Ano de mudanças marcam comando de grandes instituições das artes visuais do eixo RJ-SP

Não foi somente no âmbito esportivo, com a Copa do Mundo, e na esfera política, com as Eleições presidenciais, que o ano de 2014 foi agitado. No que tange ao cenário artístico brasileiro, o ano também foi bastante movimentado e o comando de algumas instituições renomadas foram trocados — tanto na cidade de São Paulo como no Rio de Janeiro.

Na capital paulista, a diretoria executiva do MASP (Museu de Arte de São Paulo) tem um novo presidente. Em meados de setembro último, a colecionadora Beatriz Pimenta Camargo, que estava no cargo desde 2012 e foi a primeira mulher a assumir o museu, deu lugar a Heitor Martins. Formado em Administração Pública pela FGV, ele foi presidente da Fundação Bienal (2009 – 2013) e é sócio-diretor da consultoria McKinsey & Company.

Martins chega ao MASP no momento em que a instituição enfrenta uma grave crise financeira – a dívida do museu chega a R$ 12 milhões. Com o perfil de gestor administrativo, o novo presidente foi decisivo para revigorar a Fundação da Bienal.

Na Pinacoteca, a troca de comando foi definida para o início de 2015. O curador e historiador da arte Ivo Mesquita, que há 12 anos colabora com a instituição, deixa o cargo de diretor técnico em fevereiro de 2015. Após dois anos na função, Ivo cede espaço para Domingos Tadeu Chiarelli. Apesar das especulações sobre supostos desentendimentos entre Mesquita e o conselho administrativo do museu, envolvendo questões orçamentárias e até pessoais, nada foi confirmado e a nota oficial afirma que a saída do profissional foi motivada pela intenção de Mesquita em tocar projetos pessoais.

Chiarelli é ex-diretor do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, onde também foi curador chefe. Entre 1996 e 2000, também foi curador chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Em 2010, comandou a transferência para a nova sede, o antigo prédio do Detran, no Ibirapuera, reforma que custou 76 milhões de reais.

Já no Rio de Janeiro, Evangelina Seiler não é mais a diretora da Casa França-Brasil. Pablo León de La Barra, curador e pesquisador independente, foi eleito diretor da instituição pelo conselho da Oca Lage – que coordena o Museu. De La Barra é o curador de arte latino-americana do Guggenheim Museu (Nova York), um dos fundadores do coletivo 24-7 (2002 – 2005) e foi diretor artístico da galeria Blow de la Barra (Londres) de 2005 até 2008. Além disso, é um dos fundadores da White Cubicle Gallery, em Londres, onde se envolveu de 2005 a 2012. O novo diretor do Museu carioca ainda colaborou com a 27ª edição da Revista ARTE!Brasileiros com um artigo sobre a 31ª Bienal de São Paulo, leia aqui.

A Casa Brasil França faz parte de uma Organização Social (OS), que corresponde a uma entidade privada sem fins lucrativos. A OS é presidida por Márcio Botner, um dos fundadores da galeria A Gentil Carioca e ex-aluno da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, que faz parte dessa mesma OS.

A EAV do Parque Lage teve Claudia Saldanha como diretora por seis anos. A carioca cursou Educação Artística na PUC-RJ, foi para a área da educação e lecionou em algumas instituições. Em seu lugar, entra Lisette Lagnado, crítica de arte, curadora e jornalista. Nascida em Kinshasha, Congo, Lisette veio com a família para São Paulo aos 14 anos. Em 2006, ela foi curadora-geral da 27ª Bienal de São Paulo.