Para Anthony McCall o que vale é a percepção sensorial. Tem sido assim desde o início de sua carreira, ainda na Inglaterra, onde ele começou suas experimentações artísticas com performances e filmes. Pois foi por meio dessas incursões que este artista britânico encantou-se com as qualidades escultóricas da luz. Daí a convertê-las em elemento principal de sua obra foi radical. Já morando em Nova York, estimulado pelo fervor dos anos 1970, McCall desenvolveu a Solid Ligth Film Series, em que a criação inaugural Line Describing a Cone tornou-se seu mais célebre trabalho. E é toda a carreira do ícone de uma geração que a Galeria Luciana Brito traz pela primeira vez ao Brasil, com um diferencial: seu cone luminoso, apresentado com projetor 16mm, também será exibido em versão digital – até agora vista somente na Tate Modern de Londres. Segundo o próprio artista, graças à nova tecnologia, uma obra mais pura e próxima da concepção original.
Basicamente, seus trabalhos são simples projeções de luz em formas geométricas estruturadas. No entanto, demandam rigor; desde cálculos matemáticos até profissionais do ramo da informática. Ele já disse que trabalha com os mesmos princípios formais que caracterizam Line Describing a Cone, portanto segue dentro da série Solid Ligth Film. No entanto, antes concebia exclusivamente circunscrito ao registro da estética, e hoje se interessa particularmente pela interação entre obra e seus observadores. Além disso, trabalhos recentes como Meeting You Halfway II, outro da série e em cartaz na Luciana Brito, denotam a complexidade que não seria possível sem as modernas tecnologias digitais. Em 2009, por exemplo, McCall ganhou a London 2012 Cultural Olympiad (um dos eventos de celebração em torno dos Jogos Olímpicos de Londres no ano que vem), ao exibir uma obra que consistia em uma enorme coluna luminosa, visível a 100 quilômetros de distância. A criação foi considerada outro feito notável de um artista emblemático para toda uma geração que trabalhou com filmes e instalações.
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Como se trata de uma retrospectiva, além de obras históricas e recentes, a mostra também apresentará estudos que revelam os processos de criação do artista. Serão dois conjuntos de footprints, somando 15 registros relacionados às duas obras em cartaz, além de uma coleção de notebooks. Também ficam em exposição os registros da performance de abertura, Five Minute Drawing, assim como um vídeo da mesma performance, exibida em outra ocasião. Somados a isso, estão três filmes em 16mm de performances do início de sua carreira, entre elas Landscape for Fire, desenvolvida a partir de uma ação com fogo que McCall levou a cabo no interior de sua terra natal, no começo dos anos 1970. Acompanha a mostra um catálogo bilíngue, de 130 páginas, com mais de cem imagens, entrevistas com o artista e trechos de textos sobre sua obra – todo este material inédito em português até hoje. Uma oportunidade de conhecer os momentos mais significativos da carreira de um artista que integra coleções de instituições do mundo todo, a exemplo do Centre Pompidou, de Paris; do Museum of Modern Art, de Nova York; e da Bienal de Veneza, entre várias outras instituições norteamericanas e europeias.
Itaú Cultural
Luciana Brito Galeria
Rua Gomes de Carvalho, 842
De 10 de maio até 18 de junho
De terça a sábado, das 10 às 19h
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