Mantendo a mesma equipe desde a primeira edição, formada por ela, seu irmão Felipe, produtor geral, e um time de jovens, Ana Heloisa Santiago, Érica Rufino e Pedro Vieira, todos ainda estudantes da Faculdade de Arquitetura da USP (FAU), que formam uma equipe muito segura do que faz. “Todos aprendemos juntos como trabalhar este negócio. Não existia esse tipo de evento no Brasil e até nossa assessoria de imprensa nunca tinha trabalhado em eventos como este.” Ao não contratar estrelas do mercado de arte, Fernanda tomou uma decisão corajosa, mas que acabou dando certo. Quem acompanhou as anteriores pode perceber o quanto a feira se profissionalizou. “Este ano, tínhamos a possibilidade de mais do que dobrar a feira, mas decidimos ficar com 80 galerias, 13 novas em relação ao ano passado, sendo cinco delas estrangeiras. A intenção é ter um crescimento lento, porém constante.”
Fernanda não aumentou o número de expositores, e sim o espaço expositivo. “Onde no passado tínhamos cinco galerias, agora colocamos quatro. Com isso conseguimos dar maior visibilidade às obras e criar um espaço de convivência maior para o público.” Enfim, com essa estratégia Fernanda deu maior qualidade ao evento como um todo, assim como ela queria. Para Fernanda o que norteia a Feira não é ter um grande número de galerias, mas sim ter as melhores galerias possíveis.
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“Estou em processo de contato com galerias internacionais, conhecendo e me fazendo conhecer. Recebemos este ano uma galeria muito importante, a inglesa Stephen Friedman, galeria que frequenta os principais circuitos de arte e que vem para testar nosso mercado.” Bastante satisfeita, confirma que muitas outras estão vindo para visitar e conhecer a feira, quem sabe já se preparando para uma futura participação. Fernanda diz que não convida galerias, convida diretores de museus, curadores, críticos de arte, jornalistas, colecionadores, e com eles faz um programa de visitas a museus e coleções particulares importantes, apresentando-os à arte contemporânea brasileira.
A alta tributação sobre a obra de arte é um dos impasses para a realização de qualquer evento do gênero e a SP-Arte não foge à regra. “Em razão de termos no Brasil uma alta tributação que incide sobre obras importadas, os galeristas que vêm são afetados. Isso significa criar uma barreira alfandegária, limitando enormemente a capacidade do Brasil de competir nesse cenário de feiras de arte internacionais.” Quando Fernanda diz competir, fala no sentido de atrair público e participantes. “Isso acaba causando um efeito muito nefasto, em que o prejudicado é o brasileiro comum que viaja para as feiras. Não é todo mundo que faz viagens culturais para visitar museus, bienais e feiras internacionais de arte. É uma pequeníssima parcela que vê obras contemporâneas importantes.” Para reforçar, cita a edição do ano passado, que recebeu um público de 13.000 pessoas, e onde somente mil compraram. Fernanda diz que as demais foram passear, conhecer, aprender, mostrar aos filhos, comprar um livro na editora. “Muitos vieram participar da vida cultural do país como cidadãos.”
O raciocínio de Fernanda é que como menos de 10% do público vêm para comprar, e se a obra tem mais ou menos tributação, isso é irrelevante para a economia local mas não é irrelevante para a formação cultural e educativa do País. “É importante ter a presença de expositores internacionais, eles podem mostrar ao colecionador brasileiro e ao público, por exemplo, um artista que esteve na bienal de Veneza ou aquele que ganhou prêmios internacionais.” Fernanda lembra que tudo isso é muito importante para o País e acredita que o ministério da Cultura esteja atento a esses fatos e preocupado em entender como funciona o mercado de arte, quais os entraves para seu crescimento. “Feira de arte é uma economia representativa. Acho importante o Brasil abraçar essa causa. A mídia, o ministério, as secretarias de cultura, de turismo devem lutar para ter em São Paulo uma grande feira internacional de arte.” Fernanda tem razão nessa defesa que atinge todas nossas bienais e as grandes exposições que se tenta fazer neste País, e concordo com ela, quando diz que devemos passar para o mercado internacional, porque o Brasil é um país que acompanha o contemporâneo, que está inserido no mercado globalizado.
Quando se trata de algumas conjunções políticas, entretanto, ela tem posição questionável. “Não sou fã dessa história de BRICs. Não temos nada a ver com a China, nada a ver com a Rússia. A feira vai muito bem sem eles.” Fernanda se refere ao leilão organizado na Inglaterra com obras dos países citados acima. “A feira vai muito bem em função do mercado. Gosto de ressaltar que o mercado brasileiro é muito vigoroso e que existe independentemente de alguém fazer um leilão do Brasil lá fora.” Sem querer criar rivalidades Fernanda termina afirmando que a SP-Arte já superou a ArteBA, da Argentina, a ZonaMaco do México e logo vai superar a Arte Basel de Miami. Eu não duvido! L.A.
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