Antonio Manuel: é tanta coisa que não cabe aqui


Obra "Repressão Outra Vez-Eis oSsaldo", de Antonio Manuel. Registro da montagem da mostra 30 x Bienal no Pavilhão Bienal , São Paulo (16.09.2013)
Obra “Repressão Outra Vez-Eis oSsaldo”, de Antonio Manuel. Registro da montagem da mostra 30 x Bienal no Pavilhão Bienal , São Paulo (16.09.2013)


Com um título sugestivo, a presença de Antonio Manuel no Pavilhão do Brasil na próxima Bienal de Veneza é uma homenagem correta a um dos mais inovadores, criativos e irreverentes artistas de sua geração.

O artista português, radicado na Brasil desde os seis anos, causou furor em 1970, no 19º Salão Nacional de Arte Moderna, quando inscreveu o trabalho O Corpo é a Obra, que acabou recusado pelo júri. Em protesto, Antonio Manuel desceu nu as escadas do MAM do Rio de Janeiro, numa abordagem audaz em meio ao momento político social delicado e perigoso com o auge da ditadura militar.

Tantos anos depois, o curador do pavilhão brasileiro Luiz Camillo Osorio e o curador assistente Cauê Alves vão expor a obra poética posterior de Antonio Manuel também por sua densidade e pela incitação visual, repleta de complexidade entre as relações espaciais, com a dialética do dentro/fora e do presente/ausente.

Obra "corpobra", de Antonio Manuel.  Registro das obras da mostra 30 x Bienal no Pavilhão Bienal. .São Paulo, (01.10.2013)/© Leo Eloy / Fundação Bienal de São Paulo
Obra “corpobra”, de Antonio Manuel. Registro das obras da mostra 30 x Bienal no Pavilhão Bienal. .São Paulo, (01.10.2013)/© Leo Eloy / Fundação Bienal de São Paulo

Suas exposições trazem a emergência de um gesto flutuante e lúdico. Em todas suas fases a paixão de interpretar se concentra numa franja incerta que oscila entre a colagem e o desenho de jornais que parecem desintegrar-se deixando zonas incompletas.

Suas instalações propõem uma visão de um desdobrar-se em um outro eu, ou simplesmente em um outro. O artista realizou vários curta-metragens, como Loucura & Cultura (1973) e Arte Hoje (1976) e, desde a década de 1980 dedicou-se também à pintura em acrílico, muitas telas foram realizadas dentro de um geometrismo abstrato bem pessoal. 

Soy Loco Por Ti, 1969, madeira, tecido , plástico, palha e corda 220 x 163 x 210 cm
Soy Loco Por Ti, 1969, madeira, tecido , plástico, palha e corda 220 x 163 x 210 cm

 


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