu de Arte Sacra de São Paulo
Av. Tiradentes, 676 – Luz, São Paulo
Mais informações: www.museuartesacra.org.br
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