Em Madri, galeristas brasileiros iniciaram com otimismo sua participação na 36a. edição da ARCOmadrid, aberta oficialmente nesta quinta (23). Ontem, dia fechado para colecionadores e profissionais, Casa Triangulo, Vermelho, Jaqueline Martins e Luciana Brito, quatro das 13 galerias brasileiras que participam da feira de arte, já tinham fechado vendas de obras, como um livro de Augusto de Campos para um colecionador argentino, na Luciana Brito.
O número é expressivo, mas bem abaixo do recorde de 2008, ano do Brasil na feira, quando 32 galerias nacionais aqui estiveram. Mesmo assim, o País é o terceiro em quantidade, atrás apenas da Espanha e Alemanha, empatado com França e Portugal. No total, a feira reúne 200 galerias de 27 países.
Agora em 2017, aliás, o país convidado é a Argentina, que comparece com 13 galerias, todas de Buenos Aires. Madri recebe ainda uma série de mostras paralelas na cidade dedicadas à arte argentina, como a retrospectiva de Jorge Macchi, organizada pelo Malba, no Centro de Arte Dos de Mayo, de Nicolás Robbio, na Casa Encendida, e da inserção de quatro artistas na coleção permanente do Museu Thyssen-Bornemisza, entre outras.
“Nos últimos três anos, a feira tem voltado a ocupar um papel de destaque, e isso tem muito a ver com o trabalho de seu diretor, Carlos Urroz”, diz a galerista Luciana Brito. Esse ressurgimento da feira tem também relação direta com o reaquecimento da economia espanhola e a presença significativa de colecionadores latino-americanos.
Em 2011, por conta da crise econômica da Espanha, o diretor do Museu Reina Sofia, Manuel Borja-Villel, chegou a publicar um artigo no qual afirmava que a ARCO tinha sua última chance de existência.
A vitalidade da abertura de ontem, com a presença de colecionadores como Patricia Cisneros e Eduardo Costantini nos eventos da feira, ou mesmo curadores como Catherine David, Nicolas Bourriaud e o arquiteto Normam Foster, apontam que ARCO reconquistou seu posto.
“Uma marca importante dessa feira é a presença de curadores e diretores de museus. Muitas vezes isso pode não representar vendas, mas inserções em mostras, o que é super importante”, diz Ricardo Trevisan, da Casa Triângulo. Neste ano, foram convidados para vir a Madri 250 colecionadores de 44 países e 150 diretores de museu e curadores.
“Essa feira se diferencia das outras em duas frentes: a conexão com a arte latino-americana e a possibilidade de descobrimento de novos talentos”, conta seu diretor. Para apresentar essa produção recente, a feira conta com uma sessão especial, denominada Opening, com seleção feita pelo espanhol Juan Canela e a alemã Stefanie Hessler, a partir de galerias com não mais que sete anos e que apresentam na ARCO apenas dois artistas. Do Brasil, a convidada é a Cavalo, representando os artistas Pedro Caetano e Felipe Cohen.
Urroz acredita ainda que a presença significativa de galerias brasileiras tenha relação direta com as atuais dificuldades internas do país: “Quando a Espanha esteve em sua fase mais aguda, após o ciclo emergente de 2000 e a crise de 2008, as galerias espanholas foram em busca do mercado global, internacionalizando-se de forma muito forte, e esse é o impulso das galerias brasileiras.”
Fabio Cypriano viajou a convite da organização da ARCOmadrid
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