A pintura alegórica de Glauco Rodrigues

Um virtuose das artes gráficas? É sim. E é unanimidade. Glauco Rodrigues, grande pintor contemporâneo brasileiro, foi um pioneiro na área. Guiado por ideais socialistas, ele defendeu como pôde o emprego da reprodução para democratizar a arte. É o universo desse gaúcho polivalente que a Caixa Cultural apresenta até 21 de agosto, em exposição que já esteve em cartaz no Rio de Janeiro e segue, depois, para Curitiba.

Com curadoria do dramaturgo Antonio Cava, O Universo Gráfico de Glauco Rodrigues ilustra toda a carreira do artista, com 41 serigrafias, 33 litografias, cinco linoleogravuras, três desenhos, 29 capas de revistas, seis de discos e seis de livros. O acervo está disposto em blocos cronológicos, que abrangem desde o início de suas atividades, nos anos 1950, em Bagé, onde nasceu (1929-2004), até sua fase carioca, onde também viveu, além de Porto Alegre. Reconhecido ainda como mestre do desenho, ilustrador e cenógrafo, antes de se instalar no Rio de Janeiro – tema de um de seus mais importantes conjuntos de litografias, o Guia Turístico e Histórico do Rio de Janeiro –, Glauco fundou o Clube de Gravura de Bagé e de Porto Alegre. Foi nessas associações pioneiras em seus propósitos que ele aprimorou a capacidade de desenhar, com trabalhos focados na representação do homem do campo e seus costumes regionais.
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Em fins dos anos 1950, suas pinturas já apresentavam sinais de abstração. É quando ele se muda para o Rio e agarra outra vertente do fazer artístico, a ilustração – talento que desenvolveu ao lado de outros mestres, como Carlos Scliar e Jaguar, em órgãos de imprensa, caso da revista Senhor. Já abstracionista por inteiro, suas telas circulam o mundo em exposições individuais até chegar a Bienal de Veneza em 1964, integrando a delegação brasileira ao lado de Tarsila do Amaral, Volpi e Krajcberg. Logo mais, surpreendentemente, outra virada e ele volta ao figurativo, contudo, dispensando a observação direta da realidade. As telas brotam carnavalescas, misturando imagens e fantasias, presente e passado, numa espécie de delírio crítico. Porque sua obra, a despeito das diferentes técnicas, das múltiplas “fases” – que passaram pela nova figuração e pela tropicalista, entre outras -, teve sempre um elo constante: o conteúdo político, como revela a exposição em cartaz.


Caixa Cultural
Avenida Paulista, 2083
Até 21 de agosto
De terça a sábado, das 9 às 21h;
domingos e feriados, das 10 às 21h



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