A presença de artistas alemães no Brasil

O primeiro alemão a por os pés no Brasil não foi um artista, mas um marinheiro,Meister Johann, que tinha a função de “náutico” na caravela de Pedro Álvares Cabral.

Em 1548 outro compatriota, o mercenário Hans Staden, aqui aportou por duas vezes, primeiramente em Pernambuco e depois em São Vicente e Bertioga onde preso foi ameaçado de morte e de ser devorado, pelos índios tupinambás que praticavam a antropofagia. Hans Staden registrou seus relatos no primeiro livro em alemão editado sobre o Brasil.
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Mas a maior presença de artistas alemães no século XIX, antes da onde migratória para o nosso país, foi a dos artistas viajantes que participaram das diferentes expedições estético-científicas que visitaram o Brasil. Deles são os primeiros registros preciosos da nossa paisagem e costumes, presentes nas obras de Rugendas, Hagedorn, George Grimm, Hilderbrandt, Schute entre outros e que podemos admirar nos acervos da Pinacoteca de São Paulo, Museu de Belas Artes e Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, assim como em coleções particulares, nestas duas cidades.

No que se refere ao patrimônio arquitetônico e imaterial (festas populares, manifestações religiosas, música, culinária, folclore e artesanato) a presença dos alemães em solo brasileiro teve inicio nas ultimas décadas do Século XIX e início do XX com a grande onde migratória que povoou os estados do sul, deixando suas marcas nas construções e no cotidiano do Vale dos Sinos, em Santa Catarina e também no Paraná. Anualmente podemos participar das manifestações artísticas que ali ocorrem em datas especiais, como a Oktoberfest e Natal, durante as quais os testemunhos da tradição alemã marcam as festividades.

Quanto às contribuições artísticas – moderna e contemporânea – salientamos a produção dos alemães que estiveram presentes nas primeiras Bienais de São Paulo. Algumas obras encontram-se hoje no Museu de Arte Contemporânea MAC/USP, ali reunidas a partir da transferência em 1963 por Ciccilo Matarazzo fundador da Bienal, do acervo anteriormente pertencente ao Museu de Arte Moderna de São Paulo, também por ele criado.

Assim, passaram a fazer parte da coleção MAC/USP, entre outros trabalhos as dos alemães: Kathe Kollwitz (1867/1945)Autorretrato– litografia sobre papel, 1919; Friederich Gildewart (1899-1962) Composição n°99-óleo sobre tela, 1925; George Grosz (1893/1959) A Bestialidade Avança – aquarela sobre papel, 1933; Marx Ernst (1891/1976) Quadro para Jovem – óleo sobre tela, 1943; Kurt Switters (1887/1948) Duke Size – colagem, 1946; Willi Baumesteir (1889/1955) Gesto Cósmico – óleo sobre prancha de fibra, 1950; FritzWinter (1905/1976) Preto Independente-óleo sobre tela,1954; Julius Bessie (1893/1965) 22-XII-59- têmpera sobre tela, 1959;Karl Schmidt – Rottluff ( 1884/1976) Autorretrato -xilografia sobre papel,1963; Hans Hartung (1961/1964) Sem Titulo – óleo sobre tela, 1967; Joseph Albers (1988/1975) Homenagem ao Quadrado – óleo sobre tela, 1967.

Esta primeira coletânea reunida permite uma visão da arte alemã, partir da década de 20 até o final dos anos 60 do século passado.

Após 1963 o MAC tem recebido inúmeras doações de outros colecionadores, (como Theo Spanudis) e também de diversos artistas (como Alice Brill de origem alemã, mas com residência no Brasil ou Alex Fleming – brasileiro com residência na Alemanha) que ofereceram obras para serem incorporadas ao acervo do museu. Assim, trabalhos mais contemporâneos em conjunto com os transferidos do MAM por Ciccilo Matarazzo, constituem hoje, uma significativa representação da Arte de Alemães no Brasil.


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